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Greve Global Pelo Clima
Abaixo a intervenção imperialista de Biden e das grandes empresas
Luiza Eineck
Estudante de Serviço Social na UnB
Miguel Gonçalves

Rumo à Greve Global pelo Clima, vivemos um momento de profunda crise climática e ambiental, é mais claro do que nunca que o capitalismo e seus governos são incompatíveis com o planeta. Com a intervenção imperialista de Biden e das grandes empresas no meio ambiente, se reafirma que o capitalismo “verde” e o negacionismo reacionário de Trump são duas faces de uma mesma moeda. Só podemos confiar na força da mobilização de nós, estudantes, ao lado dos trabalhadores e dos mais oprimidos como os indígenas para uma verdadeira transição ecológica que acabe de vez com o capitalismo.

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A greve global pelo clima está marcada para o próximo dia 24/09, um tema central que sensibiliza a juventude de todo o mundo. Afinal, a mesma juventude que saiu às ruas desde 2019 pelo clima e meio ambiente, agora passa pela maior pandemia dos últimos 100 anos e sente na pele os impactos da intervenção do capitalismo no meio ambiente. Temperaturas exorbitantes, queimadas, enchentes, ondas de frio e calor, derretimento de geleiras, deslizamentos de terra são frutos da produção desenfreada do capitalismo e suas empresas garantidas por seus governos que enxergam a natureza como uma inesgotável fonte de renda, e por consequência, geram uma série de desequilíbrios ambientais e destroem o planeta.

Frente a um assunto de extrema sensibilidade para a juventude, políticos burgueses vem tentando cooptar as pautas ambientais e utilizá-las como mero “trunfo” eleitoral. Nos Estados Unidos, diante do negacionismo ambiental de Trump que fingia não ver o efeito das mudanças climáticas no planeta, Biden buscou, demagogicamente, se apresentar como alternativa para se eleger com um discurso de diminuição dos efeitos do desequilíbrio ambiental. Porém, o Imperialismo estadunidense é bipartidário e não se importa com o meio ambiente, Biden já provou que em nenhuma instância é uma alternativa para enfrentar os efeitos do capitalismo no meio ambiente. O negacionismo reacionário de Trump e “o capitalismo verde” de Biden se provam como duas caras de uma mesma moeda.

No Brasil, frente ao negacionismo de Bolsonaro à la Trump, Biden do Partido Democrata se aproveita da profunda crise política que o governo Bolsonaro-Mourão enfrenta para se apresentar como alternativa “mais verde” e, inclusive, progressista frente a enorme devastação de biomas brasileiros como a Amazônia. Inclusive, setores do regime, principalmente do golpismo institucional, alinhados com a política demagógica de Biden, também buscam fazer pressão em Bolsonaro nesse sentido. Porém, não nos enganemos, todos eles compartilham do mesmo projeto econômico neoliberal, onde lucram com devastação e exploração ambiental ao mesmo tempo que descarregam a crise nas costas da classe trabalhadora e mais oprimidos.

E, para além disso, precisamos analisar quais são os interesses materiais de Biden no Brasil e o porque ele quer se alçar como salvador ambiental. Desde que ganhou as eleições presidenciais norte-americanas, onde Bolsonaro saiu bastante debilitado com a derrota de Trump, a estratégia de Biden e dos Democratas é claramente de destrumpizar o governo e fazer pressão em Bolsonaro e no agronegócio para frear sua devastação na Amazônia. Isso sob a ótica do cenário das disputas imperialistas e geopolíticas internacionais - com centro na disputa hegemônica entre EUA e China -, com a Amazônia e Brasil sendo setores bastante estratégicos na América Latina para se conquistar controle nos laços comerciais na arena internacional, principalmente, na produção agrícola. O Brasil compete com os EUA no mercado de produtos agrícolas como soja e milho, ou seja, Biden tem o interesse de conquistar maior controle sobre setores estratégicos da produção agrícola nacional para impedir seu crescimento e laços com a China, que é a maior importadora do agronegócio brasileiro.

No entanto, Biden e o Imperialismo buscam apresentar alternativas políticas por dentro do capitalismo, como é o Green New Deal, que busca chegar avançar para um capitalismo sustentável, onde seria possível harmonizar a contradição entre os interesses sanguinários capitalistas e a preservação do meio ambiente, o que não passa de uma ilusão reacionária, e que na prática coloca a resolução dos grandes problemas mundiais nas mãos de empresas imperialistas, como com os acordos entre as mesmas e países com metas de diminuição do impacto ambiental. Além de ser impossível uma saída para diminuir as mudanças climáticas por dentro do capitalismo, as metas sequer são cumpridas e servem para a burguesia demonstrar que supostamente se importa com a exploração ambiental. Biden assumiu depois de Trump ter deixado o Acordo de Paris, ao retornar ao acordo disse que os Estados Unidos seria uma liderança no enfrentamento às mudanças climáticas.

No entanto, o Acordo de Paris já demonstrou não ser nenhum pouco eficiente no combate à destruição do meio-ambiente justamente porque espera que as mesmas empresas e países que tiram seus lucros da exploração do meio-ambiente, sejam os agentes da mudança, o que obviamente não acontecerá. Por exemplo, apesar de Obama, de quem Biden era vice, ter assinado o Acordo de Paris em 2015, desde lá os Estados Unidos não conseguiu reduzir a emissão de CO2. Biden apesar de recentemente ter alfinetado a China que atualmente é a maior produtora de CO2 do mundo, só o fez pela disputa da hegemonia mundial entre os dois países, porque na realidade não faz nenhum esforço para transformar a situação ambiental dos Estados Unidos.

Os Acordos de Paris e demais tratados que buscam dar uma “resposta” à questão ambiental são meros documentos diplomáticos e cosméticos, sem exigência concreta de serem cumpridos, que não questionam a fundo as mudanças ambientais, afinal, isso significaria questionar o capitalismo. Mais do que isso, esse tipo de acordo busca desmobilizar a juventude que cada vez tem mais clareza sobre como os efeitos das mudanças climáticas estão ligados à exploração capitalista.

Apesar de na campanha, Biden ter usado da retórica “verde” para questionar o negacionismo de Donald Trump, seu Governo vem sendo um fracasso em dar uma resposta aos efeitos climáticos. Uma das maiores expectativas dos setores mais progressistas que tiveram ilusões na Campanha de Biden era o banimento do fracking, uma técnica de extração de petróleo extremamente poluente, o que não foi levado a frente por Biden que manteve o fracking como técnica vigente. As inundações em Nova York que pareciam um filme apocalíptico demonstram que os Estados Unidos, assim como qualquer outro país, estão expostos aos efeitos da exploração do capitalismo no meio-ambiente. Em fevereiro, uma nevasca no Texas deixou quase 90% da população sem energia, o que causou uma série de mortes e um aumento exponencial das contas de energia, que chegavam a 90 mil reais.

E não é apenas nos Estados Unidos que as tragédias ambientais vêm se intensificando. Temperaturas de mais de 47 graus foram registradas neste ano na Grécia e no Canadá. Incêndios florestais na Turquia e na Itália. Onda de frio, queimadas, longas secas e crise hídrica no Brasil, e Bolsonaro tem a coragem de mentir em seu discurso na ONU, ontem, que houve diminuição no desmatamento no Brasil ou que somos referência na produção energética. O capitalismo verde de Joe Biden, Angela Merkel e Emmanuel Macron se provou incapaz de dar qualquer resposta justamente porque submetem a batalha de diminuição da crise ambiental por dentro do capitalismo.

Enquanto Biden mantém uma retórica ecológica mas com as mesmas práticas de sempre, as empresas imperialistas seguem o mesmo caminho, cada vez mais conectadas à uma estética verde ao mesmo tempo que só aumentam o nível de exploração do meio-ambiente. Biden diz se preocupar com a Amazônia enquanto parece não se incomodar com os anúncios de Bolsonaro de que essa estaria à venda e não diz nada sobre o projeto empreendido pelo STF e o Congresso Nacional de ataque brutal e assassinato dos povos originários no Brasil como é o Marco Temporal e a PL490. O mesmo caso de França e Noruega que em 2019 demonstraram “preocupação” com as queimadas na Amazônia enquanto mantinham empresas multinacionais que garantiam milhões de dólares de lucro anualmente na mesma Amazônia.

Os Estados Unidos nas últimas décadas vem passando por uma série de fluxos de imigrantes da América Latina que são nada mais do que reflexos da intervenção imperialista dos Estados Unidos durante mais de um século em uma série de países. Nesta semana, os Estados Unidos busca expulsar 12 mil haitianos que estão acampados no Texas. Biden dizia que daria um tratamento mais humano aos imigrantes enquanto mantém crianças em jaulas e separa famílias na fronteira, o mesmo que fazia Donald Trump. As cenas dos policiais estadunidenses em cavalos com chicotes reprimindo os haitianos chocaram o mundo e remeteram a tempos sombrios da escravidão. A vinda de 12 mil imigrantes é explicada, justamente, pela catástrofe ambiental que o país enfrentou com um terremoto e um ciclone, somados à instabilidade política fruto da intervenção imperialista no Haiti que se estende por séculos. Enquanto milionários como Bezos vão até a lua, as fronteiras para as vítimas das tragédias ambientais estão fechadas.

Se inspirando nos indígenas na luta contra o Marco Temporal, o caminho para combater as mudanças climáticas é a unidade entre os povos originários, a juventude, a classe trabalhadora, que tudo produz, e os setores oprimidos auto-organizados, afinal, somos nós os únicos interessados em uma relação harmônica entre a natureza e a sociedade.

Frente a todo esse cenário de mudanças climáticas e declínio ambiental, onde os capitalistas são os responsáveis e não podem dar uma resposta, às juventudes de diversos países que compõem a Fração Trotskista saiu com uma declaração que busca aprofundar os elementos pontuados aqui e apresentar um programa operário, antiimperialista e socialista de combate. Jovens, trabalhadores, povos originários e os setores oprimidos são os setores que podem, ao se enfrentar com o capitalismo, dar uma resposta para a crise ambiental que se acelera em nosso planeta. Nesse sentido, convidamos a todes a debater o manifesto em uma plenária aberta no próximo sábado, dia 25/09 às 16 horas pelo Zoom.

Participe da plenária sobre manifesto internacional marxista na luta ambiental.

 
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