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RACISMO E CAPITALISMO
“O trabalho doméstico é mesmo uma herança viva da escravidão”, afirma trabalhadora doméstica
Redação

“O trabalho doméstico é mesmo uma herança viva da escravidão! Conversando com uma companheira de trabalho ela relatou que há 6 anos atrás ela trabalhava para uma família que foi dona de escravos e que os funcionários (ainda hoje) eram tratados igual”, relata Andreia Pires, trabalhadora doméstica.

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Fotografia: Zanele Muholi

Ontem, completaram-se 133 anos da abolição da escravidão. Entretanto, o último país do mundo a declarar liberdade aos negros e negras escravizados mostra até os dias de hoje que esse passado não é nada distante e suas heranças seguem vivas no racismo, que aparece das mais diversas formas, inclusive no trabalho doméstico.
É o que relata Andreia Pires, empregada doméstica e parte do grupo de mulheres Pão e Rosas:

“O trabalho doméstico é mesmo uma herança viva da escravidão! Conversando com uma companheira de trabalho ela relatou que há 6 anos atrás ela trabalhava para uma família que foi dona de escravos e que os funcionários (ainda hoje) eram tratados igual! Ela sofreu todo tipo de humilhações: pouca comida, salário de miséria, 16 horas de trabalho e - detalhe! - ela só trabalhava lá porque é branca, pois essa família racista não aceitava negros na residência! Eu conversei com essa trabalhadora há pouco mais de uma semana! E pensar que tem muitas domésticas que vivem aguentando esse tipo de tratamento escravo (por precisar, por não saber a sua grande importância etc). É escandaloso e triste!”.

O Brasil é o país com a maior população de empregadas domésticas do mundo, um verdadeiro batalhão de 6,5 milhões de pessoas, uma esmagadora maioria de mulheres negras. Como Andreia afirma, isso é diretamente uma herança da escravidão, afinal, dentre os inúmeros serviços que os escravizados exerciam no Brasil pouco mais de um século atrás, pelo menos 41,5% da população escrava da Corte realizava diversos tipos de trabalho doméstico (em sua esmagadora maioria mulheres negras escravas e livres). Mulheres que sofriam todo tipo de maus tratos, assédios e uma prática cotidiana de estupros, realidade que infelizmente ainda é sentida por muitas trabalhadoras domésticas.

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A escravidão foi abolida, entretanto suas raízes racistas continuam firmes, afinal esta opressão serve de alimento para o sistema econômico de injustiças e desigualdades em que vivemos, que é o capitalismo. Um sistema que se mantém da exploração do trabalho e do rebaixamento salarial das trabalhadoras negras, que ganham 60% a menos que homens brancos.

Mas enquanto houver racismo, haverá luta, pois as negras e negros nunca baixaram a cabeça para essa realidade. E como afirma Andreia, “O que fica claro é que as trabalhadoras precisam se unir para mudar tudo isso! A escravidão continua muito forte no trabalho doméstico e ela só vai acabar com a conscientização das massas, quando o trabalhador entender que somos nós que fazemos e produzimos tudo neste mundo!”

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