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Coronavírus
Países pobres sofrem com novas variantes e falta de vacinas. Quebra de patentes já!
Guilherme Garcia

Enquanto em alguns países centrais, como Estados Unidos, França, Alemanha, e demais países da Europa, a pandemia parece está estabilizando com o avanço na vacinação nesses países, a situação é bem diferente para a maioria dos países periféricos, e é bastante catastrófica. A nova variante do coronavírus, conhecido como Delta, vem se espalhando rapidamente pelo mundo. Somente em um mês, 132 países registraram um aumento de 80% dos casos de covid. Um número alarmante e que demonstra a proporção desigual da vacinação na maioria dos países pobres que é imposta pelos imperialistas.

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Na foto profissionais de saúde sul-africanos pedem melhores condições para combater pandemia

O diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, divulgou os dados em uma coletiva de imprensa em Genebra sobre o avanço da pandemia. Somente na última semana houve um aumento de 4 milhões de novos casos, que segundo ele, poderia ultrapassar a marca de 200 milhões de infectados em duas semanas se continuar nesse ritmo. A principal causa desse aumento está com a variante Delta, que é muito mais contagiosa e agressiva, com relatos de casos onde pessoas com duas doses da vacina foram infectadas. Além disso, a falta de segurança sanitária em todos esses países, é um terreno fértil para se propagar ainda mais o vírus. Parte do problema ainda é a falta de testes em dezenas de países, onde a testagem nos países pobres representa apenas 2% dos índices dos países ricos.

África é o continente mais atingido pela nova variante. Não somente os casos, mas a taxa de mortes aumentou em 80% nesse último mês. Um dado bastante brutal e mostra o tamanho da desigualdade em um continente que sofre com a miséria e condições de saneamento básico ultra precarizadas. O continente teve até o momento 1,6% de sua população vacinada, isso também é um dos principais fatores pelos quais a pandemia se espalha rapidamente no continente, assim como no conjunto dos países pobres pelo mundo todo. O diretor da OMS afirmou ainda que a organização tinha uma meta, bastante insuficiente, de vacinar até 10% da população desses países, mas essa meta pode estar destinada ao fracasso total. O maior problema disso está na concentração da vacina em poucas mãos o que implica em muita dificuldade dos países pobres conseguirem receberem as doses de vacina.

Tendros coloca que é uma situação muito grave e que só poderemos reverter a pandemia se mudarmos totalmente a rota das vacinas para esses países. É evidente que com uma distribuição racional das doses para toda a população mundial, o agravamento da pandemia poderia ter sido controlado. Mas obviamente o dirigente de um organismo da ONU não aponta que o problema mais de fundo para tamanha desigualdade nas vacinas e o avanço da pandemia está na lógica capitalista e na sede das grandes indústrias farmacêuticas de lucrarem em cima das doses de vacinas. O monopólio das patentes de pesquisas sempre foi um grande entrave para desenvolver mais pesquisas, produzir e distribuir vacinas que pudessem atender a toda população mundial. Essa irracionalidade capitalista se mostra concretamente com os países mais ricos tendo garantido todas as vacinas possíveis, comprando até mesmo mais doses do que o total de sua população e também antecipando a compra de vacinas que nem chegaram a ser fabricadas. É o caso do Canadá, que comprou no início do ano uma quantidade de doses suficiente para vacinar 5 vezes sua população inteira. O mais absurdo foi os países da União Europeia, que simplesmente proibiram exportações de vacinas para fora da Europa.

Passados meses desde o início da campanha de vacinação, vemos como essa desigualdade das vacinas vem afetando a maioria da população e impede que a pandemia seja controlada de fato. Tudo isso por causa da irracionalidade capitalista, que submete a saúde pública aos interesses de lucro dos imperialistas. Não podemos aceitar que isso continue. O descontrole das novas variantes afeta principalmente a classe trabalhadora e os setores mais pobres, que segue sofrendo e morrendo pelo vírus, ao mesmo tempo que sofrem com a miséria e a fome imposta por essa crise. Não podemos nos iludir com a demagogia de figuras como do presidente norte-americano, Joe Biden, que doou para todo o continente africano apenas 5 milhões de doses no mês de junho, sendo que a população é superior a 1,2 bilhão de habitantes.

Para garantirmos vacinas para todos, é preciso da anulação de todas as patentes das grandes indústrias farmacêuticas, que só pensam em lucrar com a catástrofe. Para isso também é preciso que os próprios trabalhadores da saúde, junto a especialistas disponham das pesquisas e resultados, concedendo acesso público a esses dados, com independência dos governos que, juntos às grandes empresas, já demonstraram que a produção de vacinas está subordinada aos lucros, mesmo que isso signifique a morte de milhões. Além disso, é necessário garantir a produção em massa de vacinas sob controle dos trabalhadores. Também a reconversão das indústrias que forem possíveis para a produção de vacinas, com o controle operário, poderia não somente combater a pandemia, mas o próprio desemprego que vem assolando os países mais pobres, como no Brasil de Bolsonaro, onde milhões de trabalhadores vivem na miséria e dependendo de doações de ossos para se alimentar.

Editorial MRT: Fila do osso é símbolo da barbárie capitalista: por um plano de luta já

Um plano operário e efetivo de combate à pandemia, que só poderia ser imposto com a força da mobilização, vai contra os interesses dos capitalistas e é somente assim que podemos para esse caos que vem ceifando a vida de milhões de pessoas pelo o mundo. A classe trabalhadora precisa tomar em suas mãos e levar a frente esse plano, exigindo que as burocracias sindicais se movam para travar a luta contra os imperialistas e os governos capachos deles, como o de Bolsonaro, nos países pobres. Se unificando com os estudantes, movimentos ecológicos, de negros, mulheres e LGBTQI para pode impor uma saída que sejam os capitalistas que paguem por toda essa crise.

 
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