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CUT E GOVERNO GOLPISTA
A CUT não está contra os ajustes de Temer
Ana Paula

A CUT, ao longo de décadas, mas em especial durante toda a gestão do PT à frente da república, cumpriu um papel de freio das mobilizações, traindo as lutas em curso, fazendo acordos cada vez mais profundos com a patronal e permitindo um aprofundamento da terceirização no país. Não se somou às imensas manifestações de junho de 2013, pois uma ação da classe trabalhadora naquele cenário de efervescência política, no qual a juventude levantava questões como saúde, educação e transporte padrão FIFA, atingiria em cheio seus governos, que levavam à frente políticas antipopulares e repressivas, assim como o fizeram para garantir a Copa em 2014.

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Frente ao cenário de crise econômica, apresentou o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que reduz a jornada de trabalho com redução dos salários, levando à derrota as greves de montadoras como Volks e Mercedes, e várias outras empresas no país, iludindo os trabalhadores com a ideia de que a saída para manutenção dos empregos está num acordo com os governos e patrões, e não na luta de classes. Entretanto, com o PPE chegando ao fim, e dentro de uma conjuntura mais à direita, que prevê mudanças na previdência, arrocho salarial, e mais demissões, não organiza ao menos uma assembleia de base para organizar um plano sério de lutas contra as demissões massivas que ocorrem hoje em sua base.

Durante todo o período que precedeu ao golpe institucional, a CUT anunciava jornadas falidas de luta, enquanto os trabalhadores da Karmann Ghia, em São Bernardo do Campo, não recebiam seus salários há meses, nem mesmo o 13º, direito previsto na Constituição de 1988, o seu sindicato levava à frente uma ocupação que infelizmente até hoje não tem nenhum apoio da CUT para que tenha projeção ou seja vitoriosa. Esta foi precedida por uma greve também chamada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ao passo que a Volks, cliente exclusiva da empresa estava em férias coletivas, encerrando a greve no momento de retorno do funcionamento da montadora. Traindo mais uma vez os trabalhadores.

Além disso, a CUT chamou “jornadas de luta” fracassadas, como os 10 de maio e 10 de junho, sem uma organização na base das categorias, impedindo que elas pudessem ir à luta em defesa de seus direitos, e em solidariedade a outras categorias em luta, como a USP, as estaduais paulistas e os professores do RJ. Nem mesmo aparecendo como força nos atos Fora Temer.

Hoje, com o golpe institucional consolidado no país, que terá seu desfecho em agosto, Lula, cujo interesse é ser parte do pleito, está realizando visitas no interior do país, chegando ao cúmulo de orientar sua militância e setores sinceros que estão contra o golpe a não bradarem o “Fora Temer”, mas sim mandarem mensagens de whatsapp aos Senadores, “pedindo gentilmente” pelo retorno de Dilma. Tática seguida por Dilma, que recentemente em entrevista elogiou o golpista Henrique Meirelles (Ministro da Fazenda), chamando-o de competente; talvez seja pelo nível de ataque e privatizações que anuncia realizar nas costas dos trabalhadores, para nos fazer pagar pela crise! Além de sua base no congresso que ajudou a eleger Rodrigo Maia (DEM), um dos articuladores do golpe institucional à presidência da Câmara.

É em meio a essa crise que atravessa o país e que poderia servir de plataforma para uma luta operária fortíssima contra o golpe e os ataques aos direitos trabalhistas, que a burocracia sindical petista chama a greve geral. Mas, ao não organizar um plano de lutas sério, com assembleias de base, piquetes, cortes de rua, atuando como uma verdadeira coluna de sustentação dos ataques do golpista Temer, no sentido de não se colocar contra os ataques de forma contundente, esse chamado à greve geral de agosto não passa de uma falácia com palavras ao vento.

Por isso, é mais do que necessário que desde já a CUT e CTB rompam imediatamente com sua paralisia, adaptada aos anos e anos de conciliação de classes promovida pelo petismo, e coloque sua base em movimento, com métodos radicalizados da classe operária, com greves, piquetes, assembleias, ocupações quando necessário, cortes de rua, sendo consequentes com a situação nacional, e os anseios dos milhares de jovens e trabalhadores que são contra o golpe institucional, e os ajustadores do golpista Temer, que querem uma reforma trabalhista estendendo a semana de trabalho para 60 horas, tomando como exemplo os trabalhadores franceses em sua luta contra a reforma trabalhista de Hollande. Uma vez que esta medida burocraticamente controlada de um ato em meados de agosto não responderá a essas necessidades, ao contrário, seguirá construindo ilusões que num possível retorno de Dilma as coisas melhorarão.

É preciso impedir as demissões e a redução salarial. Toda empresa que alegue falta de verbas para manter salários e empregos deve abrir sua contabilidade para mostrar para onde foi o dinheiro que lucrou. Contra a inflação e o desemprego que aumentam a taxa de mais valia absoluta extraída pela patronal, deve-se levantar escala móvel de salários e de horas de trabalho, reduzindo a jornada sem redução salarial, ocupando todos os que estão aptos ao trabalho. As que ameacem fechar ou demitir em massa, precisam ser ocupadas e postas a produzir sob controle operário, sob responsabilidade do Estado que garanta matérias-primas. Estas medidas anticapitalistas, de autodefesa dos trabalhadores, que devem ser o conteúdo de uma nova Constituinte imposta pela luta, contra o regime político de 1988, exigem naturalmente um choque com o regime político dos capitalistas; por isso, foram “esquecidas” pelo PT.

A única forma de derrotar esses ataques é cercando de solidariedade as lutas em curso e, como na França, confiar nas forças do movimento operário unificado com a juventude.

 
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