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TEORIA
Um diário para disputar ideias contra o capitalismo
Matheus Correia
Mateus Castor
Cientista Social (USP), professor e estudante de História
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A teoria não existe com o objetivo da mera interpretação, ela jamais será neutra e imparcial, não a usamos para mostrar o quanto somos inteligentes e sofisticados e muito menos queremos mantê-la entre intelectuais e acadêmicos. Esse modo de lidar com a teoria já é executado com perfeição, pelos mais premiados e reconhecidos teóricos e pensadores burgueses. Nosso papel aqui é o oposto.

Pensemos na meritocracia, coletividade, individualismo, anticapitalismo, mão invisível, democracia, empreendedorismo, sustentabilidade, liberalismo, conservadorismo, socialismo, capitalismo, imperialismo. Todos esses conceitos são extremamente ideológicos, frutos de uma discussão teórica profunda.

Afinal, porque nós do Esquerda Diário produzimos diariamente textos teóricos e ideológicos sobre os mais diversos assuntos? A resposta é simples, vivemos uma constante luta ideológica e teórica contra a Burguesia. Nada mais comum que ouvir seu patrão falando “que aquele que se esforçar mais, conseguirá uma promoção merecida”, ouvirmos dos políticos dos grandes partidos que serão necessários cortes nos direitos dos trabalhadores para recuperar a economia, de apresentar o sistema capitalista como algo que sempre existiu e que é utópico pensar em outra sociedade, ou mesmo que seria o fim da classe operária e da luta de classes, e de que nossas lutas devem limitar à institucionalidade, mas afinal, da onde vieram essas conclusões?

As ideias por de trás dessas afirmações são explicadas por grandes economistas e sociólogos, existem livros e dissertações que tentam justificar esses pensamentos, existe toda uma gama de pesquisas, exemplos que criam teorias que em tese, deveriam ser confirmadas pela realidade.

Existem aqueles que buscam defender as altas taxas de lucro, a repressão do Estado, a governabilidade, a guerra imperialista, a existência da desigualdade. Do mesmo modo existem aqueles que argumentam pelo fim do lucro, pela tomada do poder pelos trabalhadores, pela internacionalização da luta operária e pelo fim da economia suicida capitalista. Tudo isso tem seu fundo teórico, suas regras e leis, que mesmo muitos negando, estão dentro da luta de classes.

Também o pensamento de que a realidade é e será essa para sempre, transborda ideologia e teoria, fruto da restauração burguesa, que tem seu marco simbólico inicial na queda do muro de Berlim, esse tipo de tese tenta nos acorrentar e aprisionar ao mundo miserável em que vivemos, tentam nos fazer felizes com a miséria do possível, mas não, não é uma lei natural como a gravidade, os grandes pensadores da burguesia tentam nos enfiar goela abaixo, é nosso papel resistirmos.

Ao contrário do que Weber afirmava em suas aulas e palestras, ciência e política nunca andam separadas, do mesmo modo a ideologia e teoria. Cabe a nós revolucionários cavarmos nossas trincheiras nesse embate ideológico e teórico e refutar o que é muitas vezes naturalizado pela própria esquerda.

Quando pensamos em intelectualidade, teoria, ideias e ciência, a imagem que logo vem na nossa cabeça é a da universidade, nela realmente ocorrem grandes debates, só que maioria da população mal tem o direito básico de ter uma educação básica de qualidade, quiçá entrar na universidade, onde normalmente o conhecimento mais profundo se torna acessível. Contudo, mesmo assim, não é tão simples, privada ou pública, os problemas para um jovem pobre se manter no ensino superior são imensos, neste contexto de profunda crise econômica e política que nos encontramos é ainda mais complicada a situação, sendo que agora pouco o governo golpista deTemer anunciou mais um corte de 45% no orçamento das universidades federais.

Desde crianças aprendemos que devemos estudar para ter um emprego, ou se conseguirmos passar através do filtro elitista do vestibular, entrar na academia, quem sabe uma pós, talvez publicar um livro e se tornar um professor ou intelectual renomado, ainda baseado nos valores de competitividade impostos pelo capitalismo. Ou seja, ou podam nossas potencialidades para virar mão de obra desqualificada para o capitalismo ou para aprisionar nossas mentes em universidades que não estão à serviço da sociedade. Parafraseando Paulo Freire, somos educados para nos tornarmos opressor.

Queremos disputar o conhecimento, queremos nos apropriar dele, e não gerar mais uma patente para uma empresa. Queremos criar os nossos intelectuais organicamente ligados à classe trabalhadora e as suas lutas, não aceitaremos mais ficar encastelados em bibliotecas com um conhecimento que muitas vezes não serve para nós, mas serve para o outro lado, da classe burguesa, da elite racista, machista e LGBTfóbica, como o tão propagado mito da democracia racial.

Nós do Esquerda Diário, nos propomos a disputar a hegemonia. Tudo é capaz de se teorizar, desde como funciona um motor à combustão até de que o universo é feito. Desde como o preço do tomate aumentou até como funciona o modo de produção capitalista e seus limites. Queremos refletir sobre tudo o possível e tomar a posse do conhecimento das cátedras das universidades, e dizer que também pensamos, teorizamos e vamos fazer isso do nosso modo, a partir da nossa visão do mundo, dos trabalhadores e oprimidos, queremos levar o conhecimento e debate para fora da academia, às fábricas, levar a aqueles que sempre foi negado o direito de refletir e debater temas e assuntos que influenciam diretamente suas vidas.

O Jornal operário Pravdacumpriu esse papel nos anos precedentes da revolução Russa, além das centenas de denúncias feita por operários que eram publicadas, também por meio dele se faziam debates teóricos, estratégicos e políticos que foram de extrema importância e ajudaram a formar toda uma massa consciente de trabalhadores e oprimidos que participaram da revolução. Nos desafiamos pela construção de uma imprensa leninista nesse novo período que se abriu na crise de 2008, onde novas formas de pensar surgem, onde a confiança nas instituições e partidos está oscilante e grandes levantes da juventude e de trabalhadores aparecem, como foi em junho de 2013 e também mais recentemente na França. Nesse contexto o debate teórico e ideológico é de extrema importância, e queremos influenciar a consciência de milhares de pessoas.

Nesse sentido, queremos convidar a todos que interessados por teoria, mas mais que isso, todos que querem transformar o mundo ao lado da classe trabalhadora oprimida e da juventude, a ser um correspondente da seção de Teoria do Esquerda Diário. Envie-nos suas reflexões, leituras, brisas sobre assuntos que julgue interessante para colaborar conosco.

 
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