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Diário de Uma Precarizada #7: "Muitas das vezes nem parece que sou apenas uma jovem de 23 anos"
Pão e Rosas
@Pao_e_Rosas

O "Diário de Uma Precarizada" é uma iniciativa do Esquerda Diário e do grupo de mulheres Pão e Rosas, reproduzindo uma série de páginas de diários de mulheres precarizadas dos nossos tempos, com relatos de suas reflexões, suas histórias e cotidianos vivendo a combinação da opressão e exploração.

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Imagem: Amanda Cinti

É fundamental olhar a realidade do mundo pelos olhos das mulheres, que são metade da classe trabalhadora hoje, e no Brasil majoritariamente negras, que vivem em duras condições de vida, trabalhadoras precarizadas, terceirizadas, muitas delas moradoras de favelas e periferias. Esse diário busca dar voz a essas mulheres e contribuir para despertar, através de uma perspectiva revolucionária, para que a força cotidiana dessas mulheres se transforme em organização e luta, e estejam na linha de frente nos combates contra a opressão e exploração capitalista, sendo protagonistas da transformação do mundo com a nossa classe.

O relato hoje é de uma estudante do direito e trabalhadora e reflete sobre os dilemas da juventude trabalhadora negra e LGBT+.

"Fiquei um tempo pensando em como começar, o que e como escrever. É assim que eu me sinto muita das vezes, perdida em milhões de pensamentos, mas sempre achando que não posso falar, que não devo falar, que muitas das vezes o que eu falar não será relevante.

Acredito que isso, infelizmente, faz parte da vida de algumas mulheres, o medo de se expressar nos assombra a todo o momento. E eu como mulher, negra e lésbica, sei como é difícil viver nessa sociedade opressora e machista.

Mas vamos lá, eu sou estudante de direito, trabalho 8 horas por dia, acordo todos os dias as 5h30 da manha e só volto para casa as 23h, me divido em varias para cumprir todas as tarefas. A carga da faculdade é pesada, misturada com a rotina do trabalho, muitas das vezes nem parece que sou apenas uma jovem de 23 anos. Paro diversas vezes para pensar, quanta gente tem a mesma carga e até mais pesadas para viver, trabalhando e estudando longe de onde mora, tendo que acordar cedo e muitas vezes dormindo pouco ou quase nada para conseguir cumprir com todas as tarefas que a vida impõe. E para as mulheres, principalmente para as mulheres negras, a rotina é árdua, tendo as demandas da família, trabalho, estudo e as pressões da vida, torna a vida pesada e muitas vezes sem sentido. Sabemos que hoje, cerca de 90% de nos, mulheres negras, estamos nos priores postos de trabalho, muitas trabalhamos como empregada domestica ou na terceirização, mas não só isso, ganhamos cerca de 60% menos que o homem branco ganha. Isso mostra o caráter racista e machista do capitalismo, que quer a todo tempo nos colocar como inferiores e nos oprimindo de diversas maneiras.

Penso todos os dias como a vida poderia ser diferente, tem uma frase do Trotski que sou apaixonada, “A vida é bela. Que as futuras gerações a livrem de todo mal e opressão". Essa frase coloca uma esperança, pois a vida é realmente bela, porém estamos condicionados a viver de forma tão dura e desgastante, que muitas das vezes não enxergamos o quão bela nossa existência pode ser.

Frente a tudo isso, o que me move é acreditar que um dia poderemos de fato te uma vida plena, livre da exploração e opressão, que são as amarras que o capitalismo tenta nos aprisionar. Sigo batalhando para que não só eu, mas todos os jovens, mulheres, negros possam usufruir da vida, que possamos amar quem quisermos, sem um julgamento, que não tenhamos medo de sair nas ruas e morrer pela mão da policia, que possamos estudar sem impedimentos, seja pelo filtro social que é o vestibular ou por ter que trabalhar e estudar ao mesmo tempo, que os trabalhos sejam decentes e que seja para todos, sem visar o lucro. E isso que eu espero do futuro, tanto para mim como para as gerações futuras."

Chamamos a todos a estarem no Encontro Nacional da Faísca no Rio de Janeiro “IDEIAS TROTSKISTAS PARA REVOLUCIONAR O MUNDO”, nos dias 10, 11 e 12 de dezembro, no RJ, com todas as medidas de segurança, com mesas e atividades para debater o trotskismo como a continuidade do programa e a estratégia do marxismo revolucionário no século XXI.

 
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