Roberto Naves prefeito de Anápolis e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
Fonte: Goiás em tempo
O relato de uma professora da Educação Básica viralizou no município goiano de Anápolis na última semana, nele podemos constatar as condições precárias de trabalho das pedagogas, desde o início do ensino remoto em 2020, mas também de todos os ataques que a categoria vem sofrendo nos últimos anos, em razão das inúmeras reformas impostas aos trabalhadores pelo regime golpista que tem Jair Bolsonaro, Mourão e militares à frente.
No relato, a pedagoga narra a rotina do “Professor Público em Anápolis”, pois os professores não mais se pertencem, já acordam esperando a novidade da Secretaria de Educação do Município para o dia, pois são várias desde a implantação do home office. Vemos em seguida, a primeira denúncia - fora a da precarização do trabalho como um todo - há três anos que os trabalhadores da Educação em Anápolis, não têm reajuste salarial “leia-se reajuste, não aumento”, completa a professora. Mas, os serviços, não congelaram como os salários da categoria, ao contrário, aumentaram, e muito!
A professora dá conta, que os profissionais tiveram que se virar para se tornarem youtubers, pois todas as aulas seriam on-line. Uma das principais ressalvas apresentadas, se dá justamente na falta de acesso de vários estudantes à esse tipo de aula. Dessa forma, a resposta da secretaria de educação, se deu em jogar a responsabilidade para os gestores das unidades escolares, e em muitos casos as próprias professoras, para se viraram para os alunos terem acesso às atividades propostas. Em seguida, a professora destaca o quanto os educadores tiveram que aprender nesses meses de pandemia, desembolsando do próprio bolso - desfalcando sem os reajustes - recursos para a aquisição de equipamentos, ou mesmo se endividando para isso. “- Como mágica, seus celulares K10 vão aguentar!” Ela diz. Algo que objetivamente, tendo dezenas até centenas de alunos é impensável, por estar recebendo, vídeos e fotos, todas as horas e dias da semana.
Não bastasse a rotina de youtuber - com vídeos de no máximo 15 minutos contendo: faz de conta, Contagem de história, Alfabeto, Numerais, Psicomotricidade, Música, Formas Geométricas, Como está o tempo hoje, lateralidade, brincadeiras. E para as crianças de 4 a 6 anos, nem folhas devem ser enviadas, deve-se estabelecer uma metodologia mágica na realidade paralela que a secretaria de educação de Anápolis - não somente nela, mas em todo o país - preparou. Além disso, o acompanhamento de materiais recebidos em massa, como também lhes exigiram além do planejamento quinzenal - que em Anápolis é obrigatoriamente bastante detalhado -, que todos os vídeos e as atividades fossem enviados com os mesmos 15 dias de antecedência.
Para completar, a fim de cortar gastos - pois essa é ordem geral do regime golpista que governadores e prefeitos seguem em todo o país obstinadamente, inclusive em governos de esquerda, como podemos acompanhar através da reforma da previdência e congelamento salarial que o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues do PSOL quer aprovar - as professoras dos CMEI’s deverão completar a carga horária em duas escolas, pegando aulas nos 4º e 5º Anos do Ensino Fundamental Fase I, obrigando às professoras destas turmas, à pegaram aulas em outras turmas, assim, aumentando ainda mais a carga de trabalho das profissionais e evitando que o cadastro de reserva do último concurso público para as pedagogas em Anápolis, seja convocado.
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Roberto Naves, segue sem nenhuma surpresa a linha que a educação estadual de Ronaldo Caiado (DEM) apresenta, sem concursos, retirada de direitos, nenhum reajuste para os profissionais efetivos, afinal é lucrativo. No último mês, a Assembleia Legislativa de Goiás, aprovou o absurdo projeto que corta a remuneração automática de complementação de carga horária para professores. A partir de 2022, os professores efetivos serão obrigados a fazer um processo seletivo, caso queiram pegar carga máxima de aulas.
E a pergunta que fica: Onde estão os sindicatos? Ainda em quarentena, e apostando as suas fichas de combate contra os golpistas no Judiciário que também é parte deste regime podre. O SINTEGO (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás, filiado à CUT) entrou mais uma vez com ações na justiça para reaver o pagamento por horas extras e o SINPMA (Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Ensino de Anápolis, filiado à CTB) se reuniu com o secretário da Economia do município para discutir a respeito do reajuste salarial dos professores municipais. Ações que caracterizam o total distanciamento dessas entidades com os trabalhadores, que podem ser a força necessária para arrancar de Caiado e Naves as reivindicações não somente dos professores, mas todas as demandas mais urgentes da nossa classe de conjunto.
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O exemplo das marchas do 29M, demonstram que há o fôlego na juventude, trabalhadores e no povo pobre, para enfrentar os ataques dos golpistas para que sejam os capitalistas a pagarem pela crise. A união da juventude e da classe trabalhadora através das Assembleias de base, junto a paralisações convocadas pelas centrais são os primeiros passos para derrubar esses ataques. Não é através de mecanismos da justiça golpista e muito menos na crença de saídas institucionais através das eleições em 2022, que poderemos derrotar os nossos inimigos.
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