O estudante de 17 anos ainda vestia roupa do trabalho e procurava uma vaga para o período noturno numa escola da região quando foi baleado nas costas pela Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas (Rocam). Hipocritamente, no boletim de ocorrência registrado na 2ª Delegacia Seccional a polícia declara que o disparo, que atingiu o jovem nas costas enquanto andava de moto, foi acidental.
O jovem foi levado ao hospital e passou por uma operação no mesmo dia em que foi baleado, já havia perdido um rim e seguia recebendo muita solidariedade de colegas de escola, professores e moradores da região que organizaram doação de sangue e visitas constantes.
A moto em que andava foi devolvida a sua irmã e a arma usada pelo policial para atirar no jovem foi recolhida pela perícia. O caso será investigado pela Corregedoria da Polícia Civil e infelizmente sabemos que no Brasil onde a polícia investiga seus próprios crimes, forja provas e massacra jovens negros e pobres nas periferias, não costuma existir justiça quando o assassino está fardado.
Segundo dados do Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública de SP, mais de 90% dos casos de assassinatos feitos por policiais são classificados como resistência seguida de morte são arquivados sem nem mesmo ir a julgamento. Os mecanismos da justiça dos ricos protegem a polícia e a responsabilidade do Estado com as tantas mortes de jovens no país.
Diferente do que o governo Alckmin diz ao tentar justificar o fechamento de escolas, Renan era um de tantos jovens que precisa estudar a noite para trabalhar e ao tentar pedir sua transferência recebeu como resposta salas fechando, escolas que parecem verdadeiras prisões e uma polícia assassina como esta. Infelizmente Renan não foi o primeiro estudante da região a sofrer tamanha brutalidade policial, e provavelmente não seja o último, é um entre tantos jovens trabalhadores da periferia que fazem parte de um massacre que acontece com a juventude.
Muitos estudantes da região foram ao hospital ainda na noite de ontem prestar sua ultima homenagem. Muitos jovens, professores e moradores estarão esta manhã na última despedida. A dor da perda de mais um jovem assassinado pela polícia sob responsabilidade desse Estado, fortalece a certeza de que é preciso resistir e se organizar para combater esse sistema capitalista miserável que com seus governos e polícia não garante nem o direito a vida da juventude.
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