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POLÊMICA
Marcelo Freixo vai para o PSB golpista e quer alianças com Paes, FHC, Maia e bancada da bala
Carolina Cacau
Professora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

Já são quase 500 mil mortes por COVID, a população sofre com o desemprego, a fome e a violência policial. Bolsonaro segue sua política negacionista e junto com o Centrão, o Congresso e o STF avançam na agenda de ataques e privatizações junto com o governo. Enquanto isso, a reabilitação dos direitos políticos de Lula acelerou os ritmos do giro à direita sem limites de Marcelo Freixo, assumindo a dianteira do desespero eleitoralista que permeia todo o PSOL, que já está totalmente cruzado pela agenda eleitoral.

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Todos dizem que “não dá pra esperar 2022”, mas o que eles antecipam não é alguma luta para responder à grave situação do país, mas um giro de negociatas e campanhas eleitorais. Junto com todos os demais atores do regime político, Marcelo Freixo quer canalizar o descontentamento da população pela falida via institucional e sai do PSOL para ir até o final na sua estratégia de conciliação de classes e alianças com partidos burgueses e golpistas, buscando aliados que são algozes dos trabalhadores, como Eduardo Paes, Rodrigo Maia, FHC. Recentemente declarou em entrevista ao Lado B que está conversando até com a bancada da bala de São Paulo e com a bancada evangélica porque tem “pontos de acordo até com eles”.

Apesar do PSOL já ter transformado alianças com partidos burgueses e golpistas (como o PSB, PDT e REDE, que foram parte do arco de alianças em diversas cidades em 2020) em norma, Marcelo Freixo quer ir além e foi para o PSB, um partido que já foi até de Paulo Skaf, empresário bolsonarista de primeira linha, faz parte dos que apoiaram a reforma da previdência e diversos outros ataques como a recente privatização da Eletrobras. Seguindo a linha de Skaf, Marcelo Freixo contratou o marqueteiro do “pato da FIESP” e de Sergio Cabral para sua campanha para governador. Não faltam personagens bizarros da direita e denúncias a este partido, que foi abertamente golpista e votou orgulhosamente a favor do impeachment em 2016 junto com Bolsonaro. Foi justamente num estado governado pelo PSB, Pernambuco, que foi brutalmente reprimido o 29M e duas pessoas perderam a visão.

Marcelo Freixo dá outro giro também em relação a Lula e a Lava Jato. Antes de o The Intercept denunciar o que já era óbvio com a Vaza Jato, (nós do Esquerda Diário já tínhamos denunciado antes seu caráter político e pró imperialista), Freixo era um entusiasta dessas operações como parte de se apresentar como “ético” e “contra a corrupção”. Ele já declarou também em 2018 que “a pauta não pode mais ser o Lula livre”, mas agora quer ser aliado de Lula porque este recuperou seus direitos políticos, enquanto a Lava Jato entrou em decadência e este tem alta popularidade. Freixo diz abertamente que negociava também com o PDT, mas preferiu o PSB porque os anseios de Ciro Gomes de disputar a base bolsonarista e anti-petista dificultariam um acordo com Lula. Ou seja, não se trata de algum problema de princípios de qualquer tipo, inclusive porque o PDT também está prestando apoio a diversos ataques como o PSB, bem como a REDE golpista.

Assim como Lula nacionalmente, Marcelo Freixo quer disputar as eleições para governador do Rio em 2022 em alianças com todos que “não sejam bolsonaristas”, vendendo isso como uma saída. Mas este é o caminho para abrir ainda mais espaço para a direita, relegitimando os golpistas de ontem que ajudaram na ascensão de Bolsonaro.

Para sua campanha para governador, Marcelo Freixo busca apoio de representantes políticos da burguesia que são pilares da crise estrutural do Rio, como Eduardo Paes. O atual prefeito do Rio recentemente mudou para o PSD e antes era do MDB de Eduardo Cunha, Michel Temer e de todos os que Marcelo Freixo em anos anteriores chamava de “máfia”. Paes foi prefeito pelo MDB durante oito anos, com um legado de milhares de remoções, de apoio às milícias, obras superfaturadas para os megaeventos, demissões e ataques aos garis da COMLURB, violência contra os negros e pobres, projeto que agora segue após sua eleição, deixou centenas de terceirizadas sem salários e uma reforma da previdência municipal. Paes não era e nem nunca foi oposição a Bolsonaro, se cala frente às barbaridades do presidente, porque está disposto a se aliar a quem for para seguir representando os interesses da burguesia.

Rodrigo Maia, outro aliado que Freixo busca porque seria um “democrata”, votou em Bolsonaro em 2018 e foi o grande articulador de um dos maiores ataques à classe trabalhadora que foi a reforma da previdência e diversos outros. O DEM de Rodrigo Maia é o ex PFL, partido dos apoiadores da ditadura do ARENA.

Marcelo Freixo também quer apoio de FHC, como mostra entrevista dessa sexta-feira na Veja. Seu “programa de segurança pública” vai ser elaborado pelo ex-ministro de Michel Temer, o golpista Raul Jungmann, que dirigiu a intervenção federal no Rio de Janeiro. Nessa mesma entrevista, Freixo diz que o que precisa pra as forças de repressão do Estado é “valorização da polícia, com um plano de cargos e salários e investimento em formação”. Nada estranho pra quem há anos defende programas utópicos e reacionários, como a humanização das polícias, sempre igualando a brutal violência policial sofrida pelos negros e pobres, por parte do Estado, aos policiais que morrem. No Rio de Janeiro, mais de 60% da cidade está em áreas de milícias, onde as disputas com o tráfico de drogas são permanentes e o Estado organiza o crime organizado, através de seus policiais e políticos eleitos. São problemas cuja saída não tem como passar por fora de uma forte organização da classe trabalhadora em seus locais de trabalho e estudo e na luta de classes. Mas Marcelo Freixo fala de conversas com a Bancada da Bala (ver na entrevista linkada acima do podcast Lado B), de pontos em comum acordo, reuniões com delegados e policiais. Todos esses estão do outro lado da barricada, são os mesmos que defendem Chacinas como a do Jacarezinho.

Essas são os aliados de Freixo para a “refundação do Rio”. Para ele a estratégia para combater o “fascista Bolsonaro” é se aliar com golpistas descarados, que além de tudo são base de apoio do governo Bolsonaro no Congresso em praticamente todas as suas reformas (previdência, trabalhista, e a lei do teto de gastos). Estão todos unificados nas privatizações e ataques.

Mas Marcelo Freixo não fala de programa econômico sequer, finge que tudo se resume numa disputa entre “fascistas” x “democratas”, nada mais funcional para fazer alianças com neoliberais e fazer um governo do Rio que possa se ligar ao grande capital e fazer ajustes contra os trabalhadores. Quer conformar uma aliança de governo onde seja normal fazer como faz agora Edmilson Rodrigues do PSOL com sua reforma da previdência e arrocho salarial em Belém, que governa com uma aliança que, para as intenções de Marcelo Freixo, ainda é pouca concessão para a direita. Marcelo Freixo pretende fazer a aliança “que for necessária” para vencer as eleições, mas isso já está demonstrado, na história passada e recente, que esses governos “progressistas” que se aliam com a “direita não fascista”, frente à crise econômica, atacam os trabalhadores e o povo e abrem espaço para a direita se fortalecer ainda mais depois da frustração com os ditos “governos progressistas”. Foi assim no Syriza na Grécia, com o Podemos no Estado Espanhol, para citar os exemplos mais recentes.

Esse é o caminho que Marcelo Freixo quer traçar e não merece nenhum apoio dos trabalhadores e da esquerda. É necessário batalhar por uma perspectiva de luta de classes e independência de classe. Nós do MRT e do Esquerda Diário batalhamos por outro tipo de unidade que não é com direitistas e golpitas, mas da classe trabalhadora, junto ao movimento estudantil e os movimentos sociais pra lutar. Chamamos a batalhar conosco por isso, que recentemente sintetizamos nessa nota com as tarefas fundamentais do momento.

 
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