Em uma pesquisa recente com quase 2.500 norte-americanos, 75% dos entrevistados concordam com os trabalhadores da Amazon, que dizem que "precisam de representação sindical para melhor segurança no emprego, remuneração e condições de trabalho seguras", demandas listadas na página do site Amazon Labor Union. A pesquisa, realizada no início deste mês pela plataforma More Perfect Union, constatou que o apoio à sindicalização foi significativamente mais popular (aproximadamente 20% a mais) do que o argumento dos patrões de que os trabalhadores não precisam de sindicato, porque já têm um bom salário e benefícios.
O apoio à sindicalização dos trabalhadores da Amazon foi maior entre os jovens pesquisados, com 83% dos americanos entre 18 e 34 anos concordando com o argumento do sindicato, seguido por 80% das pessoas entre 35 e 49 anos. O entusiasmo pela sindicalização não é surpreendente, considerando o fato de que os jovens têm alguns dos empregos mais precários e foram moldados pela experiência de múltiplas crises econômicas, o movimento Black Lives Matter e a pandemia. Em setembro, a Gallup informou que o apoio aos sindicatos entre norte-americanos de 18 a 34 anos era de 77%.
Mas esse apoio não se limita aos progressistas: até mesmo a juventude conservadora da classe trabalhadora está demonstrando interesse no movimento sindical. 71% dos eleitores de Trump com idades entre 18 e 34 anos disseram que os trabalhadores da Amazon precisavam de um sindicato, enquanto 66% dos apoiadores do ex-presidente com idades entre 35 e 49 anos concordaram com o sentimento. Esses números são uma expressão da profundidade da luta pela sindicalização da classe trabalhadora norte-americana, que experimentou um forte declínio sindical durante a ofensiva neoliberal.
Jovens, um espectro multiétnico, assim como a comunidade LGBTI+, têm sido protagonistas de muitas das recentes lutas pela sindicalização em todo o país. A pesquisa mostra que o apoio à sindicalização na Amazon também ultrapassa as linhas raciais: 71% dos entrevistados brancos, 83% dos hispânicos, 87% dos negros e 75% dos asiáticos disseram ser a favor.
A “Geração U” (“U” para "Sindicato", em inglês) – os novos rostos do movimento sindical nos Estados Unidos – é multirracial e queer. Essa geração de trabalhadores precários está disposta a apresentar batalhas coletivas contra os diferentes tipos de opressão que o capitalismo sustenta como forma de dividir os trabalhadores. Sua luta está inspirando trabalhadores de todas as gerações, de todas as raças, e em todo o mundo.
Os pedidos de eleições sindicais nos Estados Unidos aumentaram no primeiro trimestre de 2022, de acordo com o National Labor Relations Board (NLRB), com muitos promovidos por jovens ativistas em empresas como Starbucks e universidades em todo o país. No contexto dessa onda de sindicalização, que segue acompanhada de lucros recordes para muitas dessas empresas durante a pandemia, cada vez mais trabalhadores estão chegando à conclusão de que são essenciais, que movem o mundo. E essa consciência está alimentando aspirações crescentes pela melhoria das condições de trabalho, com cada luta se ligando às outras.
Enquanto apenas um em cada dez trabalhadores nos EUA hoje é sindicalizado, mais e mais trabalhadores estão percebendo que isso deve mudar. Faltando menos de duas semanas para o 1º de maio, os trabalhadores têm a oportunidade de se somarem aos apelos à unidade da classe trabalhadora, reivindicando a herança de um 1º de maio combativo e lutando contra todas as leis e táticas injustas que limitam esses direitos.
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