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Racismo Brutal | PM atira em entregador no RJ pois não queria ir até a portaria para buscar o pedido.

Mais uma cena da brutalidade policial racista que atinge especialmente a juventude negra nos postos de trabalho mais precarizados.

terça-feira 5 de março | 19:15

Nilton Ramon de Oliveira, de 24 anos, entregador do Ifood, foi baleado na coxa, e foi internado em estado grave na UTI do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, segundo últimas informações divulgadas. O autor do disparo foi o cabo da polícia militar Roy Martins Cavalcanti.

Este brutal ato de racismo que atentou contra a vida de Nilton de Oliveira ocorreu quando o policial se negou a buscar o pedido na portaria de seu condomínio. Após discutirem por mensagens, frente a recusa do PM em encontrá-lo na portaria do condomínio, o entregador registrou o pedido como devolvido e retornou para a loja. O policial, no entanto, o seguiu até a Praça Saiqui, os dois começaram uma discussão pessoalmente na qual Roy tentou intimidar inúmeras vezes o entregador. A discussão foi registrada por Nilton através de seu celular e as imagens estão correndo pelas redes sociais e pela internet.

Ao final da discussão o policial atirou em Nilton e na delegacia alegou “legítima defesa” e teve sua arma devolvida. Na delegacia a ocorrência foi registrada como "lesão corporal por perfuração de arma de fogo, em legítima defesa". Durante a confusão, outros entregadores se juntaram em apoio de Nilton e após o disparo e atendimento do entregador pelo corpo de paramédicos, foram protestar em frente ao condomínio do policial.

Nilton é mais um dentre tantos jovens negros que se encontram nos postos mais precários de trabalho, como são os trabalhos de entrega por aplicativos. Sem direitos trabalhistas de nenhum tipo, sem vínculo empregatício reconhecido pela justiça, recebendo baixíssimos salários e jornadas de trabalho que chegam às 12h diárias.

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O disparo do policial em Nilton é a reprodução da violência policial contra a população e juventude negra que acontece impunemente todos os dias nas periferias do Brasil, com aval dos governos e do Estado. Atirar contra Nilton é, para um policial militar, parte de sua atribuição cotidiana. Apenas isso explica a facilidade com que ameaçou a vida deste jovem por ter se recusado a entregar seu pedido até a porta de sua casa. A vida de Nilton, para este policial, assim como é para toda a corporação, vale menos do que caminhar alguns passos entre sua casa e a portaria de seu condomínio de luxo.

Esse mais um caso escandaloso de racismo se acumula com tantos outros similares que vem se tornando cada dia mais recorrentes por todo o país e explícita a violência brutal com que a polícia reprime e assassina a população negra na periferia.




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