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Chamado às correntes de esquerda e estudantes da USP a construir um bloco classista nos atos contra o Bolsonaro dia 02
Juliane Santos
Estudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

Neste sábado ocorrerá mais um ato contra Bolsonaro, que além de estar sendo chamado pelas Centrais Sindicais, Entidades Estudantis e organizações de esquerda também é convocado por setores da direita, por isso a necessidade de construir um bloco com independência de classe, confiando na força organizada dos trabalhadores, estudantes, indígenas e todos os setores oprimidos e não na unidade com setores da direita que nos atacam e se unem ao projeto econômico de Bolsonaro em defesa do lucro dos grandes empresários.

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(Foto: Jorge Maruta/USP Imagens)

Enquanto Bolsonaro expressa todo seu negacionismo temos mais de 600 mil mortes por Covid-19 no país, com números altíssimos de desempregados e o aumento da inflação que faz com que grande parte da população mal consiga ter uma alimentação minimamente digna, ao mesmo tempo que os desastres ambientais seguem de forma escancarada acabando com o futuro do planeta em nome dos lucros do agronegócio.

A educação pública segue sendo sucateada, com tentativas de minar cada vez mais o pensamento crítico, como com a Reforma do Ensino Médio e o Escola sem Partido. Nas universidades públicas o cenário de cortes só piora, afetando a área de pesquisa e permanência estudantil, expulsando da universidade os setores mais vulneráveis e cotistas, isso quando diretamente não há a possibilidade de fechamento das faculdades.

Leia também: Chamado às organizações de juventude: fortalecer a unidade contra Bolsonaro e Mourão independente da direita

Nesse cenário horroroso, o futuro da juventude fica cada vez mais incerto, em um momento em que muitos de nós já trabalhamos em empregos e estágios precários, e não vemos perspectiva de futuro, em que direitos democráticos são cada vez mais atacados, como as tentativas de impedir a realização do procedimento do aborto mesmo nos casos em que a lei permite, impedindo o direito aos nossos corpos e a nossa sexualidade.

Se formos pensar a juventude de um modo geral, o desânimo e a falta de possibilidade de fazer um curso superior é uma triste realidade, em um momento de profundos ataques aos direitos trabalhistas que é realizado por Bolsonaro em unidade com outros atores do regime como Congresso, governadores e STF, que se unem quando o assunto é atacar os trabalhadores, os jovens e estudantes, e defender os interesses dos grandes empresários.

Diante desse cenário caótico, vemos um caminho a seguir quando observamos a luta dos indígenas, que aos milhares acampados em Brasília lutam contra o Marco Temporal, ou quando vemos a disposição de luta dos trabalhadores da Proguaru, em Guarulhos, que mantém uma forte greve lutando contra o fechamento da empresa por Guti (PSD). Esses e outros exemplos de luta mostram a disposição de luta dos trabalhadores e dos mais oprimidos para ir contra todos os ataques dos governos e dos patrões, e é nessa força que precisamos nos apoiar.

No dia 02, sábado, está sendo chamando mais um ato contra Bolsonaro, e nós da Faísca achamos fundamental que esse dia seja construído fortemente, a partir de assembleias nos locais de trabalho e de estudo, em que cada trabalhador e estudante seja sujeito de decidir os rumos da mobilização. Nesse sentido, os estudantes da USP podem cumprir um papel fundamental no dia 02, mostrando toda a sua força para derrubar Bolsonaro, sem confiar na direita e aceitar os ataques econômicos e os retrocessos sobre os direitos dos trabalhadores e da população pobre. Imagine a força de organizar blocos de estudantes da USP contra Bolsonaro e cada um dos que arquitetaram sua ascensão à presidência e que são parte de sustentá-lo até hoje, mesmo que parte desses setores tente se apresentar como uma oposição racional. Isso poderia impulsionar mobilizações em outras partes do país em defesa de uma política independente que batalha contra a extrema direita e todos aqueles que desde já estão refletindo como garantir que a agenda econômica neoliberal continue sendo aprovado para jogar ainda mais sobre as costas dos trabalhadores e da juventude a crise econômica em curso, enquanto os empresários e bancos seguem concentrando as riquezas no Brasil marcado pela profunda desigualdade.

Para isso é fundamental que as grandes Centrais Sindicais, como CUT e CTB, dirigidas pelo PT e PCdoB respectivamente, que também dirigem a UNE (União Nacional dos Estudantes), larguem a estratégia eleitoral que estão no qual buscam canalizar as nossas forças para 2022 enquanto os ataques ocorrem hoje, e construam um verdadeiro plano de lutas. O próprio DCE da USP precisa romper com sua política de paralisia e ser parte ativar de impulsionar a mobilização dos estudantes, lingando-se com os processos de luta em curso dos trabalhadores.

Ao contrário disso, esses partidos não só seguem uma estratégia de atos espaçados mas buscam se aliar com setores de direita como PDT, Rede, Cidadania e Solidariedade, que estão sendo parte de convocar os atos do dia 02 "em unidade", colocando para nós termos esperança que a unidade com esses setores que nos atacam e se unem, inclusive, com Bolsonaro para fazer isso, são a resposta. Esse processo de ampliação das alianças têm sido reivindicado e articulado por setores do PSOL, o que dilui a luta contra as reformas e privatizações aprovadas pelo conjunto da direita, o que vai na contra-mão de construir uma alternativa aos trabalhadores que supere o PT pela esquerda. Por isso é essencial que lutemos nas ruas contra Bolsonaro, Mourão, os militares e contra todos os ataques, mas confiando nas nossas forças.

Nós, da Juventude Faísca, fazemos um chamado a todas as correntes de esquerda da USP, como as correntes do PSOL, PSTU, UP e PCB, que também dirigem Centros Acadêmicos, a serem parte de construir um bloco classista no ato do dia 02, contra Bolsonaro e Mourão, defendendo claramente que a única forma de lutarmos contra todos os ataques é confiando nas nossas forças e não em unidade com setores da direita. Centros Acadêmicos como CAELL, CAHIS, CAPPF, XI de Agosto entre outros Centros Acadêmicos dirigidos por essas organizações poderiam cumprir um papel fundamental para fortalecer o movimento estudantil no momento atual, em contraposição à política do PT e do PCdoB, levantando uma política independente.

Esse bloco poderia ser parte de iniciar a construção de um pólo antiburocrático da esquerda, que batalhe contra a política burocrática dos setores que hoje dirigem as principais Centrais Sindicais e Entidades Estudantis e que na prática atuam como um verdadeiro freio na nossa luta em nome de uma confiança no regime e nos próprios setores de direita.

Um debate fundamental se abre entre a esquerda referente a qual programa devemos ter para ajudar a avançar a autoorganização dos trabalhadores e de todos os setores oprimidos, mostrando que a única unidade possível é a dos que sofrem com toda a precarização da vida, e não com setores da direita ou com as instituições como Congresso ou STF, que tanto nos atacam. Por isso colocamos um debate aberto em relação ao impeachment, defendido também por setores da direita que se unificaram com setores da esquerda na entrega do pedido de super-impeachment, e que na verdade coloca nossa disposição de luta nas mãos do Congresso e STF para decidir sobre o nosso futuro, esses setores que analisam seus passos sempre a partir dos seus interesses próprios e dos grandes empresários, em um processo que colocaria Mourão no poder, um militar grotesco, defensor da ditadura e que tem o mesmo projeto econômico de Bolsonaro.

Para nós da Faísca e do Esquerda Diário, a nossa defesa precisa ser por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela luta, para conseguirmos batalhar para que não sejamos nós a pagar pela crise e possamos avançar em perceber a nossa força e a necessidade da construção de uma nova sociedade, de ruptura com o capitalismo.

É esse debate que achamos fundamental ter na esquerda hoje, e chamando todos os setores de esquerda a construir um bloco classista no dia 02, onde possamos confiar nas nossas forças, sem nenhuma ilusão em unidade com setores que estão ao lado dos grandes empresários nacionais e imperialistas.

 
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