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ENTREVISTA OPERÁRIA | Gestamp em Taubaté: demissões, PPE e novos projetos

A Gestamp é uma multinacional de origem espanhola que atua no ramo de fabricação de peças e acessórios para automóveis. Produz cerca de 1.300 peças automotivas, entre os principais produtos produzidos estão peças estampadas estruturais e de acabamento, sistema de impacto, componentes do painel, eixos e chassis. Estabelecida em 19 países com 94 plantas industriais, 12 centros de desenvolvimento de produtos, ela emprega mais de 20.000 funcionários. No Brasil desde 1998, a Gestamp opera nos estados do Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Fábio NunesVale do Paraíba

quinta-feira 28 de janeiro de 2016 | 01:30

Uma das empresas que recebeu em 2015 vários subsídios de incentivo fiscal dos governos estadual e federal, além de empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), vem demitindo, retirando direitos e em outubro do ano passado anunciou sua adesão ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego) para sua fábrica de Taubaté, cidade da região do Vale do Paraíba, importante pólo industrial do estado de São Paulo. Num cenário de demissões, retirada de direitos trabalhistas e precarização do trabalho, conversamos com dois trabalhadores da planta de Taubaté sobre a situação da empresa e sobre a sua adesão ao PPE.

Esquerda Diário - Fale um pouco sobre a Gestamp de Taubaté.

Trabalhador 1 - Aqui em Taubaté são duas plantas da Gestamp, a planta 1, no Distrito Industrial e a planta 2, que fica dentro da Volkswagen de Taubaté, e que só faz peças para a Volks. A planta 1, do Distrito Industrial, é forte na produção nacional e na exportação, exporta para a Argentina, Africa, Tailândia. Essa planta operava com mil operários e hoje conta com mais ou menos setecentas, oitocentas pessoas, demitiram uns duzentos, trezentos funcionários. São várias famílias sofrendo com o desemprego. O Vale do Paraíba, por ser uma região industrial, setor muito afetado pela crise, tá sofrendo muito com as demissões. Muito pai de família desempregado.

ED - A Gestamp anunciou em outubro de 2015 sua adesão ao PPE para a sua fábrica de Taubaté. Comentem um pouco.

Trabalhador 2 - A Gestamp entrou no PPE meio que no embalo, porque crise mesmo não tá, o que caiu mesmo foi a produção para a Volks e a GM. Mas ela produz para muitas multinacionais, como a Honda e a Nissan, e neste caso a produção não caiu do jeito que eles falam, pelo contrário, a produção tá bombando.

T 1 - Para mim não era necessário a Gestamp entrar nesse plano do PPE, porque ela tem vários projetos novos, o da Honda ela esperou o governo aceitar o PPE para lançar esse projeto. Entrou no PPE com os robôs tudo guardado, não montaram, só esperou entrar no projeto PPE para falar que pegou projeto novo da Honda, da Scania, da Toyota. Como uma empresa que tá em crise tá fazendo novos projetos, comprando máquinas e reformando a planta? Não tá bem explicado lá não. Diz que tá em crise mas a produção não parou. As demissões foram todas injustas, a produção continuou.

T 2 - A empresa não tá podendo contratar e nem demitir por causa do PPE, mas como a produção tá alta, ela tá retirando os funcionários da planta 2 que fica dentro da Volkswagen para levar para a planta 1 no Distrito Industrial.

ED - E o sindicato?

T 1 - Há uns quatro anos atrás a empresa mudou a diretoria daqui de Taubaté, uma diretoria que veio com mudanças ruins para nós, acabou com a hora extra, acabou com benefícios e o sindicato, filiado à CUT, tá praticamente vendido, não tem voz, finge que não tá vendo estas coisas e na assembléia fala que não pode ter perseguição, demissão injusta, mas não tá sendo assim na real.




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