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UFABC
Lançamento do livro Nós Mulheres, o proletariado chega na UFABC
Gabriel Dias
Estudante de Economia

Nessa última sexta-feira (24), ocorreu o lançamento do livro “Nós mulheres, o proletariado” de Josefina Martínez na Universidade Federal do ABC, em São Bernardo/SP. A mesa contou com mediação de Maíra Machado, professora da rede estadual em Santo André/SP e apresentadora do podcast Feminismo e Marxismo, e presença de Letícia Parks, co-autora do prefácio do livro junto a Diana Assunção e militante do Pão e Rosas, e Alessandra Teixeira, Professora adjunta da Universidade Federal do ABC - UFABC, coordenadora do grupo de Pesquisas Resistências, controle social, memória e interseccionalidades.

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No campus de São Bernardo Campo da UFABC ocorreu o lançamento do livro“Nós Mulheres, o proletariado”, importante livro que resgata as lutas de mulheres trabalhadoras que fizeram história. O livro originalmente escrito por Josefina Martínez na versão espanhol com o título ‘’No somos Esclavas’’ foi traduzido para o português pela Editora Iskra no Brasil e conta com um texto inédito de Leticia Parks abordando o tema do papel das mulheres negras na luta contra escravidão no Brasil.

A atividade de lançamento aconteceu um dia após as manifestações em todo país em repúdio ao caso de uma menina de 11 anos grávida fruto de um estupro que estava sendo impedida de realizar o aborto legal por uma juíza em Santa Catarina, uma clara expressão do bolsonarismo e da extrema direita aliada ao judiciário patriarcal, o que foi amplamente repudiado pelas palestrantes. O evento foi impulsionada pelo coletivo Faísca Revolucionária, uma juventude trotskista que atua em diversas universidades pelo país, inclusive na UFABC, e contou com a participação de estudantes da graduação, da pós-graduação, doutorado e pessoas que souberam da atividade pelas redes sociais.

Para assistir o lançamento na integra, veja abaixo:

Maíra Machado abriu a atividade explicando a importância do lançamento deste livro em meio a situação mundial convulsiva, onde se reafirma a ideia de Lenin de uma etapa de crises, guerras e revoluções, com a invasão reacionária de Putin na Ucrânia, os efeitos cada vez mais nefastos da crise capitalista internacional, os fenômenos de extrema direita que odeiam as mulheres, os negros, as LGBT, mas também as respostas que a classe trabalhadora vem dando, com revoltas populares no Equador com os indigenas na linha de frente, a grande revolta no Chile, etc. Antes ainda de passar a palavra para as convidadas, Maíra reforçou o conteúdo do livro como uma ferramenta de combate da classe trabalhadora, que resgatando a sua história de luta, permite que não precisemos começar do zero, e possamos aprender com a história.

Lembrando da política nacional, Maíra resgatou como no Brasil de Bolsonaro e a extrema-direita que odeiam as mulheres casos como o da menina de 11 anos que depois de ter sido estuprada e ter engravidado foi presa em um abrigo pela justiça brasileira para que fosse impedido seu direito ao aborto legal, seguro e gratuito.

‘’A posição dessa juíza mostra a falácia do feminismo liberal, que prega que as mulheres precisam estar com cargos de poder para garantir nossos direitos... o patriarcado não vai sentar no banco dos réus, e nem vai cair sozinho, por isso a gente não pode confiar nessa justiça, nossa luta contra o patriarcado tem que ser uma luta contra o capitalismo.’’ completou. Ainda em sua fala, Maíra ressaltou a urgência de combater a extrema-direita, Bolsonaro e os militares, mas que isso não se dará com Alckmin e a aliança com a direita como faz Lula e o PT, mas sim confiando na força da organização da classe trabalhadora, cada vez mais feminina e LGBTQIA e negra.

Em seguida, Letícia Parks trouxe dois elementos essenciais para o tema do livro: a relação entre exploração e opressão e de como os caminhos da luta contra o patriarcado, a luta antirracista se ligam a luta anticapitalista. Em sua fala, demonstrou como a opressão é um elo essencial para a exploração sob o sistema capitalista; bem como o racismo foi crucial na origem fundacional do capitalismo, relembrando temas importantes tocados por Karl Marx em sua obra O capital como a Chamada Acumulação Primitiva, e o surgimento da burguesia como classe dominante. Nesse sentido, ressaltou que é imprescindível para a lutas das mulheres e outros povos oprimidos a luta contra o capitalismo e um fim socialista e comunista para sua emancipação.

Por último, a professora Alessandra destacou a importância do livro também como uma ferramenta de luta das mulheres, como uma obra que representa, também, um contraponto ao feminismo liberal em relação a dar ênfase à luta das mulheres trabalhadoras contra a exploração do capital, portanto sob uma perspectiva do feminismo socialista. Além de pegar a dimensão histórica e aspectos contemporâneos da colonialidade e o papel da feminização da pobreza, assim como pontos do racismo e da xenofobia. Ela ressalta a questão da reprodução social trazida por Letícia e Diana no prefácio do presente livro, ou seja, ao dar centralidade ao trabalho doméstico realizado no contexto das famílias. Alessandra ainda restabelece a importância da crítica ao feminismo liberal, quando este pode cooptar algumas lutas das mulheres, levando para um aspecto individualista e esvaziando seu conteúdo e sentido coletivo relatado no livro.

Após as apresentações do livro houve um rico debate buscando compreender quais as lições se pode apreender da história da luta da classe trabalhadora, com protagonismo das mulheres imigrantes, negras e operárias à frente, e quais os obstáculos e desafios para que haja uma unificação entre a luta contra a opressão da luta contra a exploração. Exemplos não faltaram de iniciativas comuns como a própria unificação da luta indigena por demarcação de terra e a luta pelo direito ao aborto legal seguro e gratuito que se deu nas marchas do dia 23 de Junho.

Por fim, a juventude Faísca Revolucionária fez um convite a todes que estavam presentes a participarem da retomada do grupo de estudos MARX VOLTOU que busca aprofundar reflexões e formações marxistas como uma forma de preparar através das ferramentas teóricas do marxismo para lutar por uma vida que valha a pena ser vivida. Para se inscrever no grupo de estudos aqui. E como encerramento da atividade, os participantes tiraram uma foto da campanha impulsionado pelo Esquerda Diário exigindo justiça por Dom Philips e Bruno Pereira assassinados por Bolsonaro, pelo Estado capitalista, o agronegócio e os garimpeiros.

 
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