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UERJ
Frente a saída de Ricardo Lodi a luta pela permanência estudantil segue aberta
Ana Carolina Toussaint
Luísa Matos
Militante da Juventude Faísca e Estudante de Serviço Social da UERJ

Ricardo Lodi anunciou recentemente sua saída como reitor da UERJ. Enquanto esteve no cargo, Lodi procurou utilizar uma série de medidas temporárias que aludem a demandas históricas dos estudantes e do Movimento Estudantil, sobretudo as de Permanência.

Frente a este retorno às aulas presenciais, diversos estudantes trabalhadores sentiram na pele grandes dificuldades de permanência, mesmo com algum nível de assistência, o que se configura uma dificuldade de obter garantia da permanência plena. A permanência estudantil, fruto de conquistas históricas da luta, não pode ser abandonada aos estudantes que necessitam. Ainda hoje, precisam ser defendidas e aprofundadas as medidas, para que nenhum estudante fique para trás.

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No dia 30 de março, num evento organizado pelo “Grupo de Puebla”, Ricardo Lodi anunciou sua renúncia ao cargo de reitor da UERJ, transferindo no dia seguinte o cargo a Mario Sergio Carneiro, até então vice-reitor. Lodi usou como principal justificativa para sua saída as eleições de outubro, quando virá candidato pelo PT a deputado federal nas próximas eleições. Os objetivos de Ricardo Lodi como reitor sempre tiveram objetivo eleitoral. Os muitos auxílios implementados têm curta duração e podem ser cortados a qualquer momento caso a universidade alegue falta de verba.

Estes auxílios precisam ser defendidos para que sejam permanentes e necessitam ser aprofundados por que não são suficientes para garantir que nenhum estudante deixe de estudar.

Estamos no último ano do governo de extrema direita de Bolsonaro e Mourão que somados aos terríveis anos da pandemia, deixaram marcas profundas em milhares de famílias de vítimas do coronavírus. Nesse retorno todos estão sentindo o peso de um governo que nos ataca e na universidade está sendo difícil se manter mesmo com os auxílios.

Ricardo Lodi na ida de Lula a UERJ fez diversas falas elogiosas a André Ceciliano do PT, que é atual presidente da Alerj. Ceciliano é conhecido por ter votado a favor da privatização da CEDAE junto a todos os partidos de direita. Antes disso, Lodi também havia convidado o governador bolsonarista de extrema-direita, Cláudio Castro, ao cargo de chanceler oficial da UERJ.

Saiba mais: André Ceciliano tece elogios a Cláudio Castro e revela parceria do PT com o bolsonarismo

Não é segredo para ninguém a política criminosa e racista de Castro, isso ficou claro nas suas posições favoráveis ao clã bolsonarista durante a pandemia. O Governador é um grande defensor das operações policiais que na prática é o que legitima os assassinatos constantes da juventude negra e pobre. Na chacina ocorrida no Jacarezinho, Castro comemorou publicamente o número de mortos pelas mãos da polícia racista e assassina, dizendo que “as operações apresentaram números bem sucedidos”. Quem também se posicionou favoravelmente frente a isso foi Mourão, vice de Bolsonaro, que declarou que “28 mães chorando foi até pouco.”

Como se pretende “lutar pela educação” como propagandeia a todo momento Lodi, se juntando a diversas figuras mais nefastas do cenário político fluminense e nacional? Somado ao fato de que todas as políticas de assistência estudantil na UERJ são datadas e podem ser finalizadas a qualquer momento, qual a segurança tem os milhares de estudantes que dependem e muito da assistência não só para conseguir estudar, mas para sobreviver?

Os auxílios cumprem um papel importante mas não resolvem o problema da permanência estudantil. Como exemplo, retornamos as aulas e estamos praticamente em fim de semestre e os alunos que conseguiram auxílio vulnerabilidade receberam o auxílio apenas nesta semana, que é a penúltima semana do semestre. O edital do auxílio moradia ainda nem foi publicado. Os alunos tiveram que escolher entre auxílio alimentação ou comer uma refeição por dia no bandejão no valor de R$14,45. Tiveram que escolher entre o bilhete único universitário ou auxílio transporte. O que, faz parte de uma “livre escolha dos estudantes” mas os deixa refém em não ter transporte e alimentação garantidos até o fim do mês. Esses auxílios poderiam ser complementos um do outro para garantir o acesso completo e alimentação aos estudantes que necessitam.

Em todos os editais dos auxílios está escrito que “o pagamento está condicionado à disponibilidade de recursos orçamentários da UERJ”, administrados pelo governo estadual, governo de Claudio Castro. Ou seja, a qualquer momento o atual reitor pode alegar falta de recursos orçamentários e os auxílios correm o risco de ser instintos, justamente pela vulnerabilidade colocada a todos que recebem os auxílios.
Outro ponto gravíssimo referente aos auxílios é o chamado “Auxílio de Vulnerabilidade Social” que proíbe o estudante que o recebe de também receber uma outra bolsa, como as de Iniciação Científica. Isso demonstra claramente o quanto que para a Reitoria o estudante recebedor de bolsas não pode ter outro direito. A luta pela acumulação de bolsas é uma luta histórica do Movimento Estudantil. Foi somente a partir das greves de 2016 e 2017 que os estudantes oriundos das ações afirmativas passaram a poder acumular o auxílio permanência com uma bolsa diferente. Agora a Reitoria de Lodi cria um auxílio diferente, mas com o modus operandi totalmente igual ao das reitorias anteriores, proibindo o estudante cotista/recebedor de auxílio de acumular os benefícios.

A saída de Lodi precisa significar que todo o movimento estudantil amplie ativamente a defesa da implementação permanente dos auxílios conquistados e pela garantia de medidas urgentes como as duas refeições por dia no bandejão para quem recebe o auxílio alimentação, o passe livre intermunicipal e intermodal, assim como a construção de creches para as mães, principalmente que estudam a noite tenham onde deixar seus filhos.

A política do Ricardo Lodi, que é a mesma política do PT, é de buscar que o conjunto dos trabalhadores e da juventude acreditem que as eleições sejam a única via de superar os problemas do conjunto de nossa classe. Não será com a direita que vamos enfrentar os problemas que estão colocados nas universidades e principalmente os problemas que estão colocados para classe trabalhadora e juventude. A realidade é que a universidade segue com suas contradições de classe, seguimos sem a democratização do ensino público superior, o conhecimento está à serviço dos interesses da classe dominante e os auxílios seguem sendo insuficientes e frágeis aos estudantes.

É nesse contexto político e social que o DCE, dirigido pelo PT, Levante e PcdoB, seguiu de mãos dadas a Lodi, fazendo campanhas ao reitor e de costas viradas as reais necessidades dos estudantes que seguem sem permanência plena. E fazem com que os estudantes não confiem em suas próprias forças para se organizar de maneira independente da reitoria na base de seus cursos. Para isso é necessário retomar a reconstrução do movimento estudantil ligado aos trabalhadores dentro e fora da universidade, e buscar que os estudantes tenham autonomia para impor suas necessidades e demandas, junto a toda comunidade acadêmica. Essa luta tem que se conectar para batalhar por uma outra universidade a serviço dos interesses dos trabalhadores e juventude.

Chamamos o DCE à realizar uma assembleia estudantil, demanda ignorada durante todo o primeiro semestre na universidade e que o conjunto dos Centros Acadêmicos e organizações de esquerda se unifiquem na batalha para que os auxílios se tornem permanentes e que através da nossa luta, possamos arrancar medidas reais para que nenhum estudante seja excluído ou deixado para trás.

 
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