Iniciativa se soma a outros casos de racismo que aconteceram em outros grandes eventos no Recife, como denúncias de que a polícia estava barrando jovens negros em shows abertos no centro do Recife, jovens sendo abordados sem nenhuma justificativas e blocos sendo reprimidos nos bairros populares.
terça-feira 30 de janeiro | Edição do dia
Não é de hoje que o estado de Pernambuco quer testar sua tecnologia de reconhecimento facial. Após críticas, no fim do ano passado, a governadora direitista Raquel Lyra tinha afirmado que não implementaria por agora. No entanto, parece ter mudado de ideia e usará o carnaval do Recife para testar sua nova tecnologia repressiva.
O sistema, em tese, reconhece pessoas que tem mandado de prisão em aberto. Implementadas em outros estados, a tecnologia de reconhecimento facial já levou a erros como a prisão de diversos inocentes, em sua maioria negros. Isso sem contar que o próprio sistema de mandatos possui várias falhas e muitas vezes aponta para mandados de prisão em aberto que já foram cumpridos ou revogados.
Antes mesmo do sistema de reconhecimento facial, já vemos vários “erros” cometidos nos sistemas de reconhecimento fotográfico de suspeitos, onde muitas vezes as pessoas que se encaixam dentro dos “estereótipos” da polícia entram no sistema com fotos retiradas nas redes sociais. Isso levou a absurdos como um porteiro que chegou a ser preso e responder a 62 processos após sua foto ser incluída no mural de suspeitos de uma delegacia
Além disso, como exemplo, em estados onde o reconhecimento facial já está em uso significativo, como Rio e Bahia, não vemos uma diminuição da violência. Pelo contrário, ambos tem ganhando repercussão por estar crescendo as disputas do tráfico, da milícia e também pelo aumento de mortes pela polícia.
Cabe dizer que essa iniciativa vem na esteira de outras iniciativas racistas por parte da Governo do Estado e da prefeitura em eventos culturais no estado. No ano passado, ocorreram várias denúncias que, em dias de shows, a polícia estava barrando jovens negros nas pontes do Recife Antigo. Agora nas prévias de carnaval, é comum ver a polícia aplicando baculejos ostensivamente contra esse público e também reprimindo blocos, principalmente nos bairros populares e nas periferias. Frente a isso, nos colocamos no mais amplo repúdio a mais essa medida repressiva e racista por parte tanto do governo Raquel Lyra, como também de da prefeitura de João Campos.
