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O que a mídia pensa
Golpistas em 2016, adeptos da terceira via são tudo, menos defensores da "democracia"
Clara Gomez
Estudante | Faculdade de Educação da USP

Com a crescente busca para emplacar uma terceira via para eleições de 2022, tendo como marca registrada o acirramento de disputas internas no PSDB e os atos sendo chamados por setores como MBL no próximo dia 12, a grande mídia produz editoriais em defesa das reformas e por uma candidatura “mediada” da direita.

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Imagem: Reprodução/twitter

Os editoriais produzidos essa semana abordaram uma série de assuntos que marcam a crise em curso no país, como a crise hídrica, para qual Bolsonaro cinicamente sugere à população que apague a luz de um dos cômodos da casa para evitar o risco de um apagão ou mesmo do racionamento. Além desse tema que estampou a capa do jornal O Globo, a Folha de São Paulo também produziu editoriais cujos temas se voltaram para as tensões entre Bolsonaro e STF e as discussões em torno do pagamento dos precatórios e o Auxílio Brasil do presidente.

Na leitura dos editoriais produzidos pela grande mídia, fica evidente o quanto o posicionamento opositor incorporado por ela, na verdade, mantém a agenda de ataques contra os direitos dos trabalhadores. Ao passo que os jornais, em determinados aspectos, duramente criticam Bolsonaro, sempre ocultam o papel fundamental que eles mesmos cumpriram para ladrilhar o caminho para que o presidente ascendesse ao cargo. Folha de São Paulo, O Globo, O Estadão e Gazeta não hesitam em defender a agenda econômica neoliberal, essa última chega a rememorar os “áureos tempos da Lava-Jato”, que se configurou como uma forte operação do imperialismo, ampliando o desmantelamento da Petrobrás e abriando espaço para o golpe e a eleição de Bolsonaro.

Especialmente no caso da Folha, tanto em seus editoriais, quanto em seus podcasts e demais materiais, a defesa da manutenção do teto de gastos aprovado em 2016 aparece no centro. Em seu recente editorial, essa mídia reservou até mesmo críticas à medida proposta por Fux em relação aos precatórios que tenta viabilizar, por interesses políticos, o Auxílio Brasil mesmo que em um valor ainda mais insuficiente para vida da população do que aquele proposto por Bolsonaro e Guedes que são os principais responsáveis pela crise, junto aos demais atores do regime político do qual o STF faz parte.

No entanto, dentre os assuntos abordados, o mais chamativo foi o foco para a terceira via dado, especialmente, pelo Estadão e pelo editorial produzido por Merval Pereira, pelo O Globo. Expressando uma visão crítica e equidistante tanto a Bolsonaro, quanto ao próprio PT, remontando até mesmo ao editorial produzido durante as eleições presidenciais de 2018 cujo título era “Uma escolha difícil", ambos os jornais colocam a urgência de uma alternativa entre Lula e Bolsonaro, a famosa terceira via, para que ela consiga melhor dar continuidade a agenda econômica do golpe institucional em relação aos dois atores.

O tema da terceira via não aparece à toa. A grande mídia o traz à tona em meio a um cenário que, por um lado é marcado pela polarização entre Bolsonaro e Lula, por outro, se acirram as disputas internas no PSDB para as prévias, enquanto Dória e o MBL concentram-se na convocação do ato da direita contra Bolsonaro que será dia 12/09.

Como tentativa de fortalecer a terceira via, o governador de SP recorreu à medida autoritária de proibir a esquerda de manifestar-se no dia 7 de setembro contra o bolsonarismo. Uma mensagem clara de seu objetivo: ser o grande nome da fragmentada oposição burguesa liberal e ajustadora. Embora o próprio Judiciário tenha proibido Doria de proibir, essa situação demonstra que a terceira via não pode surgir sem o velho autoritarismo deste setor que protagonizou o golpe em 2016 e, agora, buscam apresentar-se como a alternativa “democrática” contra o golpismo bolsonarista.

Essas disputas tem relação direta com as movimentações dos grandes empresários e suas tentativas de formar consensos internos, fomentar a harmonia entre os poderes, para garantir a continuidade dos ataques aos direitos dos trabalhadores ao longo do próximo período, como afirmam no manifesto encabeçado pela FIESP, que foi adiado para o dia 07 em função dos conflitos envolvendo a Febraban, um reflexo das disputas entre frações bolsonaristas e opositoras da burguesia golpista.

Leia também: Lançamento do manifesto de entidade patronais pedindo harmonia entre os poderes é adiado

A grande imprensa, que tenta se apresentar como pretensa defensora das liberdades democráticas, sendo que foram aliados de Bolsonaro no Impeachment de Dilma, e na retirada de Lula da disputa eleitoral em 2018, na verdade estão na linha de frente em defesa das reformas e ataques econômicos, e para isso tentam desesperadamente articular sua própria candidatura. Sem confiança na direita, como quer o PT de Lula, a saída para a crise não será institucional, ela deve se dar a partir da auto-organização dos trabalhadores em cada local de trabalho pela construção de uma greve geral contra Bolsonaro, Mourão e golpistas.

Confira também nosso editorial: 7 de setembro: enfrentar Bolsonaro, os ataques e a medida ditatorial de Doria nas ruas

 
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