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ELEIÇÕES 2022
5 vezes que Ciro deixou claro que não é uma alternativa para os trabalhadores
Caio Reis

Como já se tornou hábito, mais uma vez tentam nos vender Ciro Gomes (PDT) como algum tipo de alternativa eleitoral “progressista”. No entanto, sua trajetória anti-operária vai na contramão de qualquer coisa concebível como favorável aos que se opõem ao governo e aos ataques capitalistas.

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Há anos já que, toda vez que o assunto é eleições presidenciais, algum setor levanta o nome de Ciro Gomes do PDT como uma suposta alternativa “progressista”, bem relacionada e de oposição ao PT de Lula. A demagogia é sempre a mesma e, com o acúmulo dos anos, também se acumulam mostras de que Ciro é um inimigo dos trabalhadores e não uma alternativa favorável a eles. Reunimos aqui uma lista de cinco vezes que o oligarca do Ceará provou isso.

De início, uma bomba pra qualquer trabalhador que cogitava um dia se aposentar:

1. Ciro ajudou Bolsonaro a aprovar a Reforma da Previdência

Em 2019, o pedetista enviou seu principal assessor econômico para se reunir com a equipe de Paulo Guedes e aconselhar na tomada de “iniciativas boas para o país”, já mostrando que Ciro Gomes vê o mundo com os olhos dos patrões que querem que trabalhemos até morrer, e sua oposição ao bolsonarismo só diz respeito ao discurso e não ao programa.

Ele chegou inclusive a reivindicar o modelo de capitalização pretendido por Guedes, implementado pela ditadura de Pinochet no Chile, que levou o país à taxas recorde de suicídio de idosos e que foi um dos principais agravantes do descontentamento social que levou à rebelião aberta em outubro de 2019.

2. Teve como vice a “motosserra de ouro” Kátia Abreu, representante do atraso e do reacionarismo

Apesar de ser reivindicado como “desenvolvimentista”, o programa de Ciro vai na contramão do desenvolvimento e no caminho da subordinação do país ao capital e ao imperialismo. Nas últimas eleições, teve como vice uma das principais lideranças do agronegócio: Kátia Abreu, defensora do que há de mais reacionário na elite brasileira. Sim, o agronegócio que é uma das principais bases do bolsonarismo e que lucra milhões com o desmatamento, o trabalho escravo, os ataques aos indígenas e a desvalorização da moeda.

Ciro (e Kátia Abreu) também se colocam contra uma pauta sensível ao conjunto do movimento de mulheres do mundo inteiro: a legalização do aborto. Ciro disse que legalizar esse direito fundamental das mulheres ao próprio corpo “não é tarefa pra um presidente”, se subordinando ao reacionarismo das igrejas e defendendo que milhares de mulheres sigam morrendo em abortos clandestinos.

3. Foi responsável pelo desmonte da greve dos petroleiros de 1994 e comemorou a repressão violenta

Em uma entrevista no Roda Viva, Ciro disse com orgulho ter sido responsável por desmontar a greve dos petroleiros de 1994, quando era ministro no governo de Itamar Franco. Na entrevista ele conta como desmontou uma luta operária e comemorou com um chopp em meio aos burocratas sindicais. Ele mesmo fala como os petroleiros “apanharam pra cacete” e “foram muito maltratados” do “Fernando Henrique pra cá”. Parte fundamental disso se deve ao papel traidor das lideranças que junto com Ciro sentaram para desmobilizar a greve e da qual ele se orgulha tanto.

Ou seja, em um momento no qual os conflitos operários têm uma enorme importância e se colocam frontalmente contra as privatizações e os ataques aos direitos dos trabalhadores, como o aumento dos combustíveis, está muito claro que um eventual governo Ciro teria “mão de ferro” para reprimir essas lutas.
Na entrevista, ao ser questionado sobre o “endurecimento”, ele complementa afirmando que “o Brasil precisa restaurar a autoridade”. Autoridade dos patrões em seus ataques impiedosos aos que se levantam por direitos sociais.

4. Seu partido foi o responsável pela negligência que levou ao apagão no Amapá e pela repressão à população

Como escrevemos na época, o discurso do PDT de Ciro Gomes contra o Bolsonaro e neoliberalismo cai por terra em cada uma das ações do partido, de seus governantes e parlamentares. A bola da vez era o apagão no Amapá e a repressão desencadeada pelo governador Waldez Góes, do PDT.

Semanas sem energia elétrica, sem água, comida, em uma crise pandêmica absurda, e a política tomada pelo partido de Ciro foi implementar um toque de recolher e reprimir trabalhadores pobres, comunidades indígenas e quilombolas que estavam se manifestando.

5. Após a vitória de Bolsonaro, desejou “um bom trabalho” e que criticar previamente o governo seria apenas ressentimento eleitoral

Para fechar novamente desmentindo que Ciro constitui algum caminho de enfrentamento à extrema-direita, lembramos aqui do seu posicionamento logo após o resultado das eleições manipuladas que levaram Bolsonaro ao poder. Lá em 2018, Ciro novamente mostrou porque é considerado um sujeito bem relacionado, e parabenizou a vitória do reacionário que votou o impeachment de Dilma homenageando o torturador Brilhante Ustra.

Vimos acima que o “bom trabalho” que Ciro desejou à Bolsonaro se tratava das reformas e ataques contra os trabalhadores, algo que ele não apenas desejou que o presidente levasse adiante, como também foi parte ativa de levar à cabo. Além disso, ainda teve a frieza de dizer que qualquer crítica prévia ao governo de Bolsonaro seria mero ressentimento eleitoral, como se já não estivesse dado que esse seria um governo racista, machista, inimigo dos povos indígenas, da juventude e dos trabalhadores.

Nem a frente ampla de Lula, nem uma terceira via da direita: a juventude e os trabalhadores devem apresentar uma saída na luta de classes!

O governo de Bolsonaro e Mourão está envolto em escândalos de corrupção na compra de vacinas e, junto com a direita, tem o sangue de mais de meio milhão de brasileiros mortos pela Covid-19 nas mãos. E junto com a direita golpista do Congresso, o STF e os governadores, um tsunami de ataques vêm sendo aprovados em cima das nossas costas. Os últimos dias de luta mostraram que existe disposição da juventude, dos trabalhadores e dos povos indígenas para se enfrentar contra nossos inimigos, mas não podemos deixar que nossa raiva seja canalizada para as eleições de 2022 ou para uma manobra do mesmo regime que está nos atacando, como é o impeachment que colocaria Mourão no poder.

Por isso é preciso também denunciar que Lula vem construindo uma frente ampla junto com nossos inimigos da direita golpista, como o mesmo Rodrigo Maia que articulou a Reforma da Previdência contra os trabalhadores, e por isso sua candidatura em 2022 também não é uma saída, preservará os ataques econômicos que vêm sendo aplicados por Temer e Bolsonaro desde o golpe de 2016. Nesse sentido, é criminosa a paralisia das centrais sindicais como a CUT e a CTB, que o PT dirige junto com seu satélite PCdoB. Estão dividindo nossa luta e impedindo que os trabalhadores entrem em cena, para transformar toda mobilização em ganho eleitoral.

Também a CPI é uma armadilha para tirar o protagonismo dos que estão tomando as ruas, buscando relegitimar as instituições e os políticos que foram protagonistas do golpe de 2016, da Lava-Jato e da aprovação dos ataques. Como escrevemos em nosso editorial, eles querem fortalecer uma “terceira via” da direita tradicional para as próximas eleições e se lavar da responsabilidade pela crise que ajudaram a criar. Estão juntos com o imperialismo norte-americano em uma estratégia de “máxima pressão de desgaste” sobre Bolsonaro, para que ele perca as eleições enquanto ainda passe novos ataques.

Por isso levantamos que a esquerda que pretende se enfrentar de fato com esse governo de extrema-direita e com os ataques deve deixar de lado a estratégia de aliança com a direita por um impeachment, que é uma armadilha que instrumentaliza nossa luta para a subida de Mourão ao poder, e passar a construir um Comitê Nacional para exigir das direções burocráticas do movimento de massas que construam uma greve geral e um plano de lutas para derrotar o governo e parar os ataques. Nossa classe precisa confiar em sua própria força e nos seus próprios métodos de organização para derrotarmos Bolsonaro, Mourão e todos os golpistas.

Leia mais em: Por um Comitê Nacional para a construção da greve geral contra Bolsonaro e Mourão

 
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