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Pão e Rosas | A organização das mulheres contra Tarcísio e as privatizações: a importância da construção do 25N e 28N

No nosso país as mulheres constituem uma enorme parte da classe trabalhadora, sofrem profundamente a opressão e exploração desse sistema degenerado que é o capitalismo ao mesmo tempo que também possuem um importante histórico de luta e resistência que precisa ser retomado para que, em unidade com os demais setores oprimidos e a classe trabalhadora de conjunto, possa enfrentar os desafios da nossa época combatendo os atores que buscam aprofundar as relações de exploração e opressão das mulheres, como Tarcísio e sua tentativa de ataque histórico de privatizações, e a política de frente ampla que fortalece a extrema direita inimiga das mulheres. Haver fortes mobilizações dia 25, Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, e dia 28 que será um dia de paralisação unificada entre Sabesp, metrô e CPTM contra Tarcísio e as privatizações é fundamental para a nossa organização contra os ataques

Juliane SantosEstudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

sexta-feira 24 de novembro de 2023 | Edição do dia

A história de opressão às mulheres é milenar com o patriarcado sendo profundamente intrínseco a inúmeras sociedades e com o ascenso do capitalismo ao contrário de haver um combate a essa opressão fez-se o contrário, o patriarcado e o machismo foram apropriados pelo capitalismo em nome de um só propósito: garantir o lucro de uma (pequena) parcela da sociedade, a burguesia.

Mas se é verdade que as mulheres possuem uma profunda história de opressão e exploração também é verdade que possuem uma brutal história de luta e resistência em várias partes do mundo e em diferentes épocas. Atualmente em nosso país vemos profundos ataques serem despejados nas costas das mulheres e o objetivo desse artigo é trazer uma reflexão sobre alguns dos principais desafios colocados para a organização e luta das mulheres no nosso tempo para combater todos os ataques e batalhar por uma sociedade que seja livre de toda opressão e exploração.

Após o mandato do asqueroso Bolsonaro, que odeia as mulheres e todos os setores oprimidos, nos encontramos em um governo de frente-ampla tendo a frente Lula com seu vice Alckmin, que é importante dizer que já em sua campanha eleitoral deixou claro que rifaria uma das principais pautas históricas do movimento de mulheres: o direito ao seu próprio corpo, o direito ao aborto. A conciliação de classes, que se prova a cada dia que abre espaço para a extrema direita que odeia as mulheres, leva até a que partidos do odioso Tarcísio, o Republicanos, estejam na base do governo.

Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo que foi apoiado por Bolsonaro nas eleições, deixou bem claro que pretende fazer um ataque histórico à classe trabalhadora de conjunto: privatizar a Sabesp, o metrô e a CPTM. Exemplos de privatizações que temos no país como a companhia de água no RJ, ou mesmo a companhia de luz em São Paulo deixam bastante claro o que significa deixar bens básicos nas mãos de empresas que priorizam o lucro em vez do bem estar da população. Desde a água de péssima qualidade no RJ até a queda de energia que afetou milhões de casas durante dias por conta da péssima qualidade do trabalho realizado pela Enel em São Paulo demonstram o que Tarcísio reserva para a classe trabalhadora paulista.

Hoje o Brasil conta com uma população que é composta por metade de mulheres, sendo estas importante parte da classe trabalhadora, grande parte de mães solos que batalham para criar seus filhos e sustentar seus lares. Historicamente os cuidados com as crianças e idosos são impostos às mulheres que sem apoio do Estado e de forma individualizada têm sobre as suas costas essa enorme carga, além de também precisarem lidar com os afazeres do lar, o trabalho doméstico e o cuidado com a família de conjunto.

Situações como a que vimos ocorrer nos últimos dias em que milhares de lares ficaram dias sem luz expressam onde leva a lógica privatista que torna ainda mais complexa a situação das mulheres, muitas vezes a pessoa responsável pelo sustento da família que ainda tem que enfrentar esse nível de situação como a falta de luz em suas casas. O mesmo vale para os inúmeros problemas nas linhas de transporte já privatizadas, que torna ainda mais difícil a já complexa ida do trabalho para a casa, com enormes atrasos, trilhos descarrilhados e uma gama de problemas na linha que está nas mãos da ViaMobilidade.

O objetivo de Tarcísio ao querer privatizar a água, o metrô e a CPTM de conjunto é dar um lucro exorbitante aos empresários ao mesmo tempo que ataca todas as mulheres, o conjunto dos setores mais oprimidos e a classe trabalhadora de conjunto se apoiando no Arcabouço Fiscal aprovado pelo governo Lula-Alckmin para avançar no seu projeto que tem o objetivo de lhe alçar enquanto um candidato que seja alternativa para a burguesia brasileira, e para isso almeja precarizar ainda mais os postos de trabalho aprofundando a Reforma Trabalhista e a Lei da Terceirização Irrestrita, e quando falamos de postos de trabalho mais precarizados estamos nos referindo a setores compostos majoritamente por mulheres, principalmente negras, LGBTs e negros.

Ao mesmo tempo que Tarcísio ataca descaradamente a população por um lado, por outro faz demagogia. A secretaria de Políticas para a Mulher criada por Tarcísio que indicou a conservadora e bolsonarista Sonaira Fernandes para assumir a pasta, não possui caixa em um momento em que os abusos e violência contra as mulheres alcançam números absurdos - o número de casos de feminicidio aumentaram 34% no primeiro semestre ele 2023 no estado de São Paulo na comparação com o mesmo período do ano anterior, e os casos de lesão corporal dolosa tiveram aumento de 14%, segundo dados da Secretaria de Segurança do Estado (SSP) - o que demonstra o caráter formal dessa proposta de alguém que não tem o menor interesse em combater a opressão destinada às mulheres.

A política de frente ampla, com a confiança nas instituições reacionarias e a aliança com setores de direita e extrema direita já provaram que não são uma saída para as demandas das mulheres e nem da classe trabalhadora. Precisamos confiar na força da nossa própria luta, em uma aliança constituída entre trabalhadores, movimentos sociais e todos os setores oprimidos, contra todas as reformas, privatizações e na luta contra toda opressão e exploração, em que se possa avançar nas bases para se acabar de vez com o machismo e o capitalismo.

Dia 25 de novembro é o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, e no dia 28 ocorrerá um dia de paralisação unificada entre Sabesp, metrô e CPTM contra Tarcísio e as privatizações, dias fundamentais para denunciar o quanto o Estado é responsável por todos esses aspectos que precarizam a vida das mulheres, não só através dos dircursos da extrema direita misógina mas também através das políticas dos governos de ataques as trabalhadoras e aos trabalhadores, buscando garantir assim a manutenção da exploração e opressão às mulheres, já que fortalecem um sistema que deixa as mulheres, principalmente as mulheres negras, mais vulneráveis aos ataques.

O dia 25N e o 28N serem fortes dias de mobilização fortalece a nossa luta contra todos os ataques do governo Tarcísio e do governo federal! É urgente que as direções dos sindicatos saiam do nível de adaptação aos governos que se encontram e construam esse forte dia de mobilização.




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