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DEBATE
O Afronte/Resistência (PSOL) está se preparando para entrar no PT?
Vitória Camargo

Nesta semana, enquanto Lula fechava os olhos à luta indígena e percorria o Nordeste em caravana, para costurar acordos e alianças com partidos do Centrão e até mesmo da base do governo Bolsonaro, como o Republicanos de Carlos Bolsonaro, a juventude Afronte, por sua vez, saudava o encontro com Lula em Salvador em suas redes sociais como um exemplo de "unidade de esquerda". O lulismo do Afronte está desenfreado. Essa corrente se prepara para entrar no PT?

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A mais de um ano das eleições, a política real do Afronte vem sendo cada vez mais escancarada. Realmente, assim como o PT, essa corrente "não esperou 2022", como gostam de repetir, para dar largada à sua campanha eleitoral aberta. No encontro em Salvador, o Afronte fotografou, para quem ainda não tinha entendido, o que está por trás do discurso por uma "frente de esquerda" com "Lula com um programa anticapitalista", como o suposto caminho das pedras contra o projeto de Bolsonaro.

Nesse caso, esse delírio mentiroso já tem início em vender que o PT, que administrou o capitalismo brasileiro por 13 anos, permitindo que "os bancos nunca lucrassem tanto" e fortalecendo todos os setores reacionários que deram o golpe institucional de 2016, incluindo os militares e as forças repressivas racistas, pudesse ser anticapitalista. Inclusive, foi na Bahia que Rui Costa aprovou sua Reforma da Previdência à base de repressão no governo Bolsonaro e recentemente ameaçou cortar salário de professores. No melhor cenário, a exigência por "Lula com um programa anticapitalista" seria uma ingenuidade atroz a qualquer marxista. Na realidade, como já indicou o teórico do oportunismo eleitoralista, Valério Arcary, essa "exigência" (que na prática não passa de apoios e sorrisos a Lula) são palavras ao vento para iludir trabalhadores e a juventude, buscando pintar o PT de esquerda, quando sabem que o anticapitalismo de Lula está a anos-luz de distância da realidade, como sempre esteve.

Veja mais: Descaminhos de uma (R)esistência sem estratégia

O quanto de anticapitalismo há nos que querem ganhar o Centrão, que sustenta o governo Bolsonaro e todos os seus ataques hoje, não é nenhum enigma. Assim como, não há nisso nada de "frente de esquerda", apenas a cobertura pela esquerda, ainda com o logo do PSOL, de um projeto de conciliação com a direita em um momento em que os capitalistas mostram todas as suas garras contra o futuro da juventude. Uma frente que passaria pela tentativa de agregar o Republicanos de Carlos Bolsonaro e das Igrejas evangélicas, inimigas das mulheres e LGBTs, ao PSB, de Freixo e João Campos, que reprimiu ato contra Bolsonaro em Recife, passando por várias outras siglas golpistas e burguesas, além do PT e do PSOL. Como derrotar o projeto de Bolsonaro com o PT e a direita? Não se sabe. Também não é difícil concluir que Lula pretende governar com todos os ataques já aprovados por Bolsonaro e pelo regime dos golpistas, da Reforma Trabalhista às privatizações, contando com a trégua das centrais.

Afinal, o papel do PT nas burocracias do movimento estudantil e operário tem sido pacificar, dividir os focos de resistência em curso, separando estudantes e trabalhadores e até mesmo fechando os olhos à enorme resistência indígena que se desenvolveu na última semana em Brasília. Essa unidade não se viu. O Afronte, que dizia compor o campo da "Oposição de Esquerda" à UNE, entidade dirigida pelo PT e pelo PCdoB, deixa claro que nem uma oposição discursiva faz sentido para sua política, a serviço dos objetivos eleitorais. A "unidade" que defende, na prática, tem servido para referendar as reuniões de cúpulas das centrais e dos movimentos, que garantiram o arrefecimento dos atos de juventude, a cada um mês, para que fossem se esvaziando, além de servir para comemorar a presença de setores da direita nos atos, como o próprio PSDB de Doria, que proibiu o 7 de Setembro em São Paulo, deixando as ruas para os bolsonaristas - medida autoritária que precisa ser enfrentada por todas as organizações da oposição de maneira unificada, tomando o 7 de Setembro nas ruas.

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Diante do Congresso do PSOL e de uma majoritária que aposta na diluição ao projeto do PT, sem candidatura até mesmo no primeiro turno de 2022, não é nenhum devaneio se perguntar se a Resistência e o Afronte pretendem entrar no PT, como exímios advogados de Lula para a vanguarda. Não há nada hoje em sua política, programa e estratégia que justifique qualquer separação organizativa - que é o que propõe o MES, com a candidatura de Glauber Braga, para esconder que também se adapta ao regime e à política do PT.

Essa deriva dos que ainda ousam reivindicar o trotskismo no Brasil mostra a falta que faz a perspectiva da independência política dos trabalhadores, de classe, para intervir nas lutas em curso, batalhando por uma verdadeira frente única operária e pela auto-organização, e para construir uma perspectiva política para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

 
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