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Atos do dia 12 de setembro
PCdoB se ajoelha diante do MBL
Odete Assis
Mestranda em Literatura Brasileira na UFMG

A foto do ex-presidente da UNE, Iago Montalvão ao lado de Kim Kataguiri e Joice Hasselmann na entrega de mais um pedido de impeachment em junho, enquanto do outro lado da esplanada os indígenas lutavam bravamente contra o marco temporal é uma expressão gráfica da política do PCdoB no último período: a busca desenfreada por alianças com aqueles que nos atacam, enquanto deixa as lutas em curso isoladas e divididas.

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Imagem: PCdoB e MBL juntos na fracassada manifestação do 12 de setembro no Rio de Janeiro. Fonte: Estadão

O PCdoB está ativamente chamando as manifestações deste domingo, convocadas pelos movimentos MBL e Vem pra Rua, que agora contam com adesão de outros partidos e setores. Como explicamos aqui, essas organizações são as mesmas que em 2016 foram os principais articuladores dos atos golpistas pelo impeachment de Dilma Rousself. Ninguém tem dúvidas que tratam-se de organizações direitosas que levaram Bolsonaro ao poder, mas agora diante do descontrole da extrema direita em seus instintos ainda mais golpistas, que ameaçam a continuidade dos ataques capitalistas, eles decidiram não apoiar mais a continuidade do governo e levantam a bandeira do impeachment. Não porque se arrependeram de terem roubado o direito ao voto de milhares de pessoas, como fizeram nos últimos anos, mas sim porque dessa forma acham que podem continuar implementando os ataques, como as reformas, as privatizações, o Marco Temporal e o PL 490 contra os indígenas, entre uma longa lista de ataques dos quais essas organizações da direita não tem nenhuma diferença com o programa bolsonarista.

Esses atos são para fortalecer esse projeto político, de uma ala da direita que não mais quer apoiar Bolsonaro, mas quer se alçar como alternativa eleitoral no ano que vem, a dita terceira via. É para esses atos que o PCdoB, honrando seu legado stalinista de conciliação de classes, está convocando a juventude e a classe trabalhadora. Para misturar suas bandeiras e ser massa de manobra da direita que quer arrancar o sangue e o futuro da classe trabalhadora em nome dos lucros capitalistas, enquanto pintam-se de “democráticos”. A democracia que eles defendem é essa democracia burguesa cada vez mais degradada, essa democracia dos ricos e poderosos que não hesitam em tirar os direitos dos trabalhadores e da juventude para manter seus privilégios. E é a essa política que o PCdoB pretende se aliar.

O papel nefasto desse partido se revela também nas organizações sindicais e estudantis que dirigem. Estão à frente da CTB, uma das maiores centrais sindicais país, que está convocando os atos. Ao invés de organizar assembleias e reuniões nas bases do sindicatos de todo país, ao invés de fortalecer a unidade dos trabalhadores com grandes campanhas de solidariedade a duras lutas travadas contra os patrões e políticos como a defesa da sede do sindicato dos metroviários de São Paulo contra o despejo de Doria, ou a luta dos metalúrgicos da Sae Towers em Betim que depois de uma dura greve seguem lutando contra a intransigência da patronal, essa central sindical chama os trabalhadores a irem às ruas com o MBL, Vem pra Rua e os partidos que implementaram as reformas dos patrões. Um completo desserviço.

Nas entidades de juventude, como a UNE, UBES e ANPG buscaram a todo custo aprovar a ida aos atos, foram derrotados e as entidades divulgaram uma nota ambígua sobre não convocar os atos, mas não se opor a ida e participação dos diretores das entidades que quiserem estar presente. Isso se dá porque a posição política dessas entidades segue sendo a defesa do impeachment, que levará Mourão ao poder, como saída política para o país. Inclusive muitas organizações que estão na diretoria da entidade, como o Afronte e Juntos, que não convocam abertamente os atos deste dia 12, defendem a unidade com MBL e todos os direitosos que nos atacam.

Isso acontece porque apesar das diferenças táticas, desde o PCdoB, até as juventudes que se dizem oposição a essa burocracia, todos estão unificados politicamente em concentrar todos os esforços nas alianças com MBL, PSDB e toda corja da direita. Agora sobre realizar assembleias nas escolas e universidades, sobre preparar um sério plano de lutas onde a base possa ser protagonista das decisões da organização e do conteúdo político dos atos, sobre realizar uma paralisação nacional em apoio a forte luta indígena que está em curso, sobre construir campanhas de solidariedade às greves em curso, não tem nada concretos em suas notas. Todos os esforços são para convencer a direita a fazer um ato em comum, o que significa inclusive a disposição das burocracias das entidades e da própria esquerda em deixar de lado pautas centrais da classe trabalhadora e da juventude como a luta contra as reformas e os cortes. Significa inclusive manter isolada a enorme luta indígena que está em curso, afinal conseguem imaginar os povos indígenas que estão em pé de guerra contra o marco temporal, realizando um ato em comum com o mesmo MBL que defendem o PL 490?

O papel nefasto das burocracias do PCdoB à frente das nossas entidades estudantis e sindicais, que se empenham muito mais na construção dos atos daqueles que nos atacam, do que na construção de um sério plano de lutas que possa de fato unificar a juventude, os trabalhadores, os movimentos sociais e a luta indígena, torna ainda mais urgente a batalha para que dentro dessas entidades emergem correntes antiburocráticas, combativas e com uma política de independência de classe. O que passa por uma programa que tenha como centro a unidade da nossa classe na luta contra Bolsonaro, Mourão e os militares, sem subordinar nossas bandeiras e pautas as alianças com a direita que está junto com Bolsonaro na retirada dos nossos direitos. Passa por exigir dessas direções um plano de lutas organizado a partir de assembleias em cada local de estudo e trabalho, para que sejam os trabalhadores e a juventude a decidir como e pelo que vamos às ruas, mas também a construir uma paralisação nacional, que possa se unificar com a luta indígena. Esse é o único caminho para derrotar Bolsonaro e os ataques. Essa é a batalha que nós do MRT, do Esquerda Diário, da Faísca Revolucionária e do Pão e Rosas, damos em cada local de estudo e trabalho, e também nas ruas, lado a lado com os indígenas, apoiando cada greve como a dos trabalhadores da MRV, da Carris, da Sae Towers, da Rede TV, do Detran-RN. E como parte desses combates, debatemos com todos a importância de lutarmos também por uma assembleia constituinte livre e soberana contra Bolsonaro, Mourão e todo esse regime golpista.

 
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