Almoço e vou para o trabalho. Chego na empresa, passo pela portaria e caminho até o vestiário. Cumprimento meus companheiros de trabalho, a maioria jovens, negros e nordestinos. Coloco o uniforme, os EPIs e vou para o galpão aonde trabalhamos numa empresa terceirizada que presta serviços para uma multinacional com sede em Nova York.
Todos os dias carregamos e descarregamos dezenas de caminhões e carretas num ritmo alucinado. Oito horas por dia carregando caixas de 15, 20, 30 quilos. Não tem descanso. Sai um caminhão e logo em seguida chega outro. Muita correria e o chefe passeia fazendo a inspeção.
O corpo cansado busca alívio. Mas não tem alívio no reino da terceirização. Escostar um minuto pode resultar numa advertência ou num esculacho do chefe.
São 8 horas de trabalho pesado sem segurança. Já vi companheiro quebrar braço, desmaiar com mercadoria nas costas etc. Muito trabalho e muitos riscos para no final do mês receber um salario mínino, fora os descontos.
Lembro de uma vez que estava descarregando uma carreta e o chefe veio trazer o holerite. Eu parei um instante e quando vi o valor bateu um desespero muito grande. Já sabia da miséria, mas naquele dia fiquei muito abatido, senti tristeza e revolta por saber que trabalho feito um condenado e recebo menos ainda porque a empresa terceirizada fica com uma parte do dinheiro pago pela multinacional.
Sem falar na separação que a terceirização causa entre os próprios trabalhadores, pois existe uma divisão entre terceirizados e os trabalhadores efetivos, divisão que enfraquece a luta e só favorece o patrão.
Trabalhar numa terceirizada é trabalhar sem direitos e sem sindicato, pois nem todo sindicato defende os trabalhadores terceirizados que são tratados como invisíveis dentro das empresas.
Basta de terceirização!
Efetivação de todos terceirizados!
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