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TEATRO
Carne, uma peça da Kiwi companhia de teatro
Gabriela Farrabrás
São Paulo | @gabriela_eagle
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A peça “Carne – arte substantivo feminino” da Kiwi Companhia de Teatro traz aos teatros a discussão da relação do patriarcado com o capitalismo, uma relação extremamente intricada da qual algumas correntes do feminismo como o feminismo liberal simplesmente se esquecem.
A peça inspirada nas autoras Elfriede Jelinek, prêmio Nobel de literatura em 2004, e na obra da historiadora Michelle Perrot, se inicia saudando Clara Zetkin, Alexandra Kolontai, Rosana Luxemburgo, diversas mulheres importantes historicamente, mas que são apagadas, além disso saúdam as mulheres trabalhadoras, negras e indígenas.
Duas mulheres ocupam o palco o tempo todo. Na primeira cena elas dividem o palco com utensílios domésticos. Os sons desses utensílios, os movimentos da vida doméstica são repetidos a exaustão enquanto reproduzem letras extremamente machistas do cancioneiro brasileiro – a cultura está impregnada pela ideologia do patriarcado para que se reproduza -; elas já denunciam, para a sociedade capitalista o lugar da mulher é o ambiente doméstico, o lar, o privado.
A mulher e sua dupla jornada de trabalho porque tem como obrigação estar no ambiente privado e não pode abandoná-lo para estar no ambiente público, isso quando frequenta espaços públicos, a maioria das mulheres ainda vivem suas vidas entre a cozinha e o quarto do filho que chora e que é responsabilidade apenas sua, mesmo quando não é mãe solteira; na cena o choro estridente corta as falas das atrizes. Assim o é no sistema capitalista que se alimenta e se sustenta com a escravização da mulher no lar.
O patriarcado mantem a mulher refém no espaço privado, também a mantem refém do mercado da beleza, que lucra objetificando a mulher e impondo a ela um padrão a seguir. O mercado publicitário sexualiza a mulher, a torna um objeto, enquanto a tranca em casa para ser a “bela, recatada e do lar” - como colocou a revista Veja na capa ao se referir a Marcela Temer. No telão no fundo do palco se projetam mais e mais propagandas publicitárias aterradoras onde a mulher é um objeto do homem.
No mesmo telão aparecem os números de violência contra a mulher. Eles são muitos e são enormes. As atrizes leem o relato de um estupro. Se a mulher não pode estar no ambiente público seu corpo, pelo contrário, é público e nunca cabe a ela decidir sobre ele.
“Carne” é uma peça extremamente necessária para se entender a relação entre patriarcado e capitalismo, para entender que a luta contra o machismo é a luta contra esse sistema que lucra com a escravização da mulher no lar, com a objetificação de seu corpo, do ser mulher, que diz dia após dia que a mulher não é um ser, é algo, que pertence a sociedade. O começo do fim do machismo é o fim do capitalismo, e essa luta só pode se dar com mulheres e homens, jovens e trabalhadores lutando lado a lado.

Serviço:

Teatro Cacilda Becker
Dia 15 de maio de 2016 às 19:00; Diariamente de 13 a 14 de maio de 2016 às 21:00
Preço: Entrada Gratuita
Endereço: Rua Tito, 295, Lapa.

Teatro Martins Penna
Dia 21 de maio de 2016 às 20:00
Preço: Entrada Gratuita
Endereço: Largo do Rosário, 20, Penha

Centro cultural da Penha
Dia 22 de maio de 2016 às 19:00
Preço: Entrada Gratuita
Endereço: Largo do Rosário, 20 Penha. 03634-020

Teatro Alfredo Mesquita
Dia 29 de maio de 2016 às 19:00; Diariamente de 27 a 28 de maio de 2016 às 21:00
Preço: Entrada Gratuita
Endereço: Av. Santos Dumont, 1.770, Santana.

 
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