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RIO GRANDE DO SUL
Sindicância aberta sobre o Badesul: da “má gestão” às demissões em massa
Fabricio Pena

Direto do Palácio do Piratini, sede do governo do RS (Sartori/PMDB), foi aberto nesta semana um processo de sindicância do Badesul (agência de fomento/RS), para investigar o calote milionário envolvendo cerca de 55 contratos assinados pela empresa no período de 2011 à 2014, durante o governo de Tarso Genro (PT).

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A investigação será concentrada principalmente em duas empresas, a Iesa Óleo e Gás e a empresa Argentina WindPower, onde ambas não quitaram os débitos e juntas somam o montante atualizado de R$ 157 milhões. Um novo episódio do que resultou em demissão em massa com o fechamento da Iesa (2014) e agravamento da precarização da vida na região.

O principal argumento usado para justificar a abertura da sindicância foi a suspeita de “má gestão”, em conjunto da enorme inadimplência, apresentado pela reportagem da mídia golpista Zero Hora (mídia da RBS, representante da Rede Globo no RS) revelando os contratos lesivos ao banco. Acusam o governo Tarso de flexibilizar os critérios para empréstimos, fugindo do critério do Bndes, donde o banco busca 95% dos recursos movimentados e recentemente foi rebaixado pelo próprio Bndes a nota zero, paralisando a grande maioria das movimentações do banco. A PGE reuniu nesta terça-feira (27) para estudar o caso, com prazo inicial de 30 dias para conclusão.

Os fatos apontados sobre a ’má gestão’ no período, mostram que o empréstimo, de R$ 40 milhões concedido para a Iesa, não contou nem com uma garantia dentro dos próprios critérios estabelecidos pela empresa, que indicava que deveriam atingir pelo menos 130% do valor. Tudo em torno da construção das plataformas da Petrobras no Polo Naval do Jacuí, na cidade de Charqueadas. A Iesa entrou com o pedido de empréstimo após ganhar a licitação para a construção das plataformas na região, dando como garantia um terreno no local cobrindo cerca de 30% do montante total. Teriam sido flexibilizados os critérios para conceder o empréstimo, de acordo com a política vigente do governador Tarso Genro, em não medir esforços para ampliar o investimento em matrizes energéticas no estado.

Os diretores da empresa que comanda a Iesa foram presos na 7ª fase da Lava Jato, logo depois, a Petrobrás encerrou o contrato com a empresa. Alguns diretores da empresa falaram em divergência de método na condução das obras, porém, os líderes do grupo pouco puderam falar na prisão sobre o caso. Envolveu milhares de trabalhadores, onde diretamente ficaram a ver navios cerca de mil só da Iesa, sem contar os trabalhos gerados em torno, ou mesmo a situação dos que migraram do norte/nordeste do país em busca de trabalho. As contas da empresa foram bloqueadas pela justiça a fim de pagar a rescisão dos trabalhadores, porém, a crise se abateu brutalmente pela região, contando com um número brutal de desempregados. Assim como no caso da WindPower, que citou apenas contratos de fornecimento de aerogeradores, sem especificar receita mas com “muita convicção”, levou R$ 50 milhões dos cofres públicos, continua inadimplente e com as atividades paralisadas.

Somente o caso da Iesa já é o suficiente para comparamos essa sindicância com os rumos da Lava Jato. Os métodos são os mesmos, privilegiar algumas empresas imperialistas e largar a crise nas costas dos trabalhadores. A 7ª fase da Lava Jato, que investigava o desvio de dinheiro dentro da Petrobras, envolvendo a cúpula do PT e seus aliados burgueses, prendeu 2 dos principais diretores da Iesa, dentre eles o diretor-presidente. Como já dito, no mesmo período é encerrado o contrato para a construção das plataformas. Com o decorrer do tempo, as principais operações que seriam efetuadas na cidade, como construção de cascos para serem acoplados em navios no Polo Naval de Rio Grande, foram enviadas para a China. A justiça, através da Lava Jato de Moro, julga como saída para desvio de dinheiro prender por um tempo alguns diretores das grandes empreiteiras, ao passo que os trabalhadores dessas empresas ficam sem nada, são diretamente lesados pela corrupção de seus patrões e os interesses imperialistas defendidos por Moro.

Atualizando o ocorrido ainda na 7ª fase da Operação Lava Jato para os dias de hoje, aqui mesmo em Porto Alegre, podemos ver o indicio do que seria uma “Lava Jato regional”, investigando novamente a cúpula do PT no favorecimento de acordo com seus interesses políticos em flexibilizar critérios de empréstimo para empreiteiras aliadas. O envolvimento de Tarso com esse caso da Iesa, ou com o caso da Wind Power e tantos outros é real, fruto da adaptação da cúpula petista aos métodos de governo dos capitalistas, de tal modo, que utilizam das mesmas ferramentas que os governos anteriores para promoverem seus aliados capitalistas, liberando todo crédito possível. Na Iesa de Charqueadas o PT não foi capaz de defender o sustendo de milhares de trabalhadores, entregando o caso nas mãos da mesma justiça que o golpeia hoje. No caso desta sindicância, não poderá também dizer nada do contrário em relação a flexibilização dos critérios, dado envolvimento no caso e tremenda ’convicção’ dos envolvidos na investigação.

Temos que compreender de fundo os interesses por traz desta sindicância, dado os envolvidos, parecem estar mais interessados em beneficiar interesses imperialistas no país do que solucionar o problema do calote do Badesul. Ao mesmo que tempo necessitamos lutar contra a carestia de vida, que estas investigações não joguem mais trabalhadores na rua. Por isso exigimos da CUT que mobilize de fato suas bases contra o golpe, os ajustes já entoados desde o governo Dilma e os que estão sendo preparados e aplicados hoje por Temer contra a vida da classe trabalhadora. Construir uma nova Assembleia Constituinte Livre e Soberana que altere de fato as regras do jogo, proibindo as demissões e colocando tudo o que os trabalhadores já construíram não só ao seu favor, mas em suas mãos.

 
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