Desde as primeiras horas deste 24 de Janeiro estivemos realizando a cobertura da paralisação nacional na Argentina que levou diversas categorias de trabalhadores e movimentos sociais a tomar as ruas de todo o pais contra os ataques da extrema direita do governo Milei. Selecionamos neste artigo alguns destaques deste forte dia de mobilizações e apontamentos de como seguir esta batalha até derrotar todo o ajuste!
A mobilização começou com a paralisação dos aeronautas e dos trabalhadores dos aeroportos e aeroparques. Devido aos sistemas de trabalho e horários de voo, os pilotos iniciaram a medida na noite de terça-feira. Foram quase 300 voos cancelados.
Martin Brat, aeronauta, militante do PTS (partido irmão do MRT na Argentina) e delegado sindical da empresa terceirizada GPS, uma das maiores empresas que prestam serviços a Aerolíneas Argentinas, afirmou em entrevista a imprensa "chegamos em uma coluna de mil trabalhadores, votamos a favor dessa mobilização em assembleia, estamos juntos com todos os demais trabalhadores aeronáuticos pela defesa dos nossos direitos.”
Veja abaixo a entrevista de Martin Brat a nossa correspondente Marcella Campos:
Marcella Campos, professora de SP, membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas e correspondente do Esquerda Diário esteve desde as primeiras horas nos atos mostrando a massiva manifestação que ocorreu em Buenos Aires logo que a paralisação nacional que estava marcada para 12h começou a tomar corpo e encher as ruas.
O PTS que faz parte da FIT-U (Frente de Esquerda e dos trabalhadores - Unidade), partido irmão do MRT na Argentina, participou da mobilização como parte do bloco independente. Com a presença dos seus principais líderes políticos como os deputados nacionais Myriam Bregman, Nicolás del Caño, Christian Castillo e Alejandro Vilca. Também com a presença de seus reconhecidos dirigentes sindicais como Raúl Godoy, Martín Brat (que mostramos acima), Claudio Dellecarbonara, Nathalia González Seligra, Vanina Mancuso, entre outros.
Os deputados da Frente de Esquerda possuem uma atuação cotidiana dentro e fora do Parlamento, utilizando sua posição para fortalecer as lutas dos trabalhadores e de todos os setores oprimidos. Compõem o parlamentarismo revolucionário que hoje se enfrenta com os ajustes do Governo de Milei nas ruas, buscando impulsionar a mobilização em cada local de trabalho e de estudo.
Deputados revolucionários da esquerda Argentina, militantes do Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS) falam para a TV E! direto de Buenos Aires no ato contra os ataques do governo de extrema-direita direita de Milei. pic.twitter.com/vPrnxmYXmx
A paralisação contou com a participação de docentes da rede pública de ensino e também das universidades, trabalhadores da imprensa, da saúde, limpeza urbana, caminhoneiros, judiciais e muitos outros. Sindicatos como ATE (Associação de trabalhadores do Estado) anunciaram que 95% de seus filiados aderiram a paralisação.
O sindicato dos trabalhadores do turismo, hotelaria e gastronomia da Argentina também aderiu e os bancários paralisaram a partir do meio-dia. Nas fábricas do país foi grande a adesão por parte dos operários. Diversas fábricas do país, incluindo Toyota, Stellantis e Ford, ficaram paradas. Nesta matéria se pode ver em mais detalhesa paralisação em cada local de trabalho pelo país.
Os transportes de logística de cargas aderiram à paralisação desde as primeiras horas do dia, mas o sindicato dos transportes públicos (Metrô, trens e ônibus) aderiu à paralisação apenas a partir 19 horas, em comum acordo com a CGT, o que debilitou a participação de um grande contingente de trabalhadores, como os próprios trabalhadores do transporte e os setores informais ou sem direitos sindicais por causa da coação que exercem as empresas e as patronais.
Marcella Campos esteve durante o ato com o sindicalismo combativo, organizações sociais independentes, assembleias de bairro autoconvocadas, Unidos pela Cultura e a esquerda que construíram um bloco independente, propondo a continuidade das lutas até derrotar o ajuste.
Veja imagem aérea do bloco independente:
Desde o Brasil organizações de esquerda e sindicatos também aderiram ao movimento de rechaço aos ataques do governo de Milei e em solidariedade à Greve Geral que acontece na Argentina nesta quarta-feira. Nós do Esquerda Diário e do MRT, organização irmã do partido revolucionário argentino PTS, estivemos presentes em frente aos consulados e embaixadas argentinas no Brasil para fortalecer também aqui a luta contra a extrema direita, sem nenhuma confiança na conciliação de classes que sempre se volta contra os trabalhadores, o povo pobre e os setores oprimidos.
A mobilização massiva dos argentinos neste dia 24 de Janeiro foi um primeiro passo no caminho para derrotar todo o ajuste de Milei, do FMI e dos patrões. Neste artigo sintetizamos algumas primeiras lições preparando m novo dia com greve nacional, mobilizações e piquetes no dia em que a Lei Ônibus (uma série de ataques contra os trabalhadores e estabelecendo poderes quase ditatoriais a Milei) for discutida no Congresso.
Seguiremos a cobertura e o apoio internacionalista a mobilização na Argentina.