Um dia depois da jornada de luta estudantil de 24 de Março, centenas de estudantes se concentraram novamente em frente ao estabelecimento escolar localizado no bairro 19 de Paris: alunos vindos de outras escolas, estudantes do Henri Bergson e pais de alunos.
A manifestação tinha como objetivo protestar contra a violência policial cometida em frente à escola no dia anterior em decorrência de um bloqueio contra a lei de reforma trabalhista.
“Não somos animais”. Com estas palavras um estudante do colégio Henri Bergson expressou sua indignação contra a violenta repressão exercida na manhã de ontem em frente ao estabelecimento.
Outro estudante explicava que “o ambiente era tranquilo em comparação a outros bloqueios que já foram feitos antes, havia somente ovos e farinha, mas não era contra os policiais. De repente, agarraram um estudante que estava tranquilo em uma esquina, escutando música e discutindo com seus companheiros. Não nos agradou, porém não tivemos tempo de reagir à uma violência que se abateu contra nós como nunca havíamos visto”.
De acordo com um estudante do segundo ano, a cena que aparece no vídeo que viralizou na internet não é mais do que uma pequena amostra do que eles viveram.
“Não nos deixaram filmar com nossos celulares, e como não podíamos filmar, vinham e nos ameaçavam, nos diziam que se não parássemos iam nos levar para trás do caminhão da polícia que estava estacionado ali e que iam nos pegar, violar e matar.”
No dia seguinte da cena de violência policial e do escândalo gerado pela difusão do vídeo na internet e na mídia, o subchefe da polícia deslocou-se até a escola para “dar explicações” diante dos estudantes.
Porém alguns não estavam de acordo: “se eles querem vir falar com a gente, que venham aqui, na porta da escola. Nós estamos aqui para protestar contra o que ocorreu”.
Alguns minutos mais tarde, os secundaristas e outros estudantes do movimento autonomista chegaram e propuseram fazer uma manifestação. Desconfiados a princípio, em torno de 400 alunos partiram finalmente na caravana, porém uma boa parte voltou no momento em que uma minoria se dirigia ao comissariado. “Não é o que queremos fazer, só queríamos denunciar o que passamos ontem, mostrar à imprensa a maneira como a polícia nos tratou”.
Reunidos novamente em frente à escola, alguns alunos aceitaram a proposta da direção de fazer uma assembleia geral dentro da escola. Estudantes vindos de outros estabelecimentos foram bloqueados na entrada e impedidos de mostrar sua solidariedade com os alunos de Bergson.
Porém, uma simples barreira não nos impedirá de continuarmos nos solidarizando com Adam e todas as outras vítimas de violência policial. Nem sua repressão nos impedirá de lutar até o fim contra a lei de reforma trabalhista e a destruição de nosso futuro.
Autor: Nathan Bolet, estudante secundarista de Paris.
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