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Rio Grande do Sul | Pela reestatização da CEEE sob controle dos trabalhadores e usuários

Após o temporal fruto de mais um fenômeno climático extremo atingir o Rio Grande do Sul na noite da última terça-feira (16), milhões ficaram sem luz no Estado e posteriormente diversos bairros da região metropolitana de Porto Alegre ficaram sem abastecimento de água, causando uma situação de calamidade na cidade, situação que se estende até o momento com previsão oficial de normalização somente para daqui a vários dias.

quinta-feira 18 de janeiro | Edição do dia

Enquanto milhões ficam sem luz no Estado e milhares sem nem água na cidade, muitos estão sofrendo descontos pelos dias de trabalho perdidos devido às consequências do trabalho precário imposto pela reforma trabalhista, isso sem falar na comida estragando na geladeira e no caos de centenas que perderam tudo que tinham durante o temporal.

Os empresários da Equatorial, responsáveis por essa situação, compraram do Governo Leite a CEEE-D, o setor estratégico de distribuição de energia que abrange a capital Porto Alegre e outros 71 municípios por literalmente 100 mil reais, o equivalente a um carro popular zero hoje em dia. Essa mesma empresa lucrou só no segundo trimestre do ano passado R$ 227 milhões às custas de centenas de demissões de trabalhadores e uma brutal precarização do serviço que hoje se expressa na falta de luz e na tarifa mais cara.

A situação de calamidade que hoje se encontra o estado do RS é fruto direto da privatização da CEEE, aprovada com o voto de Sebastião Melo quando era deputado estadual. Depois de ter comemorado entusiasticamente a privatização da estatal, vendido metade da cidade à Melnick, São João e Zaffari, Melo fica no vácuo esperando a CEEE Equatorial atender seu telefonema, chegando à cena patética de implorar contato via twitter ou então pedir doação de motosserras à população. Mas para não deixar dúvidas, Melo reafirmou não se arrepender do apoio à privatização da CEEE, uma afronta à população atingida pela falta de energia e água há dias. Já a falta de água é consequência da queda de luz nas estações de bombeamento de água do DMAE, empresa pública que vem sofrendo brutal precarização ao longo da última década, com recentes casos de mortes em decorrência das condições de trabalho. Melo tem como objetivo vendê-la também a troco de banana para seus amigos empresários. Não satisfeito como os resultados da CEEE, o prefeito bolsonarista colocou suas garras privatistas também na companhia de transporte público Carris, vendendo a estatal histórica para um empresariado conhecido pelo péssimo serviço e ataques às condições de trabalho.

É urgente tirar das mãos dos capitalistas os serviços básicos, vítimas das privatizações, sendo hoje administrados para o lucro de poucos às custas de toda população que vem sofrendo essa calamidade enquanto alguns poucos ganham em cima disso.

É preciso uma resposta urgente e à altura da crise no RS. Devemos lutar pela reestatização da CEEE sob controle dos trabalhadores e gestão popular, pela imediata contratação emergencial de funcionários prioritariamente oriundos dos bairros afetados, agilizando a elaboração de um plano de emergência que garanta reestabelecimento de água e energia o mais rápido possível, com o estado fornecendo os materiais necessários para isso. Mais de conjunto, só uma reforma urbana radical pode resolver definitivamente a situação, que tende a piorar em decorrência da crise climática. Uma reforma urbana radical é que pode garantir habitações dignas para todos através da expropriação de todos imóveis vazios frutos da especulação imobiliária, pensar num planejamento urbano que atenda as necessidades da população e não dos empresários, com uma completa reestruturação da fiação para que seja enterrada e mais segura, e um plano de mapeamento da situação das árvores para avaliar riscos. Que o lucro milionário da Equatorial sirva de indenização junto ao governo do estado e à prefeitura para reparar a população trabalhadora pelos prejuízos causados pelo temporal, garantindo condições para que possam reconstruir suas casas.

A população afetada que está há dias sem água e luz começou a sair às ruas exigindo a volta do serviço, até agora foram registrados em pelo menos 10 locais da cidade, com a população fechando ruas e armando barricadas para enfrentar a política de Leite e Melo.

Os únicos que podem garantir um plano como esse são a classe trabalhadora em unidade com toda população, as organizações e os movimentos sociais em uma mobilização independente, sem conciliação com a direita que ora lamenta os ocorridos e ora garante a privatização dos serviços básicos, e também sem rabo preso com a prefeitura e suas instituições que garantem ano a ano essa precarização e desigualdade estrutural na cidade. É com essa unidade que podemos enfrentar as privatizações e a crise climática, por isso nós do Esquerda Diário e do MRT fazemos um chamado à construção de uma mobilização pela reestatização da CEEE e reversão de todas privatizações, reformas e ataques dos últimos anos.




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