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UFRGS
"Depois de 3 anos na UFRGS, fui expulsa": relatos de cotistas desligadas por Bulhões
Redação

Na semana passada, quarta-feira (02) o reitor interventor de Bolsonaro, Carlos Bulhões, indeferiu a matricula provisória de mais de 190 estudantes, acarretando no desligamento da matrícula desses estudantes da UFRGS. Isso é um profundo ataque às cotas e deixa claro os planos de Bolsonaro e seus interventores para as universidades. Veja o relato de duas estudantes que foram desligadas.

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Manifestantes protestam contra mudanças no sistema de verificação das cotas raciais, na UFRGS. (Foto: Carla Zanella Souza/Arquivo pessoal)

Nessa segunda-feira (07), aconteceu um ato chamado pelo DCE, em frente à reitoria da UFRGS no centro de Porto Alegre, contra a matrícula precária e os desligamentos de estudantes durante a pandemia. Nós da Juventude Faísca e Esquerda Diário estivemos lá, colocando a necessidade de defender a matrícula integral e imediata para todos estudantes, se enfrentando contra os planos de Bulhões que vem servindo como corrente de transmissão dos cortes de Bolsonaro na nossa universidade e que agora, junto da burocracia acadêmica, fecha a porta para 195 estudantes, muitos com mais de 2 anos na universidade e que tiravam parte do seu sustento das bolsas permanência. Esse ataque está a serviço de um projeto de universidade cada vez mais elitista e restrita aos filhos da classe trabalhadora, servindo apenas aos interesses dos grandes capitalistas e não da maioria trabalhadora. Um abaixo-assinado feito por estudantes da psicologia da UFRGS vem sendo fundamental para tornar a situação cada vez mais pública, chegando a mais de 2 mil assinaturas. Assine o abaixo-assinado aqui.

O Esquerda Diário recebeu denuncias da situação absurda de duas estudantes que estão sendo expulsas da universidade, uma do curso de História da Arte e outra do curso de Pedagogia. Ambas são estagiárias na área de seu curso e possuíam uma bolsa na universidade. Confira os relatos transcritos a baixo:

Estudante do curso de História da Arte:

"Eu ingressei na faculdade pelo vestibular em 2018 e estou com a matricula precária desde o segundo semestre de 2018. Foi necessário um processo judicial coletivo para que minha matricula precária fosse realizada e desde então eu fiquei aguardado o movimento do processo no Portal do Aluno UFRGS. Quando eu fiz a matrícula precária em 2018 eu fui informada pelo núcleo acadêmico da universidade que eu seria avisada através de um documento via e-mail sobre qualquer alteração ou solicitação, porém isso nunca aconteceu, a não ser pelo Portal do Candidato solicitando a minha Carteira de Trabalho. Eu não vi porque eu estava, conforme fui orientada, aguardando ser notificada por e-mail essa solicitação e por isso não respondi a ela, o que gerou o indeferimento e a movimentação da universidade para o meu desligamento. Quando eu fui notificada sobre isso, na verdade, eu mesma entrei no Portal do Candidato para verificar, confiando que seria avisada por e-mail sobre qualquer problema, pois muitos colegas com matrícula precária estavam com movimentação nos seus processos. Ao verificar percebi que estava indeferida e que minha vaga seria cancelada. "Corri atrás" de todo mundo que poderia me ajudar nesse sentido, e com o documento em mãos que informava que eu seria notificada por e-mail entrei com processo administrativo contra a universidade. Pensava: se eles me dizem que eu vou ser informada por e-mail e eu nunca fui informada, eles não podem me desligar da minha vaga! Eu tenho que ter o direito de enviar as documentações necessárias e para que minha matricula seja efetivada. Entrei com o processo administrativo em maio de 2019 e desde então ele segue como corrente no Portal do Aluno que é onde meu caso se encaminha agora. Fui notificada ontem, domingo (06), que meu nome estava na lista dos desligamentos. Eu sou estudante, estagiária, bolsista de iniciação cientifica, tiro parte do meu sustento daí. Eu usufrui desde 2018 até 2021 dos auxílios da universidade, fui muito persistente em toda a minha participação acadêmica e não é justo, inclusive com o dinheiro público investido em cada uma dessas vagas, não é justo que eu seja desligada agora."

Estudante de Pedagogia:

"Eu entrei em 2018/2 (segundo semestre) e até então estou com a matricula provisória, matricula precária. Eu tive um problema com a minha documentação porque faltou declarar dois bancos que minha mãe possuía conta e um banco meu. Faltou a documentação do meu pai também. Quando eu enviei a documentação a primeira vez, eu declarei em um documento fornecido pela universidade e com minha assinatura que não iria declarar meu pai, pois ele nunca me ajudou financeiramente e não tenho contato com ele. Mas quando minha documentação não foi homologada, apareceu que faltavam os documentos do meu pai. Como o prazo de recurso são 3 dias, tive que "correr atrás". Foi horrível ir atrás do meu pai, pois não tínhamos contato, no entanto, eu sabia que se eu não conseguisse eu perderia minha vaga. Na hora de enviar a documentação, meu pai levou o que faltava e já era 19h da noite do ultimo dia. Começou uma maratona para escanear todos os documentos e mandar, isso já faltando cerca de 10 minutos para meia noite. Quando eu fui enviar os documentos, abriu uma página onde tinha que relatar todos os gastos naquele ano, declarando gastos com passagem por exemplo. É óbvio que eu não conseguiria enviar e então eu fui ao DCE para que me ajudassem. Me informaram que eu teria que ir para o Protocolo Geral da UFRGS e protocolar a documentação para provar que eu tinha conseguido todos os documentos, mas que houve problema com o tempo. Enviei tudo em setembro de 2019 e até hoje não tenho nenhum comentário, só aparece que o processo é corrente, não aparece nada no Portal do Aluno, apenas o desligamento. Eu tenho um estágio, sou bolsista da universidade e agora na pandemia a universidade está me ajudando a pagar as contas com o Beneficio PRAE, pois eu sou cotista de baixa renda. O problema foi na cota socioeconômica, tinha também um problema na de egresso de escola pública por causa de uma única palavra, mas consegui regularizar essa. Restou essa da socioeconômica com relação ao meu pai e minha mãe, mas eu mandei tudo para a universidade. Consegui tudo para comprovar que eu tinha direito aquela vaga e que não estava fraudando, mas na hora de enviar não teve tempo. 3 dias para conseguir a documentação de uma pessoa que tu não fala. Se eu tivesse condições eu estaria formada em uma universidade particular, mesmo assim paguei para fazer com dinheiro do meu trabalho e entrei na UFRGS para acontecer isso. 3 anos depois, ser expulsa da universidade."

Nós do Esquerda Diário nos solidarizamos com cada uma dessas estudantes, assim como com os mais de 190 estudantes expulsos da UFRGS. É preciso se enfrentar contra esse ataque, levantando a necessidade de matrícula imediata já para todos os estudantes que foram desligados e para aqueles que ainda estão com matrícula precária. Essa luta precisa ser articulada com a luta contra os cortes, a Teto de Gasto, reformas e privatizações, assim como a luta contra o Bolsonaro, Mourão e o conjunto desse regime golpista que quer elitizar e privatizar nossas universidades públicas. O DCE da UFRGS precisa levantar uma forte campanha pela matrícula integral dos estudantes expulsos, assim como também chamar uma assembleia geral aberta à comunidade para construir o dia 19/06 e a luta contra os indeferimentos e ataque as cotas.

Leia mais em: Contra a expulsão dos 195! Lutemos em defesa das cotas e por uma UFRGS a serviço dos trabalhadores

 
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