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PERU | Os trabalhadores mineiros do Peru começam greve por tempo indeterminado

quinta-feira 21 de maio de 2015 | 00:45

Os sindicatos de trabalhadores mineiros do Peru, que reúnem cerca de 70 mil filiados, começaram na segunda-feira uma greve por tempo indeterminado em defesa de direitos trabalhistas em meio à crise gerada no sul do país pelos protestos contra o projeto mineiro Tía María, que já deixou três mortos e mais de 200 feridos.

Os membros da Federação Nacional de Trabalhadores Mineiros, Metalúrgicos e Siderúrgicos do Peru (FNTMMSP) iniciaram ontem uma greve por tempo indeterminado em repúdio às normas que afetam sua estabilidade no emprego e seu salários.

O secretário de organização da FNTMMSP, Marcos Cercas, declarou que a decisão de greve foi assumida por todos os sindicatos que formam a federação nacional diante da falta de atenção aos seus pedidos e reclamações por parte do governo.

“O protesto se dirige contra as medidas de terceirização na contratação de trabalhadores que foram iniciadas no governo Alan Garcia (2006-2011) e afetam os trabalhadores e favorecem as empresas com mão de obra barata. Esta lei permite as terceirizações, que já abarcam quase 70 % das operações mineiras, substituindo os efetivos e atentando contra a liberdade sindical”, comentou.

Explicou que a FNTMMSP apresentou “uma série de documentos ao Ministério do Trabalho, ao Congresso e à Presidência, mas não somos atendidos desde o ano passado e por isso decidimos começar hoje a greve por tempo indeterminada”.

O dirigente disse que também rechaçam um decreto que autoriza as empresas a demitir até 20% dos trabalhadores quando se declararem em crise econômica, e “outro projeto que cortaria 20% do salário básico, que será pago como bolsa ou bônus, mas não entrará nos cálculos de previdência social e trabalhista”.

Cercas acrescentou que a federação mineira espera que “da parte do Estado se cumpra a lei de investimentos nas minas” e opinou que “isso é o que não vem sendo cumprido, resultando na situação que se complica”.

Sindicatos mineiros dos Estados Unidos, México e Canadá apoiaram a greve iniciada pelos mineiros do Peru e criticaram o Grupo México e o governo peruano pela “brutal repressão” desferida contra os opositores ao projeto Tía María, no sul do país.
Além disso, exigiram a proteção da segurança e higiene dos trabalhadores, o fim das demissões em massa, um aumento na participação nos lucros, negociação coletiva por ramos, reincorporação dos sindicalistas demitidos e um “basta à repressão” contra os sindicatos.

Por outro lado, dias antes da paralisação já estava anunciada a convocação de uma greve de 48 horas para os dias 27 e 28 de maio em repúdio ao projeto mineiro Tía María, na Southern Copper, filial do Grupo México, englobando organizações sociais e cívicas de sete regiões do sul do Peru.

Os dirigentes se reuniram ontem por mais de quatro horas para analisar as medias que deverão tomar depois que a Southern anunciou na sexta-feira que iria “paralisar” por dois meses a efetivação do projeto para conversar com seus opositores.

Por fim, os representantes formaram um comitê de luta e convocaram uma “paralisação macro-regional” em Arequipa, Cuzco, Tacna e Puno, à qual se juntariam em mobilização representantes de Apurímac, Ayacucho e Cajamarca, informou a emissora RPP Notícias.

O protesto, destacaram, se realizará também para rechaçar a gestão do presidente do Peru, Ollanta Humala, e pode se converter numa greve por tempo indeterminado a partir de junho.

Após o anúncio da Southern, procurando parar os protestos na província de Islay contra o projeto mineiro, que em mais de 50 dias já deixou três mortos e mais de 200 feridos, essa localidade se manteve tranquila mesmo com as principais vias de comunicação bloqueadas.

Os protestos em Islay, que na última semana se juntaram às manifestações em Arequipa e Lima, pararam temporariamente o projeto mineiro do Grupo México, questionado pelos defensores da agricultura no Peru.

A Southern prevê investimentos de 1,4 bilhão de dólares para a construção de Tía María, cuja produção estimada é de 120 mil toneladas anuais de cátodos de cobre quando iniciar as operações.

Na sexta-feira, o presidente da Southern, Oscar González Rocha, anunciou uma pausa no projeto, no entanto o presidente Humala descartou no mesmo dia que o Executivo vá cancelar o projeto de forma unilateral porque considera que seu país se arriscará a ser denunciado aos tribunais internacionais.

Esquerda Diário / EFE

Tradução: Val Lisboa




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