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UFF
Reitoria reafirma que não vai fazer novas chamadas excluindo estudantes de ingressar na UFF com ajuda do DCE
Calvin de Oliveira
Estudante de Geografia da UFF - Niterói
Faísca - UFF
@faiscajuventude
Miguel Gonçalves

Através de vídeo publicado no Instagram oficial da UFF, a Pró-reitora de graduação da UFF reafirmou que não haverão novas chamadas, prejudicando centenas de estudantes que poderiam ingressar em vagas ociosas. O DCE reafirmou em reunião com estudantes que posição da reitoria estaria correta. A Defensoria Pública entrou com ação contra a posição da Universidade.

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Foto retirada do site Fasubra Sindical

A Reitoria da UFF vem se negando a fazer novas chamadas, diferente de anos anteriores e de outras instituições de ensino, a UFF só promoveu duas chamadas para ingresso na faculdade através do SISU 2021.1 enquanto centenas de estudantes seguem sem o direito de ingressar na faculdade.

Não se trata de falta de vagas, em sessão do Conselho Universitário o Reitor Antônio Carlos Nóbrega afirmou que 14% das vagas estavam disponíveis, enquanto tentava justificar que se tratava de uma pequena porcentagem. A Pró-reitora de graduação reafirmou este argumento em vídeo publicado no instagram oficial da UFF dizendo que quase 90% das vagas tinham sido preenchidas. Trata-se de uma justificativa completamente absurda, como se os alunos que não puderam ingressar na faculdade e vão ter que continuar sem estudar por no mínimo 1 semestre fossem menos atingidos porque uma porcentagem conseguiu se inscrever, provando como o ENEM é um grande filtro social para milhares de jovens que por anos tentam sem sucesso ingressar nas faculdades.

Veja também: Mais de 2000 pessoas apoiam a matrícula integral dos 195 cotistas da UFRGS

No mesmo vídeo ainda apresenta-se uma tentativa por parte da Pró-reitora de colocar os estudantes que conseguiram o ingresso contra os que lutam por suas vagas dizendo que novas chamadas implicariam no adiamento das aulas, o que supostamente prejudicaria 30.000 alunos. Um argumento que na realidade não se justifica, em anos anteriores chamadas aconteciam até um mês depois do início das aulas, sem que atrapalhasse em nada o funcionamento da universidade.

Todos os argumentos em que a Reitoria da UFF se apoia são puramente burocráticos e tem como consequência a exclusão de estudantes que deveriam ter o direito de ocupar as vagas ociosas. Ainda mais, se tratando de um período de Ensino Remoto Emergencial (ERE) em que a Reitoria aprovou, junto com o DCE sem nenhum tipo de debate real com os estudantes. Também não garantiu assistência estudantil que realmente suprisse a demanda dos mais precarizados da universidade fazendo com que muitos alunos não conseguissem permanecer na faculdade, aumentando a evasão. Só no curso da Geografia do Campus de Niterói ao menos 25 alunos trancaram suas matrículas.

A mesma Reitoria que tenta transparecer um “ar progressista” é a que demitiu terceirizados em 2019, chegando a dizer que se orgulha dos cortes que conseguiu promover naquele momento, que impôs, como dito acima, o ERE sem garantir assistência estudantil para os alunos em condição precária, que fez parte do comitê científico da cidade de Niterói que tentou no ano de 2020 impor volta às aulas nas escolas sem garantir vacina para os professores em meio a pandemia, e que mais recentemente em “assembleia” promovida pelo DCE para falar sobre os cortes (que na realidade foi uma live sem direito a ampla participação dos estudantes) através do Reitor Antônio Carlos Nóbrega quis minimizar a situação dizendo que se compararmos os cortes da UFF com o da UFRJ, veriamos que os da UFRJ são muito mais prejudiciais para a faculdade, como se tratasse de uma disputa para saber quem está na pior situação (sic).

O DCE e a Reitoria

O DCE da UFF, composto pelo PT, PCdoB e o Levante Popular, os mesmo que dirigem a UNE, não busca unificar todos os estudantes, incluindo os já matriculados, para batalhar contra a Reitoria para garantir a vaga dos estudantes que foram excluídos. Ao deparar- se com uma enxurrada de críticas e denúncias em relação a reitoria, mas também a postura complacente do próprio DCE, este último realizou uma reunião sobre o tema no dia 10/06, na qual as inscrições encerraram 08/06, dois dias antes. Além disso, no chamado colocavam que a reunião era exclusivamente com os estudantes que não conseguiram se inscrever porque, supostamente, vinham identificando que “os contatos realizados conosco tinham nítida intermediação de agentes que não são sujeitos dessa movimentação”. O que de fato ocorreu, foi que frente às denúncias da postura da Reitoria, o DCE em seu instagram respondia que a “Universidade Federal Fluminense é reconhecida pela transparência e inclusão, e nossa cobrança (como consta no ofício) é para que sejam disponibilizados todos os dados relativos às chamadas do SISU (taxa de ocupação, vaga ociosa, etc) para ser esclarecido à comunidade acadêmica e aos vestibulandos(as), resguardando o direito à transparência e acesso públicos!”, levando alunos a procurarem outro meio de pressionar tanto o DCE a agir, quanto a Reitoria por novas chamadas, através de denúncias como a de uma aluna que publicamos aqui.

Na reunião, o DCE reafirmou a posição da Reitoria mas por pressão dos estudantes, colocou que na próxima reunião do CEPEX vai colocar em votação a abertura de uma nova chamada. Enquanto isso, os estudantes que reivindicam sua vaga conseguiram um juízo da Defensoria Pública para que haja o preenchimento das vagas..

O papel de uma entidade estudantil, como o DCE, deveria se colocar como entidade que luta pelo direito de todos os estudantes, ainda mais se tratando do direito elementar de ingressar na faculdade, mas acaba cumprindo papel de ser um “satélite” da Reitoria que intermedia a relação com os alunos. Como dito acima, em assembleia para discutir a atuação dos estudantes frente aos cortes, o DCE restringiu a participação dos alunos através de um link de inscrição com número de vagas muito limitado, além de garantir mais tempo de fala para o Reitor do que para qualquer outro aluno.

Massificar a luta do 19J com esses métodos?

O DCE junto com a UNE vem convocando os estudantes para o dia 19J, mas invés de espaços democráticos da UFF, como uma assembleia geral dos estudantes, a direção da UNE preferiu fazer uma plenária nacional, onde só falaram direções, bem parecida com a assembleia da UFF com reitor para preparar o dia 29M, a qual nos referimos aqui. É preciso encarar a política do DCE junto com a direção da UNE como uma parte de uma decisão de não massificar os atos do dia 19J e nem unificar com outros setores, como a classe trabalhadora. O PT antes do 29M tentou desmobilizar explicitamente os atos. A UNE também é dirigida pelos partidos das centrais sindicais como a CUT e CTB, que marcaram um dia de luta no dia 18, separando a luta da juventude com a da classe trabalhadora.

Saiba mais: Novas manifestações dia 19J: como evitar que sejam inofensivas como querem as direções burocráticas?

Invés de apostar nas nossas forças para derrotar Bolsonaro e os que o deixam governar, impulsionando assembleias de base pelo país onde os estudantes tenham direito a voz e voto e possam se convencer ainda mais da necessidade de ir às ruas contra esse governo certamente chamado de genocida. A direção da UNE deixou passar mais de 1 semana depois do 29M sem nenhuma assembleia pelo país e mantém uma política de pôr as fichas em 2022 e na figura do Lula.

Por isso nós da Faísca, fazemos a exigência a UNE e ao DCE da UFF que se realizem assembleias com direito à voz e voto, que possam massificar o dia 19J mas que também possam ser o pontapé para um comando nacional de delegados, que eleitos desde a base possam decidir muito mais democraticamente os rumos da luta. A Oposição de Esquerda da UNE(Afronte, Juntos, Correnteza, Vamos a Luta e UJC) tem que dar exemplo organizando também os estudantes nos DCE’s que dirige e com seu peso superestrutural contra a política de desmobilização da majoritária e não repetindo o erro da Assembleia Povo Geral na Rua contra Bolsonaro onde de novo só as direções tiveram espaço de fala.

A luta contra Bolsonaro no dia 19J, não só contra os cortes mas também contra a miséria, a fome, por vacina para todos e emprego, tem que servir também para questionar de fundo a que servem a universidades, questionando o filtro social e racial impedindo que os filhos da classe trabalhadora tenham acesso à educação. Lutamos por uma universidade à serviço da classe trabalhadora, com amplo financiamento de pesquisa e permanência estudantil, taxando as grandes fortunas e levantando o não pagamento da dívida pública, um verdadeiro bolsa-banqueiro.

Leia mais: 5 pontos para potencializar a mobilização com a força do 29M

 
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