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Foxconn
Fortes protestos de trabalhadoras na fábrica de iPhone na Índia
Redação

A fábrica da fornecedora da Apple, Foxconn, no sul da Índia, permaneceu fechada na semana passada devido a protestos de milhares de trabalhadoras que relataram maus-tratos e intoxicação alimentar em massa.

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A Foxconn é uma multinacional de origem taiwanesa que fabrica muitos dos produtos da Apple a baixo custo e com alta exploração da mão de obra. Ficou conhecida por suas cidades-fábricas que chegam a abrigar mais de um milhão de trabalhadores, como as que tem na China, onde muitos de seus funcionários vêm denunciando as terríveis condições de trabalho e de vida nos dormitórios dentro do complexo fabril, chegando a cometer suicídio pelo menos 14 dos trabalhadores.

A empresa desembarcou na Índia há dois anos e levou com ela suas práticas exploração do trabalho. Mas as trabalhadoras indianas disseram basta na semana passada, cansadas ​​do abuso e depois de uma intoxicação alimentar massiva que deixou centenas delas no hospital.

Bloqueio de rodovias para denunciar as condições de trabalho

Foi assim que milhares de jovens trabalhadoras da fábrica de montagem do iPhone da Foxconn em Tamil Nadu bloquearam a rodovia Chennai-Bangalore para exigir empregos dignos e melhores condições de vida e de trabalho.

A fábrica emprega cerca de 16.000 pessoas, 80 por cento das quais têm entre 18 e 23 anos, e a maioria são mulheres, migrantes e terceirizadas, empregadas através de agências ou terceirizadas externas, e não têm contratos, documentos de identidade ou qualquer prova de que são funcionárias da Foxconn. Recebem baixos salários, não têm acesso à proteção social e enfrentam obstáculos para se filiar a um sindicato ou negociar coletivamente.

As trabalhadores são obrigadas a ficar em abrigos, que segundo elas estão superlotados e carecem até dos comodidades básicas. Estas habitações, que não têm ventilação adequada e têm capacidade máxima para dez hóspedes, hospedam entre 20 e 40 pessoas. A comida oferecida é insalubre e de má qualidade. Ainda assim, as trabalhadoras só podem sair em caso de emergência e as licenças retiradas são descontadas do salário.

Na terceira semana de dezembro, centenas de trabalhadoras sofreram intoxicação alimentar em um dormitório cedido pela empresa, no abrigo IMA, que abriga mais de 2.000 mulheres. Quando algumas questionaram sobre o estado de saúde de suas companheiras, a direção, o abrigo e a terceirizada se recusaram sistematicamente a responder, gerando protestos entre as trabalhadoras.

Em 17 de dezembro, as trabalhadores iniciaram uma manifestação espontânea perto da fábrica e bloquearam sentadas a rodovia Chennai-Bangalore. As manifestações se espalharam para outros locais ao longo da estrada.

As trabalhadoras exigiram que as autoridades prestassem todas as informações sobre suas companheiras afetadas e seu estado de saúde, realizassem ações contra a terceirizada e à administração do abrigo, garantissem uma melhor infraestrutura e melhores condições de vida e de trabalho. Além disso, elas exigiam a Foxconn para assumir a responsabilidade pela segurança e bem-estar de seus funcionários.

Depois de mais de 16 horas de manifestações, a polícia dispersou as trabalhadoras que protestavam perto da fábrica em Sunguvarchatram, bem como prendeu as que protestavam em Oragadam, uma zona industrial próxima. Cerca de 20 ativistas sindicais ficaram sob custódia judicial naquela noite. No dia seguinte, 67 trabalhadores foram liberadas.

Apesar do conluio da empresa e das forças repressivas contra as trabalhadoras, a fábrica preferiu manter a empresa fechada por pelo menos uma semana para evitar que os protestos se estendessem. Nem a Foxconn nem a Apple realizaram comunicados à imprensa. O mesmo modus operandi utilizado frente aos casos de mortes e suicídios nos dormitórios da multinacional na China.

Em Tamil Nadu se fabrica o iPhone 12 e havia iniciado os testes para o iPhone 13, aumentando ou diminuindo os ritmos de produção segundo os gargalos na cadeia de abastecimento global. A empresa também fabrica dispositivos Amazon Fire TV e alguns da Xiaomi.

Os protestos na Foxconn são os segundos que envolvem uma fábrica fornecedora da Apple na Índia em um ano.

Em dezembro de 2020, milhares de trabalhadores terceirizados em uma fábrica de propriedade da Wistron Corp destruíram equipamentos e veículos devido ao não pagamento de salários.

A Apple, com sede em Cupertino, na Califórnia, tem investido exponencialmente na Índia desde que começou a montar o iPhone no país em 2017. É uma estratégia para diminuir a dependência da China, mas também para aproveitar o mercado indiano e principalmente, explorar mão de obra barata em condições de semiescravidão, como é vivenciado nos dormitórios e nas cidades-fábricas da Foxconn. Um modelo que multiplica os lucros a partir da exploração de suas trabalhadoras.

Com informações de industriall-union.org e Reuters. Publicado originalmente pelo La Izquierda Diario.

 
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