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DA SENZALA AOS TEMPOS MODERNOS
As mulheres negras seguem sendo a carne mais barata
Jenifer Tristan
Estudante da UFABC
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Em Goiás no município de Cavalcante o povo Kalunga, uma comunidade Quilombola ao norte da chapada dos Veadeiros, que, sob condições precárias, mantém suas tradições e resistência na luta pela demarcação de terras quilombolas. Eles vivem no Sitio e Patrimônio cultural Kalunga, como o povoado fica longe dos centros urbanos e sem muitos recursos, as famílias permitem que as crianças, meninas negras e pobres, trabalhem como domésticas da classe média de Cavalcante, acreditando ser uma ótima oportunidade para que suas filhas possam cursar a escola e ajudar em casa.

O que acontece é que ao ir para a casa desses senhores fazer trabalhos domésticos, essas meninas que tem entre 11 e 17 anos são estupradas e mantidas como escravas sexuais. O caso não é novo, os estupros às mulheres calungas sempre existiram diz uma vitima de 31 anos que sofreu abuso aos 9 anos de idade.

Essas meninas têm a infância perdida, já sofrem com todo o histórico de racismo vindo da escravização de seus antepassados, pois o povoado Kalunga é de descendentes de escravizados fugitivos e libertos das minas de ouro, meninas que assim como acontecia no período da escravidão são tiradas do seio de suas famílias e tem que cumprir as tarefas da casa e ser estupradas por homens que segundo a lei, seus algozes.

A maioria dessas meninas sofrem caladas, pois sem ao menos o amparo da família, são obrigadas a sofrer abuso sexual e não denunciar por medo de serem mortas ou muitas vezes decidem que vão aturar até acabar os estudos como uma perspectiva de mudar de vida.

O estado é omisso e culpado

O Ministério Publico sempre teve conhecimento dos casos, muitas das denúncias são arquivadas porque os acusadores são poderosos da cidade e ameaçam as famílias das meninas que sem recursos seguem caladas e acuadas se submetendo aos abusos, o caso mais recente e escandaloso é o do vice-presidente da Câmara Municipal, Jorge Elias Ferreira Cheim (PSD) de 62 anos que mantinha como escrava sexual uma jovem kalunga de 12 anos. Cheim é marido da atual vice-prefeita da cidade Maria Celeste Cavalcante Alves (PSD). Ao levar a frente a denuncia a juíza da cidade Úrsula Catarina Fernandes Siqueira Pinto, esposa do primo de Cheim, recebeu a denúncia no dia 30 de outubro de 2014, e até o momento em que escrevo essa matéria Cheim se mantem livre e sem nenhum julgamento mesmo depois de já ter sido provado por laudo que Jorge Cheim mantinha relações de abuso sexual com a jovem. Porém, como a justiça só existe para garantir o direito dos ricos, o político se mantem em liberdade e o povo kalunga que até hoje não tem a titularidade de suas terras encontra-se em total desamparo da lei.

Sobre os direitos das mulheres negras nenhum passo atrás

No processo de escravização dos negros no Brasil as mulheres sempre ficaram com as tarefas domésticas e os estupros perpetuados ao longo da história, milhares de caso onde os senhores tinham filhos com as escravas da casa, essa era a realidade do Brasil em meados do Sec. XIX. Mas Cavalcante nos mostra que mesmo com o fim da escravização institucional as mulheres negras sofrem até hoje com a mercantilização de seus corpos. E a impunidade da escravização dos povos africanos se mantem até hoje, onde seguem impunes milhares de casos como esse se repetem pelo pais sem qualquer punição.

 
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