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Eleições 2022
MRT confirma suas pré-candidaturas socialistas e revolucionárias nas eleições de 2022
Redação

Neste mês, o MRT está lançando nacionalmente suas pré-candidaturas, também pelo Polo Socialista Revolucionário, para defender uma política de independência de classe no terreno eleitoral que levante a necessidade de organizar a luta da classe trabalhadora e dos setores oprimidos contra o governo de extrema-direita de Bolsonaro e dos militares, mas rechaçando o caminho de conciliação com a direita como apresenta a chapa Lula-Alckmin, à qual a maioria do PSOL aderiu. Conversamos sobre esses temas com Diana Assunção, dirigente nacional do MRT.

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ED: Como será a atuação do MRT nestas eleições de 2022?

Diana: Em primeiro lugar, nossa atuação nas eleições, como uma tática para ampliar o alcance das ideias revolucionárias, parte de uma posição política de enfrentamento ao governo Bolsonaro, ao regime do golpe institucional e portanto também de combate à direita e às políticas de conciliação de classes. Ainda mais em um momento com situações brutais como o assassinato de Dom e Bruno, o massacre de Guapoy no Mato Grosso do Sul feito pela polícia a mando de fazendeiros contra os povos indígenas Guarani e Kaiowá e o escandaloso caso da sessão de tortura judicial contra uma menina de 11 anos, consideramos que é a classe trabalhadora organizada ao lado dos movimentos sociais, mulheres, negros, LGBTQIAP+ e indígenas que podem através da luta de classes derrotar nossos inimigos. Por isso, sempre enfrentamos todas as instituições do regime que buscaram aumentar seu autoritarismo abrindo espaço à extrema-direita reacionária, como é o caso do STF e do Congresso Nacional como padrinhos do golpe institucional. Neste momento, inclusive, rechaçamos todos os ataques e perseguições à esquerda. Ainda assim, vemos com clareza que distintas frações da classe dominante apostaram e apostam na reabilitação de Lula como presidenciável, agora ao lado de uma figura simbólica da direita neoliberal como Geraldo Alckmin. Em base ao diálogo com cada trabalhador e jovem que odeia Bolsonaro e quer derrotá-lo, vamos, como marxistas revolucionários, explicar que as vias institucionais e eleitorais não podem derrotar efetivamente a extrema-direita, e muito menos com uma política de conciliação de classes e alianças que, como já vimos nos governos anteriores, só fortalecem a direita. Ao mesmo tempo, servem para impedir o desenvolvimento de uma política de independência de classe e o fortalecimento da nossa mobilização e organização independente, que é o único caminho para realmente derrotar a extrema direita. Com essa perspectiva, vamos atuar nas eleições deste ano.

ED: O MRT está desde o final do ano passado batalhando pela reagrupação da vanguarda revolucionária no Brasil, qual a importância dessa batalha para este momento?

Diana: Sim, faz tempo que o MRT coloca a necessidade de conformar um polo de independência de classe em primeiro lugar para atuar nas lutas concretas que estiverem em curso, sempre com uma política que seja um contraponto à linha das burocracias sindicais. Ou seja, enquanto elas dividem, nós defendemos a unidade, enquanto separam as demandas sindicais das demandas políticas nacionais, defendemos a junção dessas demandas como parte de uma mesma luta, tudo isso sempre em exigência às direções burocráticas da CUT e da CTB que ainda hegemonizam amplos setores do movimento operário. Particularmente desde o ano passado, viemos fazendo uma batalha para reagrupar os setores da vanguarda revolucionária e, como produto disso, passamos a dialogar com vários setores, apesar das nossas divergências, uma vez que o marco estratégico da política nacional passava a já apontar para uma possível sucessão do governo de extrema-direita com a entrada de um novo governo de conciliação de classes do PT. Como parte dessa política mais geral, viemos atuando com nossas posições no Polo Socialista Revolucionário, composto pelo PSTU, CST, intelectuais como Plínio de Arruda Sampaio Jr e outros ativistas e organizações, defendendo uma atuação concreta na luta de classes, que em nossa visão deve ser mais intensa mesmo nos processos parciais e também uma atuação nas eleições, em base a eixos de independência de classe e um método que permita a cada força política expressar suas posições políticas que, como sabemos, são distintas em temas cruciais como em relação ao golpe institucional, em relação ao tema da polícia e por exemplo em relação à questão da Guerra na Ucrânia, sobre a qual recentemente participamos de um debate em que nosso companheiro André Barbieri expressou a posição da Fração Trotskista sobre o tema.

ED: Como vocês acham que deve se expressar uma política de independência de classes nas eleições?

Diana: Em primeiro lugar, em base a um programa claro, que não seja a mera agitação abstrata da “revolução socialista” combinada com temas que podem se misturar com posições liberais da extrema-direita, como a questão do armamento individual. E sim desenvolvendo um programa que em sua explicação contribua para transmitir nossas ideias comunistas, como viemos fazendo na Argentina com a atuação do Partido dos Trabalhadores pelo Socialismo, o PTS, na Frente de Esquerda e dos Trabalhadores - Unidade. Lá, nossos deputados como Nicolas Del Caño e também Myriam Bregman e Alejandro Vilca, nossos pré-candidatos a presidência pela FIT, vêm batalhando não somente para enfrentar na luta de classes os acordos com o FMI, mas para defender medidas nesse sentido, como a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Fazem isso abrindo uma discussão sobre a divisão das horas de trabalho entre empregados e desempregados e sobre o tempo livre que é expropriado dos trabalhadores neste sistema capitalista, com jornadas de trabalho exaustivas, especialmente no caso dos setores precarizados, transmitindo a ideia de como seria uma sociedade organizada em base às necessidades e capacidades dos trabalhadores. Aqui no Brasil, por exemplo, é decisivo partir de uma batalha concreta pela revogação de todas as reformas anti-operárias como a trabalhista, da previdência e da lei de terceirização irrestrita, mas também das privatizações, como a mais recente em curso da Eletrobrás, que se configura como um ataque histórico. Mas também apresentando por exemplo a necessidade de um reajuste salarial mensal de acordo com a inflação, e da expropriação da grande indústria alimentícia em um momento em que milhões passam fome no Brasil. Como seria a distribuição de alimentos se a produção estivesse sob controle dos trabalhadores que sabem concretamente o que significa a fome? Não estaria voltada para o lucro, e sim para as necessidades da maioria, ou seja, sem a irracional imagem de um supermercado cheio de comida com pessoas na frente dele passando fome ou de um entregador com fome levando a comida na bag sem poder comer, nada disso faz sentido, seriam os próprios trabalhadores a organizarem a produção e distribuição. Apresentamos uma proposta programática mais geral do MRT que aponta nesse sentido.

ED: E quais foram as principais propostas do MRT para essa intervenção?

Diana: Partindo de que nos parecia fundamental expressar esse perfil nas eleições nossa militância organizou um Manifesto, que teve mais de 1500 assinaturas, disponibilizando o nome do companheiro Marcello Pablito para ser pré-candidato a vice na chapa presidencial junto com a companheira Vera do PSTU. Isso nos parecia fundamental tanto para expressar uma amplitude dentro do Polo Socialista Revolucionário e também para dialogar com um amplo setor de trabalhadores e jovens que estão desiludidos com a diluição do PSOL com Lula-Alckmin e Marina Silva, mas rechaçaram o golpe institucional, como nós do MRT. Por mais que a maioria da direção do PSOL se apoie no massivo rechaço a Bolsonaro para conduzir o partido ao beco sem saída da conciliação de classes, nem mesmo seus principais dirigentes como seu presidente Juliano Medeiros ou Valério Arcary da Resistência citam o nome de Geraldo Alckmin, ou conseguem justificar essa aliança, como vimos em recente debate no Salão do Livro Político. Por isso, nos parece fundamental apresentar uma alternativa para os setores que rechaçam essa política e não querem cair no campo do stalinismo em suas diferentes vesões, da UP e PCB, e, sabendo que são muitas as posições que estão colocadas, consideramos que dentro do Polo seria fundamental que a corrente que enfrentou o golpe institucional de forma independente do PT, diferente do PSTU que agitou a bandeira “Fora Todos” que se misturava com as bandeiras golpistas, pudesse compor chapas majoritárias como é o caso da chapa presidencial. Mais de 1500 pessoas apoiaram essa proposta, levando em conta também que Marcello Pablito é um reconhecido militante socialista e da luta negra com uma trajetória de participação em numerosas lutas de trabalhadoras e trabalhadores ao longo dos últimos 20 anos. Essa campanha mobilizou trabalhadores e jovens em todo o país e é também a base para a implementação das campanhas em torno das pré-candidaturas do MRT que já começamos a lançar nacionalmente.

ED: Como seguiram essas discussões?

Diana: Em primeiro lugar, buscamos fazer essas discussões publicamente, por isso lançamos a sessão Esquerda em Debate no Esquerda Diário, que já conta com entrevistas com distintos setores como Vladmir Safatle, Plínio de Arruda Sampaio Júnior, Marinalva Oliveira, Dirlene Marques, Chavoso da USP, Roju Soares, Zé Maria (PSTU), Diego Vitello (CST-PSOL), entre outros, em debates e polêmicas abertas com as posições que existem na esquerda hoje. Consideramos que se trata de um novo método de como encarar as discussões, completamente necessário para o reagrupamento da vanguarda e para processos que possam vir a abrir a discussão sobre a necessidade de um novo partido à esquerda do PT e do PSOL. No Polo Socialista Revolucionário, também apresentamos para vice-governadora em São Paulo o nome da companheira Maíra Machado, professora em Santo André e uma conhecida personalidade da luta das mulheres, estampou nos últimos dias as páginas de importantes jornais por estar na linha de frente da luta pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito. Maíra foi a candidata mais votada do PSOL no ABC paulista em 2016 a partir de um forte trabalho orgânico na categoria de professores. Em 2020, chegou a retirar sua candidatura como desfecho de uma forte luta política pela independência de classe, quando o PSOL se coligou com a Rede em Santo André. E também buscamos propor, sempre no sentido de construir coletivamente as discussões, nomes do MRT para o Senado tanto em São Paulo como em Minas Gerais. Outros companheiros e organizações que compõem o Polo também defenderam que houvesse candidatura majoritária do MRT, especialmente em São Paulo. Entretanto, a posição do PSTU no Polo Socialista Revolucionário foi a de fechar espaço para que uma organização como o MRT pudesse se expressar também em cargos majoritários. Consideramos que essa postura enfraquece o Polo Socialista Revolucionário e não contribui no avanço da unidade, mas seguiremos atuando em comum e batalhando para fazer avançar um polo de independência de classe.

ED: Quais serão as pré-candidaturas do MRT efetivamente?

Diana: Acabamos de lançar no último fim de semana a pré-candidatura de Flávia Valle a deputada federal em Minas Gerais, em um lançamento com impressionantes depoimentos de trabalhadores e trabalhadoras que participaram das recentes lutas do estado, mostrando uma candidatura completamente conectada com as greves e lutas e também com a juventude. Vários setores da esquerda estiveram presentes, inclusive a pré-candidata ao governo do estado Vanessa Portugal do PSTU, saudando o lançamento. Nas próximas semanas, lançaremos as pré-candidaturas de Carolina Cacau a deputada estadual no Rio de Janeiro, jovem professora que é referência na luta das mulheres e contra violência policial, e as pré-candidaturas de Marcello Pablito a deputado federal em São Paulo e Maíra Machado a deputada estadual em São Paulo. Também no Rio Grande do Sul, lançaremos a candidatura de Valéria Muller, jovem trabalhadora e referência no apoio à luta dos rodoviários, a deputada federal. Em todas essas candidaturas, vamos expressar essa política de independência de classe de forma preparatória para os novos embates que virão a partir do resultado das eleições, como vemos com as experiências internacionais. Em particular o exemplo das mobilizações no Equador por um lado, mas também as manifestações pelo direito ao aborto nos Estados Unidos serão parte fundamental das nossas campanhas, como já viemos fazendo com o grupo de mulheres Pão e Rosas à frente também com lançamentos de livros como “Nós mulheres o proletariado”. Isso se complementa com a atuação de distintas porta-vozes do MRT, como nossa companheira Letícia Parks que junto comigo e Pablito compôs a candidatura da Bancada Revolucionária em São Paulo em 2020, levando adiante um forte movimento militante nas eleições, agora estaremos eu e ela acompanhando nacionalmente essas pré-candidaturas para potencializar a voz de nossos pré-candidatos. São por filiação democrática no PSTU e nós do MRT agradecemos, como uma medida democrática frente ao sistema eleitoral no Brasil que é bastante anti-democrático. Nossas pré-candidaturas serão acompanhadas também de porta-vozes no movimento operário e na juventude como a companheira Fernanda Peluci, diretora do Sindicato dos Metroviários de São Paulo; Marcella Campos, diretora pela Oposição Alternativa da Apeoesp; Marie Castañeda coordenadora do Centro Acadêmico de Ciências Sociais da UFRN, Barbara Delatorre, representante dos trabalhadores no Conselho Universitário da USP; Luno Pires, coordenador do Centro Acadêmico de Teatro na UFRGS, Juliana Begiato, coordenadora do CACH na Unicamp; Luisa Santos, integrante da comissão gestora do CASS - UERJ, Luiza Eineck, estudante de serviço social da UnB e referência nacional da juventude Faísca Revolucionária.

ED: Quais expectativas vocês tem?

Diana: Nossa principal expectativa é mover uma força militante que através das pré-candidaturas e também do Esquerda Diário e suas redes sociais, que reúne dezenas de redatores militantes, com programas como Esquerda Diário 5 minutos e Esquerda Comenta, consiga agitar essas ideias para construir uma posição de independência de classe que se prepare para enfrentar o bolsonarismo e seus ataques, mas também os que virão num eventual novo governo Lula-Alckmin. Queremos reunir centenas de jovens e trabalhadores em todo o país nos lançamentos neste mês de julho e colocar de pé uma forte campanha pelas pré-candidaturas do MRT que convidamos todas e todos a conhecer e participar. Ao mesmo tempo, seguiremos nossas batalhas no movimento operário, em distintas categorias e processos de luta que também viemos atuando. Neste processo, vemos como fundamental, ao mesmo tempo, aprofundar em uma série de discussões sobre a própria história do PT e da luta de classes no Brasil, especialmente porque ao mesmo tempo em que vemos a necessidade de dialogar com todos os trabalhadores e jovens, cada vez mais vemos que há espaço para um diálogo crítico com a política nefasta de aliança com a direita e que, debatendo essa história é possível tirar lições mais profundas. Por isso não somente fazemos análises permanentes no Esquerda Diário com o programa Brasil não é pra amadores, conduzido por Danilo Paris e Valéria Muller, como lançamos um curso no Campus Virtual Ideias de Esquerda chamado “Uma visão marxista do Brasil: política e luta de classes 1964-2022” com aulas sobre a luta da classe operária contra a ditadura, a transição pactuada com as diretas já e a Constituinte de 1988, o início da ofensiva neoliberal e o movimento Fora Collor, os governos FHC e os impactos do neoliberalismo, com novas aulas a cada mês. A isso se combina também os Podcasts Feminismo e Marxismo e Espectro do Comunismo, bem como o Suplemento Teórico Ideias de Esquerda coordenado por Iuri Tonelo, pesquisador na UFPE, um instrumento que produz semanalmente textos teóricos que permitem não somente o debate marxista permanente, mas também a formação de quadros que em um momento como esse é uma tarefa fundamental. Neste sentido, nas próximas semanas chamamos todos e todas a acompanharem as redes sociais das nossas pré-candidaturas e fazerem parte dessa batalha.

 
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