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Caoa Chery | Trabalhadores da Caoa-Cherry e MWL realizam ato no Consulado Chinês

Trabalhadores marcham da Avenida Paulista até o Consulado Chinês contra o fechamento da Caoa-Cherry de Jacareí e o atraso de salários na MWL.

quinta-feira 26 de maio de 2022 | Edição do dia

Hoje (26) pela manhã, operários e operárias marcharam da Avenida Paulista até o Consulado Chinês contra o fechamento da Caoa-Cherry de Jacareí e o atraso de salários na MWL. Os trabalhadores tentaram entregar uma carta para o Consulado relatando a situação e colocando as reivindicações, porém este se recusou a recebê-los.

Os trabalhadores da MWL estão em greve desde o início deste mês contra o atraso dos pagamentos. A empresa, que tem lucros bilionários produzindo rodas para trens até mesmo dos EUA, está recorrentemente deixando os trabalhadores sem salários e realizando demissões.

No início desse mês também, a Caoa-Chery de Jacareí anunciou que vai suspender a produção e demitir 600 trabalhadores. Mesmo com isenções fiscais e lucros recordes, a empresa alegou que a fábrica deve passar por “adequações para a produção futura de veículos elétricos”. Em 2020, já tinham demitido dezenas de funcionários no início da pandemia. O próprio CEO da empresa confirmou em entrevista o atual crescimento das vendas chegando a 100% de aumento, mesmo com a pandemia e a crise, esse dado mostra como os patrões colocam os lucros acima dos empregos e postos de trabalho, às custas dos trabalhadores que garantiram a produção no último período diante das condições de trabalho mais adversas e os riscos da Covid-19.

Ontem a Caoa enviou cartas de demissão para 600 operários de sua fábrica em Jacareí, onde pretende suspender a produção e deixar centenas de famílias nas ruas. Essas demissões são inclusive ilegais uma vez que a empresa e os trabalhadores estão ainda em negociação mediada pelo Ministério Público.

Na manhã de terça, cerca de 200 trabalhadoras e trabalhadores da Caoa-Chery se reuniram e ocuparam a montadora em defesa dos empregos, contra o desrespeito da direção. Na chegada os gritos diziam “trabalhador unido, jamais será vencido! Ocupar e resistir!”. A ocupação durou cerca de uma hora e meia, em protesto à falta de compromisso da empresa, que descumpriu o acordo assinado com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à CSP-Conlutas. Na assembleia os trabalhadores rejeitaram a proposta patronal e decidiram seguir com o acampamento em frente à fábrica e realizar mobilizações todos os dias. Neste momento, a batalha é pela aprovação do layoff, com a estabilidade no emprego, contra o fechamento da fábrica. Os trabalhadores estão demonstrando uma importante disposição para lutar, no final da ocupação deixaram o aviso: “Se não negociar, a gente vai voltar!”

O que estamos vendo acontecer com a Caoa e a MWL, é exatamente como funciona o capitalismo. Quando os lucros não são o suficiente, eles não hesitam um segundo em parar de pagar os salários e colocar milhares de trabalhadores nas ruas, em meio à crise de desemprego como nós estamos vivendo. A luta dos trabalhadores da Caoa pela readmissão dos trabalhadores e dos trabalhadores da MWL pelo pagamento dos salários precisa se expandir por toda a região, onde trabalhadores de outras fábricas já enviaram declarações de solidariedade. É preciso exigir também que as grandes centrais sindicais, como a CUT e CTB saiam de sua paralisia, afinal em todo o país estão ocorrendo demissões e ataques como esses, portanto em todo país essas centrais deveriam organizar os trabalhadores para lutar.

Essa luta unificada é essencial para garantir que os operários não estejam isolados, e para lutarmos para que os trabalhadores, além de serem readmitidos, consigam reverter o fechamento da fábrica. Se as empresas falam que não têm dinheiro para pagar os salários e manterem as fábricas, é preciso exigir que provem, abrindo os livros de contabilidade da empresa e dos patrões, mostrando seus bilionários lucros dos últimos anos. Com todos esses lucros seria possível manter os empregos e pagar os salários, é por isso que uma forte luta nacional precisa ser construída para exigir que as fábricas que ameaçam fechar postos de trabalho sejam estatizadas, sob controle dos trabalhadores.

Esses ataques estão acontecendo no meio desse governo de extrema-direita do Bolsonaro e militares, que cortam direitos dos trabalhadores dizendo que assim vão garantir mais empregos. Mas só o que vemos são demissões em massa e precarização, permitidas pelo governo.

Por outro lado, há muita esperança de que Lula vença as eleições e consiga reverter essa situação. Porém essa chapa Lula-Alckmin já deixou claro que não vai reverter os ataques, não vai reverter a reforma trabalhista e da previdência, e nem a situação de subordinação do Brasil aos interesses imperialistas, ao agronegócio e a acelerada desindustrialização. Há uma enorme crise internacional, que os capitalistas querem jogar nas nossas costas, e nenhum governo aliado com os patrões conseguirá reverter isso. É por isso que a saída não será eleitoral, a saída é a organização da nossa classe em cada local de trabalho, unificando as lutas em todo o país, questionando esse regime de conjunto, e buscando construir uma alternativa política de independência de classes.

É isso que nós do Esquerda Diário e do Nossa Classe viemos defendendo que deve ser o papel do Polo Socialista e Revolucionário, que está sendo composto por várias organizações como o PSTU e a CST, que se colocam à esquerda do PT. É preciso que avancemos para que o Polo seja um pequeno passo para construirmos uma nova tradição na esquerda brasileira: uma esquerda revolucionária e socialista, que não se alie com os empresários, e busque apontar que, se são os trabalhadores que movem o mundo, são eles que devem estar no poder, construindo um mundo sem exploração e opressão.

Nós do Esquerda Diário, do Movimento Nossa Classe e da Faísca Revolucionária estivemos na manifestação dos trabalhadores e nos solidarizamos com toda a luta dos trabalhadores da Caoa Chery e da MWL. Veja aqui as intervenções:

Veja aqui a transmissão de todo o ato feita pelo Sindicato de Metalurgicos de São José dos Campos:




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