O ato havia sido deliberado por unanimidade na última Assembleia Geral dos Estudantes, com mais de 130 estudantes na hora da votação. Essa mobilização foi de extrema importância para combater a precarização absurda promovida pelo ensino remoto e que tanto interessa a Bolsonaro, Milton Ribeiro e os tubarões do ensino privado. Os estudantes têm direito à cultura e lazer, de acessar o espaço físico de sua universidade e de um estudo de qualidade.
Muitas falas expressaram como muitos tiveram de trancar o semestre, retirar matérias ou como não aprenderam nada com o ensino remoto; a saúde mental foi muito debilitada, com ausência de espaços de convivência, precarização da extensão e pesquisa.
Confira a fala de Raíssa e Luiza, estudantes do Serviço Social da UnB:
É fundamental seguir a mobilização, com assembleias de base em cada curso construídas pelos CAs para debater os rumos da luta, assim como votar o indicativo de paralisação, como deliberado na última Assembleia Geral. É nos auto-organizando ao lado dos professores, técnicos e terceirizados é que vamos fazer crescer essa vontade de luta que se expressou hoje e impor as medidas sanitárias necessárias. Isso seria possível com a organização e construção de Comitês de Higiene e Segurança Sanitária pelos setores da comunidade universitária, por exemplo! Nesse sentido, é crucial que seja a comunidade universitária quem decida como será o retorno - não a Reitoria!
Não podemos confiar na Reitoria e na burocracia universitária. Foram elas quem demitiram mais de 90 terceirizadas da limpeza em janeiro, deixando mais de uma trabalhadora morrer de COVID por seu descaso racista, enquanto gerenciava o déficit orçamentário com precarização do ensino, do trabalho do professor, dos técnicos e terceirizados, além dos cortes na permanência. A UnB, além de elitista e excludente devido o filtro racista do vestibular, precisa e pode servir para os interesses da classe trabalhadora e do povo pobre, não dos capitalistas, com todo seu contingente de ensino, pesquisa e extensão - ao contrário, o que faz a Reitoria é manter esse modelo de universidade, do qual o ensino remoto é parte.
A atual gestão do DCE protocolou sua plataforma política para a Reitoria, mas nada garante que ela será efetivada - assim como foi nos atos contra o aumento do RU e pela permanência estudantil. Além disso, precisamos batalhar por reivindicações que vão além dessa plataforma, tais como:
- testes massivos para toda comunica universitária e infraestrutura necessária garantidos pela Reitoria;
- contra a superexploração do trabalho, contratação imediata de mais trabalhadores para efetuar a limpeza dos espaços, com direitos plenos e EPIs;
- pela efetivação de todas as terceirizadas sem necessidade concurso público:
- formação de comitês emergenciais de higiene e segurança sanitária impulsionadas pelo DCE, CAs, SINTFUB e ADUnB para que seja a comunidade universitária quem decida como será o retorno presencial;
- contra os cortes e por permanência plena de acordo com a demanda;
- pela abertura do livro de contas da UnB para o conjunto da comunidade universitária decidir como será gestado o orçamento;
- pela revogação do Teto de Gastos e todas as reformas, como a Trabalhista, e os cortes ultra neoliberais.
Precisamos confiar apenas na aliança dos estudantes com a classe trabalhadora, não nas saídas institucionais promovidas pela JR/PT, Levante e UJS/PCdoB, o que também é parte de sua política que levam à frente da UNE de total paralisia. Preferem esperar a eleição de Lula - esse que já sinalizou que irá governar junto do capital financeiro, do imperialismo e daqueles que promoveram o golpe de 2016 e sua prisão arbitrária, como o próprio Geraldo Alckmin. Essas organizações, ao lado do Juntos/PSOL, Afronte/PSOL e MUP/UJC/PCB, também compõe o DCE da UnB e inúmeros CAs, e cada vez mais trilham o caminho de subordinação à sua política institucional. Isso tanto nas eleições, como faz o PSOL embarcando na campanha da chapa Lula-Alckmin, como atuando em comum para confiar em acordos com a Reitora e não na auto-organização da comunidade universitária. Fazemos um chamado à oposição de esquerda da UNE, como o PSOL, PCB e UP para que impulsionem assembleias em cada CA que estão à frente, como o CASESO (Serviço Social), para dar continuidade à mobilização e defender em comum com nós da Faísca que seja a comunidade universitária organizada quem decida como será o retorno presencial e não a Reitoria que aplica os ataques do governo!
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