Depois de um ano fechado para reforma, um dos espaços teatrais mais interessantes de São Paulo, a sede do Engenho Teatral no Carrão, reabre com a Mostra Solidariedade, em que recebe 29 coletivos teatrais apresentando seu trabalho. Nos dias 3 e 4 de setembro é a vez da Kiwi, com Material Bond.
“O reverso de todas as leis é a justiça”. Esse é o mote que inspira a peça da Cia. Kiwi, dirigida por Fernando Kinas e com a atriz Fernanda Azevedo e o multi-instrumentista Eduardo Contrera.
Tomando como base diversos textos não-teatrais da obra do autor Edward Bond, autor britânico nascido em 1934 que transita entre gêneros como a dramaturgia, direção teatral, poesia, roteiros de cinema e a teoria, o espetáculo “cênico, musical e audiovisual” se propõe a dialogar com o que o grupo afirma serem os leitmotivs (motivos condutores) do autor: a radicalidade da injustiça, da violência e da desumanidade. Para responde-los à altura, pensando a obra de Bond como uma resposta às barbáries do capitalismo, os membros da Kiwi propõem a radicalidade estética e política.
Para isso recorrem aos recursos do teatro-documentário, que pode ser considerado um filão dentro do vasto repertório do teatro épico, e cujos representantes históricos são figuras como Erwin Piscator e Peter Weiss. O próprio nascimento do teatro documentário e do épico estão associados, tal como o grupo aponta em relação a Bond, a uma resposta às barbáries do capitalismo. No caso, Piscator e Brecht, os “pais” do teatro épico, o fizeram em meio a um dos maiores e mais importantes movimentos revolucionários da classe trabalhadora: a revolução alemã do pós primeira guerra mundial.
Abaixo, um pequeno trecho da peça:
As apresentações serão nos dias 3 e 4 de setembro, às 19h, na Mostra Solidariedade, do Engenho Teatral. Rua Monte Serrat, 120, Tatuapé (ao lado do metrô Carrão - linha vermelha).
ENTRADA GRATUITA