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Dois anos de MadyGraf
Mulheres: nas máquinas e nas ruas
Lucho Aguilar
Lucho Lucero

As mulheres como um dos pilares da defesa da gestão operária em MadyGraf. (Em 11 de agosto de 2014 os trabalhadores da antiga RR Donnelley, na Argentina, encontraram a gráfica fechada com o anúncio de quebra da empresa. Os trabalhadores decidiram em assembleia lutar por seus empregos: ocuparam a planta e colocaram as máquinas para funcionar sob gestão operária. E assim segue, sem patrões até hoje, com o nome de MadyGraf.)

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Lucrecia:
"Entrar para trabalhar aqui foi um profundo orgulho. Desde o nome, por Madeleine* essa pequena lutadora, até o que significa a MadyGraf. Antes ficávamos na tenda, do lado de fora. Depois tivemos nossos espaços dentro da fábrica para nos reunir e debater a luta ao lado de nossos companheiros. Quando nos propuseram em uma assembleia e votaram nossa entrada na produção foi emocionante. Hoje, a grande maioria das companheiras estão na encadernação. Tomamos isso como um grande desafio, passar um dia após outro metidas nas máquinas, quando antes, não sabíamos o que era uma chave. Mas fomos superando todas as dificuldades. Hoje, contamos com companheiras que são operadoras, auxiliares e aprendizes. Isso é uma grande conquista. Hoje não só fazemos os melhores ajustes de preparação das máquinas, mas as companheiras tiram as revistas sozinhas. Fazemos o Esquerda Diário impresso na grampeadeira 3 e a operadora é a companheira Érica que foi aprendendo do zero. Nossos próprios companheiros contam que demoraram anos para aprender os truques de algumas máquinas. Essas companheiras se mantiveram firmes e hoje, ver elas entrando lado a lado de cada companheiro, com a caixa de ferramenta nas mãos, é um orgulho. Demorou superar o machismo, mas fomos conseguindo com esforço e responsabilidade. Também temos companheiras no refeitório, portaria e administração. A construção da brinquedoteca** foi nossa grande conquista. Enquanto trabalhávamos seguíamos com esse sonho. E hoje é um grande orgulho para nossas companheiras e nossos companheiros. É a primeira brinquedoteca que nós companheiras construímos na associação gráfica junto com nossos companheiros, do partido, de outros trabalhadores e professores."

Erica:
"Pra mim significou um grande passo entrar na fábrica sem patrão. Mesmo com todas as dificuldades, aprendemos algo novo todos os dias. Apoiar os companheiros aqui dentro, nos apoiamos mutuamente e quando um quer baixar os braços estamos todos juntos para dizer "não podemos desanimar", é difícil mas não impossível. Pra mim significa um grande crescimento pessoal, onde junto com a Comissão de Mulheres e as companheiras com quem entrei, comecei a conhecer mais meus direitos, me organizar com elas desde fora e aqui dentro poder abrir nossa brinquedoteca, organizar diferentes eventos e levar a iniciativa a diante. É algo que jamais pensei que poderia fazer, assim como falar na mídia, ir nas marchas, escrever notas para o Esquerda Diário e muitas coisas que me dão profunda emoção enquanto vou contando."

* Madeleine, ou Mady, é filha de Eduardo Ayala, um dos grandes dirigentes do processo de luta. Os operários votaram que a gráfica deveria passar a ter o nome de MadyGraf em homenagem a Madeleine que por conta de seus problemas de saúde e deficiência, sempre teve que lutar para viver.

** Local onde os filhos dos operários brincam é estudam, como uma creche no Brasil

Tradução: Larissa Ribeiro

 
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