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LAVA-JATO
Delcídio não confirma nem desmente delação que envolve Dilma e Lula
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Na manhã de ontem, a revista IstoÉ publicou uma reportagem intitulada “A delação de Delcídio” segundo a qual este apontava Lula como o mandante dos pagamentos feitos ao ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, e no qual a presidente Dilma teria interferido ao menos três vezes nos processos contra executivos de empreiteiras presos pela Lava Jato. De acordo com a revista, a delação ainda não teria sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) porque o ministro Teori Zavascki não teria concordado com a cláusula de confidencialidade de seis meses exigida pelo Senador Delcídio do Amaral (PT), tempo que este teria para escapar de um processo de cassação no Conselho de Ética do Senado.

Durante a tarde, em nota, Delcídio afirma que nem ele “nem a sua defesa confirmam o conteúdo da matéria (...) Não conhecemos a origem, tampouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto.” Em uma retórica muito bem articulada, ao mesmo tempo em que nega conhecimento sobre a origem da matéria, toma bastante cuidado para também não desmentir o seu conteúdo. A diretora da sucursal da Revista IstoÉ em Brasília e autora da reportagem reafirmou a sua autenticidade "A gente reafirma, sim, o que publicamos. Temos a comprovação de que esse acordo tramitou pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Está tudo registrado".

Por hora, independente da veracidade da delação e de seu conteúdo, o que se viu durante todo o dia de ontem foi um aumento dos decibéis da oposição e um acuamento do governo frente ao possível furo de reportagem.

Logo no início da manhã a presidente Dilma Rousseff convocou o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e o agora ex-ministro da Justiça e atual titular da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, para definir as estratégias do governo em reação à suposta delação premiada do senador Delcídio Amaral. Dilma também conversou com o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva. O primeiro impulso do Planalto foi relativizar as declarações e questionar a "veracidade" e "necessidade de provas".

Já para o meio do dia, tanto Wagner quanto Cardozo manifestaram indignação com a suposta delação e contra-argumentaram em cima da sua não homologação. Cardozo afirmou ainda que a tese de delação teria sido motivada “por vingança, para sair da prisão”. “Delcídio estava inconformado por ter sido preso e pelo governo não ter agido para tirá-lo da prisão", destacou. O ministro afirmou, ainda, que Delcídio não tem "credibilidade" e que "não tem primado por dizer a verdade".

Já a oposição sugeriu convocar tanto o ministro da AGU, José Cardozo, quanto o o desembargador Marcelo Navarro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), seja via convite ou convocação, para dar sua versão dos fatos denunciados por Delcídio. Na suposta delação, Navarro aparece como representante dos interesses do Palácio do Planalto na tentativa de retirar da cadeia alguns empresários presos pela Lava-Jato. Na Câmara, os oposicionistas defenderam a renúncia da presidente Dilma Rousseff e reiteraram a disposição de trabalhar pelo impeachment da petista e pela ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar a chapa presidencial.

A declaração do relator da representação contra Delcídio no Conselho de Ética do Senado, Telmário Mota (PDT-RR), joga luz sobre a preocupação de Delcídio acerca do tempo de seis meses de confidencialidade da delação. Telmário afirmou que, com a delação, o senador confessa culpa de envolvimento em irregularidades. “Essa delação é uma auto-afirmação de culpa do senador Delcídio. Com certeza os senadores do Conselho de Ética vão apresentar requerimento pedindo cópias dessa delação”, disse Mota. Ou seja, enquanto delator e réu confesso, é muito improvável que Delcídio não tenha o mandato cassado pelos seus pares.

Além da pressão sobre o governo de Dilma Rousseff e do reforço sobre o processo de impeachment, a suposta delação de Delcídio coloca Lula em uma encruzilhada. De acordo com a IstoÉ, a revelação pode indicar que o ex-presidente Lula tentou interferir na Lava Jato - mesmo motivo que levou a prisão de Delcídio. De acordo com os líderes da oposição. "Não tem outro caminho para ele (Lula) a não ser a prisão". Em resposta, o Instituto Lula declarou em nota que "O ex-presidente Lula jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo".

Somado a essas especulações e (ainda) meias-verdades, Sergio Moro no comando da Operação Lava-Jato parece ter mirado todo o arsenal dessa mega-operação no objetivo reduzido e mesquinho de encontrar algum dado que incrimine o ex-presidente Lula. Algo que, aparentemente, a delação de Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da empreiteira OAS, deve acrescentar. Também, somado ao aumento de decibéis a favor do afastamento de Dilma devido às supostas delações que, se comprovadas, acarretariam evidente crime de responsabilidade, a decisão do STF de colocar Eduardo Cunha nobanco dos réus acelera o seu afastamento da Presidência da Câmara e, com isso, possibilita a indicação de alguém que aparente maior idoneidade para dirigir um processo de impeachment ou a transição e convocação de novas eleições.

O regime passa pelo seu momento de maior fragmentação e fissura dos últimos anos. A burguesia avança para a saída reacionária de um impeachment que será decidido entre seus pares de corruptos e corruptores, independente das massas, e buscando com isso agilizar suas políticas de ajustes e austeridades contra o povo trabalhador. A esquerda permanece em paralisia ou a reboque dos programas e alas distintas da burguesia. As greves e mobilizações operárias em defesa dos seus empregos e salários se mantem controladas pela burocracia, embora cada vez menos, e os trabalhadores permanecem sem a possibilidade de apresentar uma saída política independente que possa se aproveitar dessa fragmentação para se alçar enquanto alternativa para a população e o povo pobre frente a crise política e econômica que os empresários e a camarilha dos governantes tem imposto sobre as costas dos trabalhadores e da juventude.

 
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