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Destruição da Amazônia
Garimpo cresce, e lama escurece e polui águas no "Caribe Amazônico" em Alter do Chão (PA)
Redação

Em um dos pontos turísticos mais visitados da Amazônia, a vila de Alter do Chão, no município de Santarém (Pará), vem se apresentando claros sinais das consequências do aumento do garimpo na região, que é conhecido por suas praias de aguas cristalinas e azuladas, sendo apelidada de "Caribe Amazônico". O garimpo vem se fortalecendo com o governo Bolsonaro e Mourão, que sempre atuou a serviço dos lucros dos capitalistas, que vê nossos biomas e recursos naturais como fontes de lucro a serem exploradas legal ou ilegalmente.

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Imagem: Erik Jennings Simões

Desde dezembro, um fluxo de águas turvas e barrentas vem transformando o aspecto do rio, o que é consequência mineração de ouro na região.

O balneário se localiza no rio Tapajós, cuja bacia é a quinta maior da Amazônia. Segundo moradores, o fenômeno do escurecimento das águas é, até certo ponto, natural, mas não nessa época do ano, mas sim no período de chuvas mais intensas, normalmente entre janeiro e março, quando perde força e as águas voltam a ficar azuladas.

De acordo com monitoramento, realizado pelo Greenpeace, da mineração em rios que banham duas terras indígenas (Munduruko e Sai Cinza), e que desaguam no Tapajós, se demonstrou que, desde 2016, o garimpo ilegal destruiu 632 quilômetros desses cursos d’água.

Como se essas informações já não causassem indignação, para se ter uma dimensão ainda maior do estrago, segundo o Greenpeace, o impacto é equivalente à destruição causada pelo rompimento da barragem em Mariana (MG), em 2015, quando 633 quilômetros do rio Doce foram afetados.

No Médio Tapajós, o garimpo ilegal ocorre desde ao menos os anos 1980, e atualmente a atividade se encontra cada vez mais mecanizada, com a utilização de retroescavadeiras que abrem grandes cicatrizes na floresta, pois essas máquinas facilitam revolvimento da terra à margem de rios. Com isso, ocorre que as áreas revolvidas ficam expostas, sem qualquer vegetação. Desse modo, as chuvas acabam levando a argila do solo para os rios.

Os moradores e demais pessoas que conhecem a região dizem que terra removida em grandes quantidades pelas escavadeiras mecânicas estão sendo empurradas pelas chuvas para o leito dos rios, escurecendo as águas de Alter do Chão.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), a população de Santarém apresenta altos níveis de mercúrio no sangue. E tudo indica que pode ser um impacto da mineração ilegal no Tapajós.

A bióloga Heloísa Meneses, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Ufopa, que coordena a pesquisa, diz que o estudo revelou que 80% dos moradores de Santarém têm nível de mercúrio no sangue acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde. O estudo já analisou amostras sanguíneas de cerca de 500 pessoas, com idade entre 18 e 80 anos.

Semelhantes resultados foram detectados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em um estudo com moradores do Médio Tapajós, região que é diretamente impactada pelo garimpo.

Sabe-se que o mercúrio é utilizado para facilitar a aglutinação do ouro e, quando despejado nos rios, contamina microrganismos e peixes.

Segundo a professora, outras possíveis fontes da substância são o desmatamento e as queimadas, que podem "ativar" o mercúrio inorgânico depositado no solo ou fundo dos rios, permitindo sua absorção pela cadeia alimentar.

Como consequência, a população é impactada pela substância principalmente por meio do consumo de peixes contaminados. E peixes contaminados numa região de garimpo podem se deslocar vários quilômetros até serem capturados e consumidos, pondo em risco também moradores de regiões distantes dos pontos de contaminação.

Meneses afirma que o mercúrio causa danos ao sistema nervoso central e, em grande quantidade, pode levar à morte. A substância também prejudica coração, rins e fígado, e pode contaminar bebês através da placenta.

No entanto, para muitos ribeirinhos que vivem à margem do Tapajós, infelizmente não é uma opção deixar de comer peixe, pois é a principal fonte de proteína dos moradores locais.

Moradores da região também afirmam que, nos anos 80 as águas eram mais claras e que havia abundância de peixes, mas que hoje há menos peixes e o rio ficou "mais seco", isto é, se tornou menos profundo. Em setembro, mês de menor vazão do rio, alguns barcos chegam a encalhar , coisa que os moradores afirmam que não acontecia no passado.

O garimpo a destruição ambiental, que tem consequências nefastas para os moradores locais dessas regiões, como os ribeirinhos e os povos indígenas, assim como toda a classe trabalhadora brasileira, é incentivada pelo governo genocida de Bolsonaro e Mourão, que no ano passado cortou mais de 75% às verbas destinadas ao combate de desastres ambientais, dando carta branca ao agronegócio, à falta de licenciamento ambiental, ao mesmo tempo que conta com o apoio do Congresso, STF e governadores, tudo isso a serviço dos lucros dos capitalistas, que vê nossos biomas e recursos naturais como fontes de lucro a serem exploradas legal ou ilegalmente. Mas esses ataques não vêm de hoje, já que os governos federais e estaduais PTistas também fortaleceram o agronegócio e os lucros das grandes mineradoras.

Ao mesmo tempo, vimos que no Brasil o ano começou com outras tragédias lamentáveis, com enchentes em Minas Gerais e na Bahia que deixam cidades embaixo d’água, milhares de famílias desabrigadas, mortes e casas destruídas por lama são tragédias capitalistas que poderiam ser evitadas. O capitalismo destrói a natureza, destruamos o capitalismo!

Veja o ED Comenta do dia 18/01, onde Flavia Valle, professora em Minas Gerais, comenta a triste situação atual no país e a necessidade de um plano de emergência imposto por lutas para fazer os capitalistas e seus governos pagarem por tamanhos danos:

 
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