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Estudantes do Rio
Só a luta enfrentando Paes pode garantir BU frente ao retorno imposto pela justiça
Faísca - UFRJ
Vitória Barros
Alexandre Azhar

Após a absurda decisão judicial que impôs o retorno forçado das atividades presenciais nas instituições federais de ensino no Rio, fica ainda mais escancarado o absurdo que é a prefeitura de Eduardo Paes seguir negando o Bilhete Único Universitário aos estudantes. É preciso organizar de imediato a luta dos estudantes para arrancar esse direito com a força de nossa mobilização!

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Há algumas semanas, em uma absurda decisão, o TRF2 acatou pedido do MPF que impõe com urgência o retorno das atividades presenciais em instituições de ensino superior no Rio de Janeiro. Além da UFRJ, são afetados o Cefet/RJ, o Colégio Pedro II, o IFRJ, o Instituto Nacional de Educação de Surdos, a UFRRJ e a Unirio. Trata-se de uma decisão autoritária, que viola a autonomia universitária e expõe milhares de estudantes a riscos sanitários diante de uma volta sem planejamento, além de precarizar ainda mais as condições de ensino daqueles que, sofrendo com o peso enorme da crise econômica, que deixou milhões desempregados ou com a renda reduzida, não tem mais condições de se deslocar para a universidade.

Enquanto estudantes de todo o Rio debatem se terão condições de seguir seus estudos, em meio a preocupações desde segurança sanitária, até horários de trabalho, a situação é agravada ainda mais pela ausência do Bilhete Único Universitário, um direito dos estudantes, essencial para seu ir e vir, que segue sendo negado pela prefeitura de Eduardo Paes (PSD).

O BUU é uma importante conquista do movimento estudantil, e representa um aspecto vital da permanência estudantil para milhares de estudantes de baixa renda e que vivem longe da universidade. Na UFRJ, é ainda mais crítico, dada a falta aguda de moradia estudantil, tendo o Fundão pouco mais de 200 lugares para esta que é a maior universidade do Rio de Janeiro, com mais de 50.000 estudantes.

No fim de 2019, durante a gestão de Marcelo Crivella, a Secretaria Municipal de Transportes editou a Resolução 3.204 alterando os critérios de concessão do bilhete único universitário. A Resolução gerou a exclusão de vários jovens que necessitam do benefício. Muitos tiveram seu BUU bloqueado por não se encaixarem mais nas novas normas para obter o direito. Com o início da pandemia, o BUU de todos os estudantes foi bloqueado, com a hipócrita desculpa de “promover o isolamento social” enquanto trabalhadores (muitos dos quais também estudantes) seguiam sendo forçados a circularem pela cidade em transportes lotados para chegar a seus empregos, tendo o direito ao isolamento negado, além de ter o direito à livre circulação cortado. A juventude trabalhadora e os estagiários seguem trabalhando normalmente, só que agora tendo que pagar do seu próprio bolso por um direito que a prefeitura do Rio de Janeiro deveria garantir.

Durante as eleições, Paes se utilizou de forma oportunista do bloqueio do BUU para fazer uma campanha demagógica aos jovens, chegando a dizer, em um vídeo publicado em suas redes, que no seu mandato com certeza seria liberado o Bilhete Único Universitário. A promessa só ficou no discurso, enquanto a prefeitura segue o bloqueio do BUU e entidades estudantis denunciam que, em reuniões com a prefeitura, o prazo mais próximo para liberação seria só no ano que vem. Paes mostra, mais uma vez, que seu único compromisso é com as grandes empresas privadas dos transportes, que lucram bilhões com a superlotação dos trabalhadores nos transportes públicos, bem como com todos os patrões e exploradores, enquanto a juventude segue em penúria.

Link do vídeo do ato do BUU no dia 22 de novembro

Frente à urgência colocada pelo retorno imediato imposto pelo TRF2, a UFRJ se viu obrigada a instituir um auxílio transporte emergencial, tirando de seu próprio orçamento para cobrir um custo que deveria ser pago pela prefeitura. Já mergulhada em um cenário de constante crise orçamentária seguindo sucessivos e agressivos ataques à educação pública pelo governo Bolsonaro e Mourão, a UFRJ se vê ainda mais sufocada, enquanto a prefeitura senta na aprovação do BUU. Eduardo Paes contribui diretamente para a crise da educação e a precarização da vida de milhares de estudantes.

Paes é inimigo dos trabalhadores e estudantes, e sua atual gestão, como a anterior, o provam cabalmente. O prefeito das desocupações, das UPPs, da precarização da saúde e da repressão aos camelôs mantém em seu novo mandato a linha de favorecer os grandes empresários às custas da juventude e do povo trabalhador.

Só a organização e luta independente dos estudantes, junto à comunidade Universitária e os trabalhadores pode impor o retorno do BUU para todos que precisam. Essa luta só pode ser consequente quando reconhecemos claramente o inimigo e não temos nenhuma confiança nas saídas por dentro desse regime podre, seja esperando respostas do judiciário, seja alimentando esperanças na via eleitoral com a lógica do mal menor, como fez boa parte das correntes de esquerda carioca com a candidatura de Eduardo Paes.

Paes não é um mal menor para a juventude que hoje vê seu direito de estudar arrancado por não ter como pegar um transporte até sua escola ou Universidade. Se, durante as eleições, a esquerda tivesse uma política consequente de independência dos partidos da burguesia, dos quais Eduardo Paes é dos melhores representantes, denunciando-o como inimigo que é, ao contrário de semear falsa ideia de “mal menor”, hoje estaríamos em melhores condições de mobilizar as bases para arrancar da prefeitura esse direito. Pelo contrário, segue-se ainda hoje alimentando esperanças em “pressionar” Paes a fazer concessões que ele não tem nenhuma intenção de fazer, sem denunciá-lo e enfrentá-lo de forma consequente como o inimigo que é.

É urgente que as entidades estudantis cumpram seu papel de ferramenta de luta dos estudantes e dê voz e decisão à base, única forma de levantar a mobilização necessária para desmascarar o judiciário autoritário e a prefeitura de Eduardo Paes, que querem destruir a educação pública e o sonho de um futuro pra juventude. Entendemos que só através de um amplo debate, que tire desde um forte plano de lutas que garanta não só a liberação imediata do BUU, mas que va além, em garantir o passe intermunicipal e que derrube essas novas regras que impedem uma grande parte da juventude no acesso ao passe.

 
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