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Editorial MRT
Enfrentar o bolsonarismo e a direita na luta de classes
Diana Assunção
São Paulo | @dianaassuncaoED

Não se combate Bolsonaro, a extrema-direita e os militares junto com Geraldo Alckmin, a direita e os patrões. É preciso organizar a força dos trabalhadores, das mulheres, negros, indígenas, da juventude e LGBTQIAP+. Construir uma esquerda socialista e revolucionária com independência de classe.

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A próxima eleição de outubro não é uma eleição qualquer. É uma eleição depois de 4 anos deste odioso governo Bolsonaro, que ataca as mulheres, que assassina os ativistas ambientais e indígenas, e depois de já vários anos do golpe institucional que nós do MRT estivemos na linha de frente pra enfrentar de forma independente do PT. A cada dia vemos alguma notícia estarrecedora, como o estupro de uma mulher grávida durante seu parto, ou novos ataques bolsonaristas, como o assassinato de militante petista em Foz do Iguaçu.

Por isso, a grande questão que está colocada para todos é: como derrotar esse governo? Diante desta pergunta, alguns apresentam uma saída de conciliação, eleitoral e institucional, defendendo que para Bolsonaro não vencer as eleições será necessário se aliar com a direita, golpistas e patrões. Entretanto, essa saída não vai derrotar essa nova força social de extrema-direita que é o bolsonarismo, ao contrário, conciliar com nossos inimigos de classe historicamente sempre fortaleceu e deu sobrevida aos setores mais reacionários. Como apontou o professor Ricardo Antunes, em entrevista recente no Esquerda em Debate que vai ao ar no próximo sábado, é preciso trazer a burguesia para ser enfrentada no nosso ringue: as ruas, as fábricas, as greves, portanto, na luta de classes.

Conciliar e se propor a administrar o capitalismo já foi o que vimos durante os 13 anos de governo do PT. Foi isso que o PT fez quando deu espaço às Forças Armadas com a ocupação do Haiti, comandada por Lula com Augusto Heleno e militares que hoje estão na cúpula bolsonarista. Quando ajudaram o lobby da mineração e os magnatas da soja e do agro, hoje aliados de Bolsonaro, a enriquecerem às custas da fome enquanto traziam a bancada ruralista para base do seu governo. Quando enviaram uma carta ao povo de deus da bancada evangélica prometendo que o aborto não seria legalizado, hoje base importante do bolsonarismo, não falamos dos jovens e trabalhadores, mas da cúpula evangélica que lucra com a fé da população. Também quando potencializou o judiciário que a partir disso se sentiu um “poderoso partido” para fazer todo o tipo de autoritarismo. Tudo isso também fortaleceu o centrão, atual base de sustentação do governo Bolsonaro.

Em 2018 qual foi a estratégia para enfrentar a extrema-direita? Foi eleitoral e de conciliação. Haddad foi derrotado nas urnas. Naquele momento nós do MRT também participamos das eleições com uma feroz denúncia às eleições manipuladas que impediram que Lula pudesse ser candidato, sem prestar nenhum apoio político ao PT. Durante os 4 anos de governo Bolsonaro qual foi a atuação do PT e dos sindicatos que dirige? Uma oposição comportada que conteve qualquer possibilidade de mobilização, sempre dividindo as lutas, deixando passar sem nenhuma luta privatizações, como a da Eletrobrás, mais uma vez apostando tudo na estratégia eleitoral. 2023 virá com uma crise econômica robusta, uma força social alimentada pela conciliação que é a extrema-direita e com um provável novo governo do PT agora com o neoliberal Geraldo Alckmin.

Por isso, para derrotar a extrema-direita precisamos construir uma força política a partir da base, que organize a classe trabalhadora, as mulheres, negros, indígenas, LGBTQIAP+ e a juventude de forma independente de qualquer ala da burguesia. Mas que também saiba que a política de conciliação apresentada pelo PT e pela maioria do PSOL-Rede nos coloca em um beco sem saída e tem também como objetivo impedir que se apresente uma alternativa realmente revolucionária. Uma alternativa revolucionária neste momento se colocaria lado a lado com cada trabalhador, mesmo os que tem ilusões, ainda que criticamente, na saída eleitoral, mas mostraria uma outra estratégia, que é a da luta de classes.

Quando atuamos nas eleições, e mesmo no parlamento como fazem nossos deputados do PTS na FIT-U (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores-Unidade) na Argentina, é com o objetivo de emergir a voz e a luta da classe trabalhadora como fizemos nas manifestações do último 9 de julho em uma grande marcha em Buenos Aires para expulsar o FMI do país e defender as demandas da nossa classe. Essa estratégia nos diferencia de todas as variantes que querem subordinar a nossa luta a outras forças de classe. É com este conteúdo que apresentamos as pré-candidaturas do MRT para deputados com Marcello Pablito e Maíra Machado em São Paulo, Carolina Cacau no Rio de Janeiro, Flavia Valle em Minas Gerais e Valéria Muller no Rio Grande do Sul: enfrentar o bolsonarismo e a direita na luta de classes.

A nossa estratégia não é somente “lutar” mas é estar em cada luta com um programa dos trabalhadores. Então, enquanto vemos que a chapa Lula-Alckmin e a maioria do PSOL-REDE não defendem mais a revogação das reformas que vieram a partir do golpe institucional, mostrando que quando falaram algo nesse sentido eram palavras ao vento, nós defendemos como ponto zero da nossa campanha a revogação global das contrarreformas, em primeiro lugar da trabalhista, porque é impossível acabar com a fome e a miséria com o legado ultraliberal do golpismo que Lula-Alckmin querem preservar. Quando vemos os políticos, até mesmo burgueses, falando “queremos emprego, saúde e transporte” precisamos mostrar que é uma enorme demagogia. Porque para ter emprego, seria necessário revogar essa destruição dos empregos e direitos trabalhistas que vieram com as contrarreformas, e avançar para um programa que ataque o lucro dos capitalistas, como por exemplo a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, ou seja 6 horas, 5 dias na semana, sem redução salarial, no marco de uma luta unificada de empregados e desempregados para impor uma divisão das horas de trabalho para que todos tenham trabalho e que os salários aumentem automaticamente de acordo com a inflação.

Para acabar realmente com a fome é uma questão decisiva a expropriação de toda grande empresa do agronegócio sob gestão de trabalhadores e controle popular, junto com a reforma agrária radical, para colocar essa capacidade produtiva a serviço da produção de alimentos saudáveis para toda população, partindo de um novo modelo produtivo que não seja destrutivo com o meio ambiente, e respeite os indígenas e quilombolas. Um programa assim significaria um enfrentamento direto com os lucros de grandes empresários batalhando por um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo. Não tem nada a ver com o que defende o PT e a maioria do PSOL-Rede e, ao contrário, aponta num sentido da sociedade que queremos, uma sociedade socialista construída pela base, através dos organismos em que os trabalhadores definem a direção da economia e da organização da vida, onde o trabalho e o tempo livre sejam racionalmente organizados de acordo com as necessidades e capacidades da população. Para implementar um programa assim não podemos conciliar com empresários e patrões e nem acreditar que isso se daria pelas eleições.

Levantar esse programa exige avançar na auto-organização da nossa classe para superar as direções burocráticas dos sindicatos e impor que organizem a luta, unindo o conjunto dos trabalhadores e movimentos sociais contra todos os ataques em curso e para se preparar para os combates que virão depois das eleições de outubro. Por isso, também consideramos importante as iniciativas de agrupar os setores de vanguarda que rechaçam a conciliação, como no Polo Socialista Revolucionário onde defendemos nossas próprias posições políticas, incluindo divergências, em debate com todas as correntes que o constroem. Na eleição presidencial, nossa posição de voto é na companheira Vera Lúcia, pré-candidata pelo Polo Socialista Revolucionário.

Com esta perspectiva de independência de classe atuaremos nestas eleições preparando os combates do futuro, assim também atuamos em cada greve, em cada eleição sindical, em cada luta estudantil, e também com o Esquerda Diário que vem sendo nosso principal instrumento para levar a voz dos trabalhadores em todo o país e retomar o marxismo como ferramenta da nossa classe, - em contraposição à deturpação stalinista expressa por vias distintas em correntes como PCB e UP - e com entrevistas, debates com outras organizações da esquerda, análises, estudos teóricos e todo o arsenal que precisamos para afiar também, as armas da crítica como parte da luta por construir uma ferramenta política dos trabalhadores, um partido revolucionário, que esteja a serviço de todas essas batalhas.

 
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