Na semana passada a Comuna da Terra Irmã Alberta, assentamento do MST a 21 anos, recebeu uma ordem de despejo. O local funciona atualmente como uma comuna agroecológica e cooperativa, além disso dentro do assentamento reside o Território Cultural Okaracy gerido pela companhia Antropofágica de teatro.
O terreno, que seria destinado a ser um lixão foi ocupado a 21 anos, pertencia à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), órgão que emitiu o pedido de reintegração de posse.
Não é atoa que o pedido de reintegração acontece neste momento, o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem como programa de seu governo a privatização do Metrô, da CPTM e da SABESP. Fica claro que a reintegração, além de ser um ataque ao MST, movimento social constantemente atacado pela extrema direita, como vimos recentemente na CPI do MST, é um ataque que já visa os planos de privatização da SABESP.
No último sábado (02/09) o MST realizou um ato e uma vigília cultural em conjunto com a Companhia Antropofágica contra a reintegração. A vigília cultural contou com a presença de diversos representantes de grupos de teatro, além de artistas de outras áreas. Além disso, mais de 150 grupos de teatro que atuam no Brasil mandaram apoio à companhia que resiste junto com o movimento social ao pedido de reintegração. A reintegração ataca também os grupos de teatro político que atuam em São Paulo e no Brasil, sendo o Território Cultural Okaracy um espaço de referência para os grupos, é um espaço onde ocorrem apresentações e onde é realizada uma escola de teatro político que forma militantes do MST e de outros movimentos sociais. O ataque a Comuna da Terra Irmã Alberta também é um ataque a uma cena artística que visa pensar a arte de maneira independente.