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Debate
Isa Penna: nas ruas com Kim Kataguiri pra enfrentar Bolsonaro?
Mariana Duarte
Estudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

No dia 12/09, a oposição de direita ao Bolsonaro irá para as ruas como parte da busca por fazer surgir uma terceira via no Brasil com melhores condições de aplicar ataques a população e aos trabalhadores do país. Há setores da esquerda que já confirmaram presença nas manifestações, dentre eles, Isa Penna do PSOL, está enfaticamente em suas redes sociais, disseminando ilusões em setores dos trabalhadores, mulheres, negros e LGBTs de que há alguma saída possível ao lado de reacionários como Kim Kataguiri que convoca os atos.

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Que existem setores da esquerda que têm mais confiança nas instituições da burguesia e seus capachos do que na força da classe trabalhadora organizada, não é novidade. Todos viram o show de horrores do super impeachment no Congresso Nacional, que reuniu desde Joice Hasselman até setores do PSOL, PCB, UP e PSTU. Uma grande unidade com setores dos mais reacionários da política nacional, em torno de uma saída política para colocar o racista general Mourão no poder. Após essa grande iniciativa por parte desses setores da esquerda organizada, já seria de se esperar que não se opusessem à participação de setores do PSDB nos atos organizados pelo Fora Bolsonaro, como de fato ocorreu.

Seria mais um passo aderir aos atos chamados pela direita podre que organizou as manifestações pró golpe institucional em 2015/2016, que no entanto ainda não foi tomado pela maioria do PSOL e do PT, que sob o argumento de que os atos não foram construídos com a unidade necessária, já declararam não aderir às manifestações, no marco do acordo em comum de que é necessária a unidade com aqueles que nos atacam todos os dias para derrubar Bolsonaro.

Apesar disso, mesmo nesse cenário, a deputada estadual Isa Penna do PSOL já declarou de maneira entusiasmada que irá marchar ao lado de Kim Kataguiri em defesa do impeachment. Em suas redes sociais, a deputada colocou:

“Nos mesmos atos também estarão grupos que ajudaram a eleger Bolsonaro e pessoas que não estão em grupo algum. Afinal, o Brasil sabe que o que está em jogo vai muito além.

Nós, as mulheres, a negritude, indígenas e a população LGBT+, sentimos o governo Bolsonaro na pele. Foi com muito sofrimento que já aguentamos Bolsonaro por mais de três anos. Não podemos esperar mais um ano. O preço será a morte.”

Tais argumentos seriam plausíveis se partíssemos de uma realidade em que se unir com a direita que colocou Bolsonaro no poder fosse o caminho para derrotá-lo, no entanto, não é. Todos os setores do regime político que se colocam como oposição ao governo, ao lado do imperialismo norte americano, tem com o bolsonarismo um mesmo objetivo em comum, objetivo esse que possibilitou sua eleição em 2018 e que o mantém no governo até o momento: aprovar mais e mais ataques sobre as nossas costas para garantir que sejamos nós a pagar pela crise capitalista. A única forma de se enfrentar com esse projeto em curso é pela via da organização dos trabalhadores ao lado dos setores populares e oprimidos de maneira independente de todos aqueles que querem ver o chicote estalar sobre nós.

A deputada em sua declaração segue:

“Precisamos ir além da dualidade Lula x Bolsonaro. PT e anti-petismo. Qualquer democracia de verdade possui vozes plurais. Não podemos falar apenas para os nossos. Apenas para quem se identifica com o programa político da esquerda. Temos pressa.

As ameaças de Bolsonaro não podem ser menosprezadas!

Estar nas ruas no dia 12 não nos faz menos de esquerda ou menos revolucionários. Mas demonstra maturidade em priorizar a defesa da democracia.”

Seria cômico se não fosse trágico imaginar que é possível defender qualquer direito democrático ao lado dos mesmos que foram sujeitos ativos da implementação do golpe institucional que nos trouxe até aqui (!!!).

A unidade que precisamos só pode ser da classe trabalhadora organizada ao lado da juventude, das mulheres, negros e LGBTs em cada local de trabalho e estudo. Essa força unida é imparável e é a única capaz de derrotar Bolsonaro, Mourão, os militares e o conjunto da casta política apodrecida que hoje está descontente com o governo e sua retórica golpista, mas que ao mesmo tempo se alia ao bolsonarismo para aprovar cada uma das reformas que amarga as vidas da população.

Para além disso, chega a ser chocante a defesa do mote “Nem Bolsonaro Nem Lula” que ganhou as manifestações por parte da deputada, já que se trata claramente de uma tentativa desesperada de fazer surgir uma terceira via capaz de concorrer às eleições de 2022 como alternativa mais viável e “racional” de setores de peso da burguesia nacional e imperialista.

Muito ao contrário de semear ilusões de que setores como esses são nossos aliados, precisamos desmascarar esse papel nefasto que querem cumprir os partidos e figuras da direita que se colocam como oposição ao governo, diferentemente do que fazem figuras como Sâmia Bomfim e organizações como a Resistência, que não irão comparecer aos atos do dia 12 mas já deixaram claro que estão dispostos a seguir uma ampla unidade nas ruas com esses mesmos setores mediante uma “construção e direção conjunta”, como se fosse possível construir manifestações em defesa dos nossos direitos ao lado dos que querem atacá-los.

A luta dos povos indígenas em Brasília demonstra o caminho que devemos nos apoiar para seguir, exigindo das grandes centrais sindicais que saiam de sua paralisia e construam um plano de lutas efetivo, que possa colocar em cena a gigante força dos trabalhadores no país.

 
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