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Eleições 2022
Jantar de Lula e Alckmin, a conciliação petista agora com o neoliberalismo
Cássia Silva

Desde a publicação da coluna de Mônica Bergamo na Folha de São Paulo no mês passado, a possibilidade de aliança entre Lula e Alckmin vem se desenhando com contornos mais definidos. Ontem, domingo (19), foi realizado o primeiro jantar depois da saída do picolé de chuchu do PSDB. Uma conformação inédita depois do golpe de 2016, anos de crise econômica e ataques contra os trabalhadores, os setores oprimidos e o povo pobre: a conciliação petista agora está diretamente com o neoliberalismo, escancarando a urgência de superar essa conciliação com uma bandeira da independência de classe.

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FOTO: Ricardo Stuckert

Esse encontro foi parte da confraternização do grupo Prerrogativas, composto por juristas, advogados e artistas, uma representação do que vem se delineando as intenções do PT diante da necessidade da burguesia de assentar o regime político e a crise econômica. Até porque só se fortalece a linha de conciliação de classes de Lula e do partido de governar com a direita, como ocorreu em seus anos de governo, assim como no de Dilma, mas não é só mais uma das alianças do PT, no cenário atual ela significa preservar a obra econômica do golpe institucional de 2016 e administrar os ataques que virão dos capitalistas nas costas dos trabalhadores com os neoliberais daqui para frente.

Alckmin era o candidato da burguesia em 2018 para dar prosseguimento aos ataques do golpe institucional, com tempo de televisão interminável no horário eleitoral, que teve o lugar tomado por Bolsonaro, a contragosto, por este conseguir atrair a polarização social para si. Alckmin governou o estado de São Paulo roubando merenda de criança, realizando propinoduto, além de defender “privatizar tudo que puder” em 2018. É uma figura política que carrega a responsabilidade de profundos ataques à população paulista durante seus anos de governo, como a demissão de milhares de professores categoria O, tentativa de privatização de escolas, aplicação do ensaio da reforma do ensino médio e a maldita reorganização escolar contra a qual estudantes secundaristas bravamente batalharam. Alckmin fez o ensaio e asfaltou toda a rodovia de ataques que hoje esse regime político implementa, como as privatizações, assim como reprimiu fortemente manifestações de trabalhadores, estudantes e diversas categorias com bala de borracha, gás lacrimogêneo e sua polícia altamente violenta, e ele era a aposta dos capitalistas para as eleições de 2018 pós-golpe.

Ou seja, a possibilidade dessa chapa representa a “repactuação” que Lula e diversos atores políticos do regime estão operando, para tentar dar mais estabilidade ao novo regime político, para o lado dos capitalistas, mas lançando mão da popularidade de Lula entre os trabalhadores e o conjunto da população, é a conciliação petista se conectando mais profundamente com o neoliberalismo. Uma sinalização de que é, sim, possível realizar um governo petista em aliança com um neoliberal para os imperialistas, como Biden, frente à crise econômica.

Para isso, conta com todo o sentimento frente-amplista que o PT construiu durante todo o ano, construindo os atos com a direita e fechando os falidos pedidos de impeachment de Bolsonaro até mesmo com o PSL. Contando também com as centrais sindicais, como a CUT e a CTB, e a UNE (entidade estudantil nacional), dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, atuando na contramão de unificar trabalhadores, estudantes, setores oprimidos e o povo pobre contra os ataques. Pelo contrário, junto às centrais sindicais que são mais ligadas aos patrões (como a Força Sindical e UGT) apoiaram desde o início a conformação da chapa Lula-Alckmin.

Veja mais em: O Brasil para além de 2022: a crise política e a resposta dos trabalhadores

Uma possível aliança com Alckmin é a prova cabal de que, para derrotar a extrema-direita, é necessária a luta organizada dos trabalhadores independente de todos os atores políticos desse regime podre. É por isso também que não podemos nos enganar com os embates entre o STF e Congresso Nacional contra Bolsonaro, todas instituições do regime estiveram todo esse ano e todo seu governo junto com Bolsonaro para garantir a implementação de um plano de ajustes contra a classe trabalhadora e o povo pobre. Bolsonaro, Mourão, STF, Congresso, direitosos asquerosos como Alckmin são nossos inimigos, aprovam e implementam as reformas, privatizam por todo o lado, retiram nossos direitos, precarizam nosso trabalho. Por isso, nós do Esquerda Diário viemos debatendo a necessidade da luta por Fora Bolsonaro e Mourão e por uma nova Constituinte que seja livre e soberana para mudar as regras do jogo e não apenas os jogadores.

Veja também: 5 lições de 2021 para um novo ano de luta e resistência da nossa classe

E é nesse cenário que as tarefas preparatórias de uma esquerda com independência de classe se colocam como urgentes, ainda mais quando vemos grande parte da esquerda, como a maioria do PSOL, subordinada politicamente ao PT. Também que se faz necessária a unidade dos setores da esquerda que também enfrentam a política petista, como o MRT debate no Polo Socialista e Revolucionário, para expressar uma unidade na luta de classes com um programa para que sejam os capitalistas que paguem pela crise, podendo ser essa atuação a base para uma frente eleitoral inspirada na Frente de Esquerda e dos Trabalhadores Unidade da Argentina (FIT-U).

Veja também: Por um programa de independência de classe também para as eleições

 
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