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RACISMO NA MEDICINA
Médica que se manifestou nas redes sociais contra elitismo sofre ataques racistas
Fernando Pardal

Ficou famoso em todo o país o caso do médico que zombou de seu paciente nas redes sociais dizendo que “não existe peleumonia nem raôxis”. Júlia Rocha respondeu à altura, sem sequer citar o colega de profissão.

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Guilherme Capel ficou, plantonista no Hospital Santa Rosa de Lima, ficou conhecido no país inteiro após zombar de um paciente na internet, destilando um tipo de elitismo tão característico de uma expressiva parte dessa categoria em nosso país, o que é um fruto direto do fato de que a medicina continua sendo uma das profissões mais elitistas e racistas, e dessa forma um campo fértil para mentalidades racistas, preconceituosas e atrasadas. Basta que lembremos as manifestações contra o programa do governo petista, “Mais médicos”, em que as ofensas racistas se somavam a um corporativismo e um autêntico desprezo pela população pobre para combater a vinda dos médicos cubanos para o atendimento no Brasil.

Guilherme Capel foi afastado, assim como duas enfermeiras que endossaram sua absurda atitude, e hoje se lamenta na internet por ter perdido todos os seus empregos, enquanto tenta hipocritamente divulgar seus pedidos de desculpas afirmando que foi divulgada uma imagem “distorcida” dele. Ele declarou: "Eu praticamente moro em hospitais e não dá para ficar falando o tempo todo de doença, de tristeza, é preciso dar risada. Talvez hajam brincadeiras melhores, mas eu nunca debocharia de um paciente, não é do meu caráter, não é da minha crença", e ainda disse "Foi pintada a imagem de um Dr. Guilherme que não existe, uma pessoa que eu condeno, uma pessoa má, uma pessoa que olha as pessoas por cima. Eu não sou assim, eu não sou essa pessoa".

Seria mais fácil acreditar em suas lágrimas de crocodilo se não convivêssemos em tantos hospitais e postos de saúde com tantos médicos que reproduzem exatamente o comportamento que vimos expresso em Guilherme. A atitude afetada de Guilherme, que expressou como se sente superior a seus pacientes através do preconceito linguístico em relação a variante popular para utilizada por um de seus pacientes, é algo que afeta diretamente a saúde das pessoas que dependem desses profissionais para terem acesso ao atendimento básico de saúde ou até em casos mais graves.

Se é essa a atitude quanto a dois termos usados pelo seu paciente, que dirá o que é a falta de preocupação completa em que as pessoas atendidas entendam sua enfermidade, qual o tratamento, como ele deve ser administrado, quais seus possíveis efeitos colaterais, entre outras coisas. O médico raramente ouve seu paciente, e muito menos discute com ele a sua saúde; o procedimento de anamnese, que consiste na mais elementar das atitudes de um médico – a de ouvir a história de seu paciente e procurar entender sua saúde como um todo, e não apenas uma lista de sintomas a serem erradicados – é praticamente uma exceção nos serviços de saúde públicos.

“Existe sim peleumonia”, disse Júlia Rocha, indignando os racista e elitistas

Em uma atitude muito destoante do que é o tom predominante entre tantos “doutores”, a médica Júlia Rocha, que trabalha com saúde da família e de comunidade (o que em si já é uma “subversão” em uma área em que a prevenção e o atendimento básico são visto como áreas “inferiores” em relação ao atendimento ultra especializado em consultórios particulares para pacientes que tenham muito dinheiro disponível), fez uma simples postagem em seu perfil do Facebook. Ela dizia:

“EXISTE PELEUMONIA.
Eu mesma já vi várias. Incrusive com febre interna que o termômetro num mostra. Disintiria, quebranto, mal olhado, impíngi, cobreiro, vento virado, ispinhela caída. Eu tô aqui pra mode atestá. Quem sabe o que tem é quem sente. E eu quero ouvir ocê desse jeitinho. Mode a gente se entendê. Por que pra mim foi dada a chance de conhecê as letra e os livro. Pra você, só deram chance de dizê.
Pode dizê. Eu quero ouvir.”

A repercussão de sua postagem foi imensa, com mais de 67 mil compartilhamentos. E, evidentemente, trouxe à tona o ódio dos defensores e propagadores de atitudes como a de Guilherme Capel. Júlia foi vítima de uma postagem de ódio feita por Milton Pires, médico do Rio Grande do Sul. A postagem, reproduzida abaixo, dizia:

“Essa ’entidade’ da foto apresenta-se ao mesmo tempo como médica especialista em Medicina da Família e Comunidade, preceptora de residentes e ’cantora’...Foi ela quem atacou o guri que fez postagem sobre ’PELEUMONIA’ e perdeu o emprego na Santa Casa....Conheço o tipo...Esse é o tipo de gente que sai escrevendo que ’agora é a vez da senzala’ e ’a casa grande não admite’
Essa aberração NÃO é médica, nem preceptora nem cantora nem PORRA NENHUMA - é bandida PETISTA !!!!”

Diversos comentários racistas se seguiram. Frente à denúncia de Júlia na mesma rede, Milton voltou ao ataque:
“para essa MAU CARÁTER dar print e me ’denunciar’ para o Facebook ! AINDA TEM A AUDÁCIA DE ME CHAMAR DE ’RACISTA’ - RACISTA É A PUTA QUE TE PARIU !!! VOCÊ É PETISTA !!! PODE SER BRANCA, PRETA, AZUL, OU VERDE !!! NÃO MUDA NADA !!! NÃO RESPEITO VOCÊ NEM SUA CORJA DE PETISTAS NEM SUAS DENÚNCIAS NEM COISA ALGUMA. O DESTINO DE VOCÊS É CURITIBA !!”

A postagem de Milton segue no ar e seu perfil também, apesar de tantas denúncias que já foram feitas até o momento.

 
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