Os petroleiros do Centro Nacional de Controle Logístico (CNCL) da Petrobras Transportes (Transpetro) cruzaram os braços na noite dessa quarta-feira. Rejeitaram em uníssono “nova” proposta da empresa que corta seus salários em cerca de 13%. A “nova proposta” altera a proposta anterior de corte de 35% (!) em seus salários através da retirada de um adicional que reconhece o extremo desgaste de seu trabalho.
A Petrobras e sua subsidiária Transpetro apresentaram nova proposta de acordo coletivo na noite dessa quarta-feira mantendo importantes ataques a categoria como drástica redução da relação de trabalho/descanso aos trabalhadores de turno ininterrupto, alteração na formulação das garantias de emprego no caso de privatização de unidades, extinção de adicional de gasodutos e “extra-muros” a trabalhadores que realizam serviços industriais de inspeção, operação e manutenção em meio a faixas de dutos no país, entre outros ataques. Outro ataque importante no acordo coletivo acontece na Petrobras Biocombustíveis (PBIO) que não está acompanhando a mesma proposta de acordo da holding ou da subsidiária de Transporte e não oferece nenhuma garantia de emprego a sua centenas de trabalhadores em meio a iminente privatização da empresa.
Algumas estratégicas unidades da empresa, tais como as plataformas do campo de Búzios do Pré-Sal e o Terminal Aquaviário da Baía de Guanabara (TABG) já votaram mobilizações ou greves para os próximos dias, a PBIO fará uma paralização de 24 horas na sexta-feira (19).
A greve do CNCL é inédita em toda a história da empresa símbolo do país. Os trabalhadores da sede da PBIO retomam sua impactante mobilização de 2021, em meio ao auge da pandemia, mostrando novamente como o ataque a seus direitos e a essa empresa escancaram como a Petrobras sob mando bolsonarista e dos militares busca destruir conhecimentos e colocar todo o país à mercê do agronegócio. O exemplo das unidades que já cruzaram os braços pode servir de inspiração a todos petroleiros para defender seus direitos no presente acordo coletivo e mostrar a unidade da categoria em defesa de cada trabalhador, cada unidade, cada subsidiária para defender salários, empregos, condições de trabalho e impedir as privatizações. A divisão é o que facilita os ataques e as privatizações, greves e lutas isoladas local a local - e não nacionalmente – é o que permitiu privatizações como as acontecidas nas unidades da Bahia, Amazonas, Rio Grande do Norte, Sergipe e parte do Espírito Santo.
A Petrobras tenta dividir a categoria para impor inéditos ataques a seus setores mais estratégicos como o CNCL e o turno. A precarização do trabalho de um setor é a antessala do ataque a todos, e o que pode ser feito a categoria tão organizada como os petroleiros pode servir de exemplo para ataques.
O caminho para impedir a perda de direitos e as privatizações é a unidade dos trabalhadores, nenhuma privatização e perda de direitos será revertida esperando as eleições e a chapa de conciliação de Lula-Alckmin como mais de um petroleiro grevista vem falando em suas assembleias. A Vale nunca foi reestatizada em 13 anos de governo do PT, as privatizações da Petrobras começaram a ganhar corpo na gestão Graça Foster no governo Dilma, a manutenção e aprofundamento de perda de direitos não é estranha a gestões petistas como os petroleiros já viveram antes e nem falar os ecetistas dos Correios, e bancários da Caixa e BB. O bolsonarismo, a direita, e todos seus ataques e reformas podem e precisam ser derrotados através da luta da classe trabalhadora.
A greve do CNCL e outras ações de mobilização de outras unidades petroleiras precisam ser apoiadas vivamente por todos os petroleiros e pela classe trabalhadora.
As unidades mais mobilizadas da categoria, tal como o CNCL, PBIO e TABG, e plataformas do pré-sal, todas elas fazem parte do Sindipetro-RJ filiado a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). Mesmo na base do Sindipetro-RJ ainda há diversas unidades que precisam se somar à luta em defesa de seus próprios direitos e em solidariedade ao CNCL e PBIO. A FNP pode e deve cumprir um papel de busca ativa da unidade de toda a categoria através de organizar medidas de luta em outros estados que esta representa, entre eles as estratégicas unidades de Cubatão, Santos e São Sebastião e também exigindo que a Federação Única dos Petroleiros (FUP ligada a CUT e PT) não só grave vídeos e faça falas contra os ataques mas organize verdadeiros planos de luta, o que essa federação vem se recusando a fazer até mesmo em sindicatos não alinhados à cúpula sindical petista como o de Caxias (RJ).
É necessário que a esquerda e os sindicatos cubram de solidariedade essa greve. Trata-se de um setor estratégico de uma das categorias mais importantes do país em movimento. Todo apoio à greve do CNCL!
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