Hoje (dia 23/02/2016) ocorreu mais um ato do movimento “HUPE Resiste” organizado por residentes, médicos e trabalhadores. O Hospital Universitário Pedro Ernesto que sofre com os ajustes fiscais da educação e da saúde, junto ao drama das terceirizadas da empresa Construir, prestadora de serviços do hospital e da UERJ, que estão a dois meses sem receber seus salários, bonificações, feriados e decimo terceiro. E na última segunda (22) foram surpreendidos ao chegar no Hupe pela substituição por uma nova empresa terceirizada e um novo quadro de trabalhadores.
A concentração do Ato aconteceu na praça Belini, ao lado do estádio do Maracanã onde cerca de 100 pessoas entre residentes HUPE, terceirizadas e estudantes tomaram as ruas rumo ao hospital universitário para reclamar seus direitos trabalhistas.
O espírito do ato era a indignação contra o descaso da UERJ e da Construir através da contratação de uma nova empresa sem nenhuma resposta aos terceirizados, pelas condições em que se encontram o Hupe de total precarização e abandono e a exigência pelo pagamento das bolsas dos residentes e dos salários atrasados das terceirizadas com palavras de ordem como: “Chega de caô, terceirizado não trabalha de favor! Nem residente!”
Os residentes do HUPE já sofrem com os cortes desde o final de 2015 conforme matéria já publicada pelo Esquerda Diario, porém o descaso com as terceirizadas é anterior ao inicio de 2015, desde a gestão do reitor Vieiralves na UERJ.
Já presentes no hospital universitário, trabalhadoras e representantes de organizações utilizaram uma caixa de som para apresentar suas pautas reivindicatórias. Dentre elas a militante da Juventude às Ruas e do MRT Isabela Santos, também coordenadora do Centro Acadêmico de Serviço Social da UERJ (CASS), veja o vídeo aqui:
.
Isabela Santos, estudante de Serviço Social da UERJ e coordenadora do CASS fala no ato em defesa do HUPE.
Depois de todas as falas os manifestantes se dirigiram para a administração do hospital para reclamar o não pagamento das terceirizadas com o diretor do hospital: Edmar José Alves dos Santos. Também protestavam pelo fato de existir uma nova empresa e novos trabalhadores executando seu serviço no hospital.
Depois de quase uma hora de espera, sobre o olhar de seguranças na frente da sala da administração, o diretor aparece com a expressão mais tranquila possível, desconsiderando totalmente as condições das terceirizadas que não tem sequer dinheiro para almoçar, afirmando que toda aquela reivindicação estava sendo equivocada, pois a Construir que estava sem efetuar os pagamentos. Quando questionado sobre a contratação da empresa “Verde” para supostas “questões emergenciais” do HUPE, junto com a pergunta “por que os trabalhadores da Construir foram barrados pelos seguranças na entrada do horário de trabalho?”, o Diretor simplesmente respondia com a frase “não fui informado” e seguia com suas longas explicações de processos administrativos burocráticos.
Após muitos questionamentos, os terceirizados e residentes receberam informações do próprio diretor sobre uma reunião na DAF (Direção administrativa Financeira da UERJ) com a diretora Maria Theresa que iria esclarecer os motivos pelos quais os terceirizados não receberam ainda seus salários, ao mesmo tempo que ignorava o fato do HUPE estar brutalmente sucateado.
A reunião da DAF ocorreu as 15 hrs, com terceirizadas exaustas e sem nenhum dinheiro para alimentação. Por restrições por parte da administração, apenas 4 pessoas puderam entrar na sala de reunião (3 terceirizadas e uma residente do HUPE)que durou cerca de 40 minutos; Na saída, alguns apontamentos: o contrato da empresa Construir – HUPE (por que existe um contrato para cada setor) foi rompido por iniciativa da UERJ pelo não cumprimento das clausulas por parte da Construir: os salários não pagos com o dinheiro já depositado pela UERJ.
A condição das terceirizadas é bem delicada, esse vídeo exclusivo retrata suas condiçoes:
A reitoria da UERJ joga a responsabilidade para a Construir que está se fazendo de desentendida como fizeram na segunda dizendo que não sabiam de nada. Esta situação que está ocorrendo significa o que é a terceirização , contratante e contratado “lavam as mãos" e as trabalhadoras terceirizadas ficam sem seus trabalhados e são humilhadas diante dos negócios entre os únicos interessados com a terceirização. O que está ocorrendo com as terceirizadas da Construir no Hupe não é e nem foi a primeira vez, essa é a regra da terceirização.
Por isso nós da Juventude às Ruas na UERJ nos colocamos lado a lado desses terceirizados e como parte da gestão atual do Cass sempre estivemos apoiando as terceirizadas, convocando os estudantes, fazendo campanhas de arrecadação de alimentos e sendo parte das construção dos atos e piquetes que ocorreram no prédio da São Francisco Xavier e no Hupe, defendendo a fundamental resposta para esta condição de precarização e humilhação, que é a luta pela incorporação imediata dos terceirizados sem concurso público.
Devem ser pagos imediatamente os salários e benefícios aos tercerizados! A reitoria da UERJ e o governo Pezão são responsáveis! Todos os setores da universidade, estudantes, funcionários e professores deveriam se juntar aos terceirizados para barrar todos os ataques, seja eles na UERJ, seja no conjunto da classe trabalhadora que vem sofrendo.