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DISCURSO DILMA 1 DE MAIO
Dilma faz discurso de passivização. As centrais devem convocar assembleias para paralisar de fato no 10M
Marcella Campos

Com a votação do golpe se aproximando no senado, próximo dia 11, Dilma foi a São Paulo discursar no 1º de maio convocado pelas centrais sindicais CUT e CTB, pelo PSOL, além de movimentos sociais como MTST e Frente Povo sem Medo, mas com discurso que não chama a militância petista e da CUT a lutarem de fato contra o golpe.

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Em um tom explicativo Dilma atribuiu a oposição de direita, nominalmente a Eduardo Cunha, a atual crise econômica do país, já que estes impedem medidas propostas pelo governo federal na tentativa de aliviar a crise. Só não mencionou, é claro, que foi seu governo que, por ter assimilado os métodos dessa mesma direita, por ter aplicado os ajustes que ela pedia e ao mesmo tempo contido a resistência aos "seus" ataques, abriu espaço para essa estes que agora querem implementar os mais duros ataques aos trabalhadores pelas suas próprias mãos.

Dilma anunciou um reajuste com media de 9% para o Bolsa Família e disse ainda que em um possível governo Temer os gastos sociais seriam profundamente atacados por cortes, tirando o beneficio do Bolsa Família de mais de 36 milhões de pessoas. A presidente denuncia cortes do possível governo golpista de Temer ao mesmo tempo em que corta verbas da educação e ataca diversos direitos trabalhistas. Foi dessa maneira que o governo de conciliação petista "entre empresários e trabalhadores" veio atacando os trabalhadores.

Em meio ao processo golpista, que segue avançando, de Cunha, Bolsonaro, PSDB e PMDB, não há nenhum indicio de que Dilma e o PT queiram dar uma verdadeira batalha que barre o golpe da direita.

De fato, a "oposição cautelosa" apregoada por Lula a um eventual governo Temer deriva do fato de que o golpe "preserva" em alguma medida o PT: seriam praticamente nulas as chances eleitorais petistas se Dilma continuasse sendo sangrada até 2018. Daí a distância entre o que dizem e o que fazem as entidades petistas: por baixo das palavras aguadas de "resistência até o fim", transmitem por contrabando a sensação de que o golpe já passou, como intuito de apostar no desgaste que a condução da crise econômica despeja na direita para poder rejuvenescer-se sob a figura de Lula em 2018.

Assim, com o discurso morno e de vitimização desse primeiro de maio, que consolida a contenção e dissemina a passividade ao negar-se a organizar as bases operárias dirigidas pela CUT e CTB com seus próprios métodos para frear a direita, construindo mobilizações reais de trabalhadores. Dilma fala contra o golpe, mas deixa no ar o que já se discute nos bastidores do governo e em setores do PT, a possibilidade de renúncia da chapa Dilma/Temer e a convocação de eleições presidenciais antecipadas em outubro.

Até mesmo o Dia Nacional de Luta chamado por resolução da CUT para 10 de maio é lançado com um sentido de miragem: nenhuma preparação nas bases para que a jornada tenha adesão massiva, e que paralise os principais centros da economia. Um silêncio que equivale a boicote por uma burocracia sindical que mesmo depois do golpe tem mais medo da radicalização das bases operárias do que do avanço da direita. O sindicato dos professores do estado de São Paulo é o maior sindicato da América Latina e, ainda assim, Bebel Noronha, presidente do sindicato, fala contra o golpe, mas para nada vai além de falas, até mesmo o próprio dia 10 de maio foi deixado de lado na última assembleia da categoria, conforme denunciamos aqui.

O discurso de “não vai ter golpe, vai ter luta” que se ouviu no primeiro de maio, na prática deixou de existir, e assim como o próprio governo, as burocracias sindicais governistas já aceitaram a derrota e parecem querer gritar alegremente “teve golpe” visando às próximas eleições, seja em outubro ou em 2018. O discurso de Dilma só veio a referendar o 1º de Maio, dia Internacional do Trabalhador, organizado pela CUT, esvaziado e sem luta. Como se a classe trabalhadora tivesse algo a comemorar com os sucessivos ataques do governo federal e a ameaça do golpe da direita que só piorará as condições de trabalho com o avanço da terceirização e os ajustes.

A estratégia petista, depois de ver fracassar suas tentativas nas negociações de bastidores com a direita mais reacionária como PP, PR e PRB, e passar à pressão ao Senado, agora insinua jogar a cartada das eleições presidenciais antecipadas, para tratar de passar a fatura a Temer e mostrá-lo como "aquele que negou o direito da população escolher pelas urnas". Entretanto, politicamente um anúncio como esse estaria muito próximo de sinalizar a abdicação do discurso que veio levando Dilma até agora de que "resistirá até o fim". Quais contradições isso abriria no amplo espectro democrático que se convenceu em repudiar o golpe, mas não de preservar o PT para 2018? Um eventual sentimento de que "agora fomos deixados a nossa própria sorte" poderia enfraquecer o poder de contenção da burocracia sindical petista, já mais enfraquecida depois do impeachment?

É preciso impor às burocracias sindicais como a CUT e CTB rompam de vez com sua submissão ao governo que nesse momento está perdendo a batalha do impeachment, e saia da paralisia organizando um plano de lutas sério uma greve geral já contra o golpe institucional e os ataques dos governos, começando pelas categorias em luta como no Rio de Janeiro.

O MRT, a Juventude Faísca, juntos ao Esquerda Diário e independentes denunciaram essa paralisia formando um bloco vivo e combativo de mais de 400 trabalhadores de diversas categorias, juventude secundarista e universitária em luta, mulheres, negros e LGBTs, que exigiam que a CUT e CTB, além das entidades estudantis, organizem de fato em cada categoria e em cada local de estudo uma luta radicalizada com greves pela base, assembleias e ocupações, a exemplo dos secundaristas, contra o golpe.

Nós do MRT e Faísca vamos batalhar na base para construir um grande dia de paralisação nacional no 10M, exigindo em todas as categorias onde estamos que a CUT rompa sua paralisia e organize a greve pela base nesse dia, a partir de assembleias nos locais de trabalho.

 
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