Longe de se tratar de um embate em prol da liberdade de credo, tal episódio representa uma invertida da bancada da bíblia para colocar como prioridade seus interesses político-econômicos em detrimento da saúde da população, com uma proposta que colocaria a vida de milhões em risco.
Nos primeiros 15 minutos da sua arguição, André Mendonça falou mais de 40 vezes em Deus, cristãos, cristianismo e demais termos religiosos. É escandaloso falas como essa que utilizam-se como base argumentativa a religião, ferindo profundamente a suposta laicidade de Estado.
Todavia, não é a primeira vez que vemos esta dança entre a Igreja e o Estado Capitalista: no ano passado (2020), o congresso perdoou uma dívida de 1 bilhão das igrejas; neste ano (2021), Bolsonaro declarou que quer Mendonça realizando orações em sessões do STF, se eleito ministro da Corte.
Com a indicação de Mendonça ao Supremo, vemos Bolsonaro atendendo a um setor que foi decisivo para a sua eleição em 2018 e que não para de crescer. Segundo projeções do doutor em demografia José Eustáquio Diniz Alves, o Brasil vive um momento de "transição religiosa", com o declínio de católicos e a ascensão de evangélicos se acentuando.
Portanto, episódios como esse expressam uma vez mais as ações criminosas do pastor André Mendonça, que exemplifica a política geral da bancada da bíblia fortalecida pelo PT nos governos Lula e Dilma, mas também a forte simbiose entre o Estado Capitalistas e as Igrejas que só poderá ser totalmente rompida por um governo de trabalhadores em ruptura com o capitalismo, rumo a um Estado Socialista o qual coloque verdadeiramente os interesses da maioria como prioridade.
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