×

IMPEACHMENT | Com ajuda da FIESP e da mídia Temer tenta comprar últimos votos também cobiçados por Lula

O governo e a oposição travam uma batalha de informação e contrainformação sobre os números de votos previstos. A mídia está no jogo com toda força tentando criar um clima de “já ganhou” pelo impeachment. O que nenhum comentarista consegue esconder, sequer na televisão, é que o método empregado para ganhar os indecisos para o reacionário impeachment ou para salvar o governo é rigorosamente o mesmo: oferecer cargos, verbas parlamentares. Em sua crise esta democracia do suborno oferece mais de si mesma.

sábado 16 de abril de 2016 | Edição do dia

Amanhã são esperadas manifestações em todo país a favor e contra o impeachment. Em Brasília a Esplanada foi dividida por um muro de metal.

Além da disputa entre manifestantes pró e contra governo na Esplanada dos Ministérios, uma batalha de planilhas tem sido travada entre oposição e situação. Enquanto o governo contabiliza 183 votos a favor da permanência da presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, parlamentares de oposição trabalham com 129 a favor do governo e 368 contra. A confirmação dos números, no entanto, só ocorrerá amanhã quando cada parlamentar declarar seu voto em plenário. As negociações, de ambos os lados, têm sido intensa.

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), e o ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Jaques Wagner, fizeram na noite de sexta-feira uma reunião com aliados nas casas dos deputados Waldir Maranhão (PP-MA) e Weverton Rocha (PDT-MA) e acreditam ter revertido votos em favor da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment.

"Estou otimista, humilde e confiante. Vamos trabalhar até a noite de domingo, sem descanso", disse ao Broadcast da Agência Estado a ministra latifundiária. Ela passou o dia no Ministério da Agricultura recebendo parlamentares, negociando e trabalhando no convencimento.

Governadores do nordeste entraram em campo ameaçando de demissão todos funcionários relacionados aos parlamentares de seus estados que votarem pelo impeachment. Esta contra-ofensiva dos governadores do nordeste tem deixado analistas da grande mídia com dúvida sobre qual será o resultado por mais que seus jornais estampem em letras garrafais estimativas de vitória.

Do outro lado, uma série de reuniões tem ocorrido. Os ruralistas, no momento aparentemente rompidos com a ex-presidente da CNA Kátia Abreu, se reuniram durante o almoço com suas irmãs patronais da indústria e juntas também fizeram sua contagem de votos. O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), divulgou a contagem do grupo. Até às 18h33 eles contavam 368 favoráveis ao impeachment, 129 contrários e 16 indecisos.
Amanhã será decidido um dos primeiros passos deste golpe institucional que é o sequestro da vontade popular expressa pelo sufrágio de milhões para a decisão por uma centena de parlamentares, em sua maioria denunciados por corrupção, e que gozam de milionários salários e privilégios.

Com o impeachment a FIESP, a grande mídia, diversos setores patronais e da oposição burguesa tentam impor um governo mais forte para aplicar ajustes mais duros contra a classe trabalhadora, tentando aumentar a idade de aposentadoria, cortar salários, fazer diversas privatizações e até mesmo acabar com o sistema único de saúde, abolindo o direito à saúde pública.

Lula tenta salvar o governo Dilma recorrendo aos mesmos métodos de corrupção que Temer e que estiveram no centro desta crise política. Caso saia vitorioso promete mudanças na política econômica, o que pode incluir uma injeção de crédito para tentar aumentar o consumo e diminuir o aumento do desemprego, no entanto estas medidas que se combinarão a demagogia dos discursos e pequeníssimas ofertas a alguns movimentos sociais que tem apoiado o governo viram junto de ataques estruturais como a reforma da previdência e outros que mesmo o “ajuste lulista” terá que oferecer ao mercado financeiro. Um eventual governo Dilma-Lula terá que se entender com “gregos” do mercado e “troianos” do movimento “não vai ter golpe” estimulados a lutar contra a direita e denunciar os ataques a classe trabalhadora inclusive por discursos de Lula ou Dilma.

O Esquerda Diário perguntou a Diana Assunção, dirigente do MRT, organização que impulsiona este portal, sua opinião sobre esta situação onde a classe trabalhadora e a juventude ficam assistindo a negociatas entre um lado golpista e um governo que mesmo com diferenças também oferecerá ajustes. Ela afirmou “chegamos em uma situação que a direita se sentiu com coragem de recorrer a um golpe institucional porque por anos a CUT, a CTB, os principais sindicatos do país não combaterem as demissões nem os ajustes dos distintos governos. Criaram confiança graças a estas direções e pelas intermináveis negociações do PT com a direita. A CUT e CTB também não combatem os ataques patronais hoje, já foram fechadas mais de 8 mil fábricas nos dois últimos anos só nos estados de São Paulo e Minas Gerais.”

Diana Assunção, que também é diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP), concluiu: “sem a luta da classe trabalhadora Lula também se sentiu livre para elogiar as medidas neoliberais de Nelson Barbosa e a negociar com Maluf, Kassab e outros expoentes da direita. Ao não organizar nenhum plano de luta contra o impeachment, as demissões e os ataques dos governos, a CUT, a CTB, a UNE permitiram que este golpe institucional se resolvesse com jogos palacianos, compras de parlamentares e não com a força e métodos da classe trabalhadora e da juventude o que exigiria também a luta contra os ataques do governo Dilma e contra as demissões das patronais.”

Com informações da Agência Estado




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias